domingo, 18 de julho de 2010

RAIVA

Carla116


Em nono alguém me disse que o Gustavo já houvera morado ali, que ele estava com raiva e queria mesmo era me matar. Na vida real tenho um primo com esse nome, mas há anos não temos contato nenhum (imagino que o Gustavo do sonho seja uma figura misteriosa e interna minha que nada tenha a ver com meu primo).

Para saber se teria ou não a ver, seria necessário avaliar quem é esse primo, o que ele representou ou representa e procurar o que ele tem  de identidade e diferenças com você que se mostre significativo.

Se ele morou, significa que não mora mais. Mas ressalve-se a Raiva e a intenção de matar. A raiva indica energia que precisa ser trabalhada, principalmente, na intensidade de matar. Neste caso é conteúdo de origem masculina que precisa ser integrado, disciplinado e aplicado positivamente no seu dia a dia.

Em sonhos anteriores localizei conteúdos que funcionam determinando boicotes em sua vida. O sonho fala em uma representação, conteúdo, que possui uma relação negativa com você, a ponto de querer matá-la. Se pensarmos, que esse assassinato possa ser simbólico, poderia significar matar o pior de você, ou o melhor de você.

Se ele quer matar o pior os sinais são auspiciosos. Se eles quer acabar com o seu melhor ele realmente funciona com um núcleo dissociado, um fragmento que interfere boicotando seu desenvolvimento.

Olha que interessante: O nome Gustavo significa bastão de combate ou cetro do rei e indica uma pessoa impetuosa e tão segura de si que às vezes pode parecer arrogante. E ele morava na sua casa. Hoje é sem casa, sem teto, mas pode continuar a agir já que tem energia acumulada para sentir raiva e querer seu aniquilamento.

Possivelmente é um conteúdo que está associado ao seu lado competitivo, impulsivo, prepotente e arrogante.

Para concluir: Se essas associações fizerem sentido e se estiverem corretas, possivelmente, quando você aciona ou se permite ser dominada por pulsões que a levam a comportamento de arrogância, presunção, prepotência, orgulho, competição, você mobiliza em si conteúdos destrutivos, reativos, impulsivos que a descompensam impedindo-a de circular de forma mais harmoniosa pelo mundo.

Para muitos este tipo de atitude pode representar pouco em suas vidas, mas dependendo da natureza e da sensibilidade do sujeito, pode representar um desgaste significativo que os impeça de prosseguir em seus projetos de forma construtiva. Reflita

sábado, 17 de julho de 2010

TERRA MATRIS DEI

Carla115


Em oitavo eu fui para perto de minha mãe e avó e perguntei algo sobre Tupaciguara (não tenho certeza se era essa cidade). Minha avó comentou que era a segunda cidade que ela mais gostava, pois ao menos na época dela, era uma cidade rural com muitas fazendas. Na vida real minha avó nem se quer conhece Tupaciguara. Não sei por qual motivo fui lhe perguntar sobre tal cidade, mas era como se algo do meu passado estivesse relacionado ao assunto.

Você pergunta para a Mãe da Mãe, e veja só Tupaciguara é considerada a "TERRA MATRIS DEI", Terra da Mãe de Deus. Naturalmente o nome registrado no inconsciente salta e chama-lhe a atenção para o significado, focaliza sua atenção.


Terra da Mãe de Deus pode ser referência à Terra Santa. Se for sonho pessoal pode ser referência à relação com a religiosidade ou com a proximidade à  terra santa. Se coletivo, pode fazer referência ao Campo Santo associado à avó.

Terra é a matriz, representa a mãe, simboliza a fecundidade e a regeneração, nosso pouso, nosso elemento, fonte de nosso alimento. É a perfeição passiva fecundada  pela ação do principio ativo. É o pó em que nos transformaremos... De onde viemos e para onde nosso corpo irá para ser transformado.

Símbolo do consciente, dos desejos terrenos, das nossas possibilidades de sublimação e de perversão, no sentido de transgressão, transformar no rumo oposto, na oposição. É o espaço de nossas vidas, o lugar dos conflitos e das batalhas, dos embates, fracassos e vitórias do ser humano. Nossa casa, nossa estação de parada, na viagem cósmica de nossas vidas.

Terra é representação do princípio de realidade, do sustento, pés no chão, do presente e chamada para essa realidade onde mora a vida. Neste aspecto contrapõe o ilusório, o imaginaria, a idealização e o aéreo, o suspenso, o etéreo.
Eu não sei a quantidade de terra na sua vida, mas se o inconsciente te foca nela, resta a questão, Está faltando este principio, este elemento em sua vida?   

sexta-feira, 16 de julho de 2010

CONTATO VISUAL E BEIJOS


Carla114
Em sétimo eu estava num local que não sei dizer o que era. Eu estava no andar superior estilo pé direito e de lá podia ver o segurança que sentado estava na porta de entrada principal. Parecíamos muito amigos. Mandei-lhe um beijo e ele devolveu-me outro. Ficamos um breve tempo na brincadeira de conversar por mímica a distância, até que tive de ir cumprir minhas obrigações e retirei-me do local. Interessante que esse segurança era o ator Lincoln Tornado, que possui a mesma idade minha e está fazendo o personagem Ezequiel na novela das seis horas, cujo papel é exatamente de segurança.

Você satisfaz o desejo de tê-lo como seu segurança, seu herói e protetor sob o seu comando. Ou essa representação de Ezequiel é apenas um chamariz que prende sua atenção e sua seletividade lhe empurrando para o alvo do sonho, o foco, o alerta da defesa que se lhe impõe a troca de carícias à distância.

Pensando a dinâmica: A relação vivida é até certo ponto infantil e lúdica. Você se mantém num nível superior à figura masculina ainda que ele represente sua proteção e segurança. Há avanços, pois se no passado a relação era de ameaça, hoje é de proteção.

A imagem lembra-me jogos de sedução ainda que infantis. Você realiza o jogo de sedução, ou jogo erótico, mas se mantém à uma certa distância, preservando a margem de segurança, e proteção.

Mesmo que ele represente a sua “segurança”, essa segurança pode estar associada à defesa mantida pelo distanciamento.

O artifício é utilizado por pessoas que não querem se expor. Ao longe sinalizam envolvimento, mas não permitem a proximidade, por medo de exposição ou de envolvimento emocional que as tirem e seus “controles”. Mantêm vínculos afetivos platônicos, idealizados, relações que não se realizam ou ficam apenas nos jogos de sedução, típico de adolescentes.

Mas o envolvimento sinaliza uma dinâmica de  maturação significativa no seu processo de desenvolvimento:

 O estabelecimento de uma conexão com o masculino em evolução. As relações corporais são relações primarias que evoluem para a conversação, o diálogo elaborado e codificado através de simbolos e signos. Inicialmente os contatos são visuais ou envolvem o universo sensorial (cheiros, estética, quimica, energia de corpo, sons, etc.)  para em seguida estabelecer-se a conexão verbal.
Lembremos; o primeiro contato do bebe com a mãe se faz através do olhar, depois pelo toque das mãos e de lábios com seios, o reconhecimento do cheiro, e de voz.
No sonho o contato é visual e labial, tendendo a evoluir para a conversação. O diálogo acontece com a proximidade, no limite das condições físicas ou através de apoio instrumental, tecnológico. De qualquer forma é sinal de amadurecimento do desenvolvimento.


DANÇA E CIUME


Carla113


Em sexto eu estava procurando um terreiro de Umbanda por umas vilas. Eu parecia tranquila com o pessoal desconhecido. Estava de noite e a claridade das luzes eram fracas, mas ainda assim pude notar a beleza dos moços e homens morenos e negros. Nisso fui informada de que o terreiro era ali mesmo e que logo começariam a trabalhar. Fiquei esperando e de fato não demorou, mas antes houve uma espécie de dança teatral um pouco exagerada. Era uma cena sobre ciúmes. De um lado havia um casal dançando e bailavam com tanta velocidade que começaram a derrubar os copos e algumas coisas de comer que estavam numa mesa no centro do local. Parece que eles esbarravam na mesa de propósito. Do outro lado da mesa chegou um rapaz numa moto e ele acelerava muito para demonstrar seu ciúme. Achei aquela encenação bastante carregada e não entendia, pois parecia muito real como se não fosse apenas um mero teatrinho dançante.

Existe um “intento”, voltado para o ritual religioso, para o trabalho religioso. A pré ocupação, O FOCO  está voltado para localizar o lugar no espaço onde a intenção se realiza. A atenção aprendida você é lançada  noalvo do sonho:

E neste momento ocorre o imprevisível, a dança, o movimento desconstrutivo, impulsivo, caótico, destrutivo. O embate, a competição.

Você define o evento como ciúme. Podem ser conteúdos de inconsciente, pulsões, fora de controle que acionam a competição em você, uma competição destrutiva, desconstrutiva. O ciúme é armadilha da vaidade, do egoísmo, da possessividade.

O sujeito incorpora o equivoco de que é o único sentido na vida do outro, o melhor, sem perceber que passa por cima do direito alheio de realizar outras escolhas. A insegurança, inferioridade, medo à rejeição se realçam e são projetados de forma possessiva e agressiva. É a forma de domínio pela imposição, a autoridade que se impõe para realizar seu desejo ou mostrar sua insatisfação. Pode ser uma outra faceta da 'Justiceira".

Outro detalhe que me chama a atenção é a velocidade. Observe se sua forma de realizar as coisas é acelerada, descontrolada ou, impaciente, ou se há comportamento dispersivo, falta de atenção, de eixo. O que favorece ou é resultado de ações impensadas, obsecadas.

Se pudesse chegar a uma mensagem, eu diria: existem atitudes e comportamentos, e preços que pagamos que podem ser mais altos e produzir mais consequências do que poderíamos imaginar ou querer. É preciso interromper e paralisar essas respostas para que parem seu processo de crescimento, ou antes, que se tornem monstros destrutivos pela vida afora.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

NASCIMENTO E ANGÚSTIA

 Imagem do Blog Aeternus Femininus

Carla 108 NASCIMENTO


Primeiro sonhei que segurava um bebê. Não era meu filho, mas ele sorria muito para mim enquanto eu brincava com ele.

Podemos pensar na compensação de ter um filho, é possível, a realização da maternidade. Mas não podemos desconsiderar o simbolismo do nascimento interior, a formação de conteúdos que representam o renascimento da criança em você, no sentido de espontaneidade, naturalidade e alegria de viver.

Cuide dessa criança que vem se anunciando, ame-a, eduque-a e forme-a uma mulher plena, corajosa, integra e digna.

109   ANGÚSTIA
 
Em segundo, sonhei que havia uma jovem chorando (essa jovem é a filha do primeiro casamento do meu cunhado), dizendo que os pais dela iriam expulsá-la de casa. Havia uma outra jovem com ela que estava calada. Eu aproximei-me e compreendendo sua tristeza comecei a chorar perguntando se o que ela sentia era uma dor imensa no peito. Ela afirmou com a cabeça. Nisso os pais dela apareceram e deram-lhe opção de uns cinco tipos de comprimidos para ela tomar. Ela escolheu o maior deles e engoliu. Eu sabia exatamente o que ela estava sentindo: um pré-abandono desesperado e medroso daqueles que corrói a pessoa por dentro.

Pode ser catártico e de atualização. Frente a tensões e enfrentamentos o sonho reequilibra as funções musculares promovendo um relaxamento que compense a tensão da angústia.

Diminui a angústia mascarada e Aumenta o limiar de resistência, renovando a capacidade de resposta orgânica frente a cenários e novos eventos de tensão e fonte de angústia. Sua identidade transparece que a dor vivida pelo outro é projeção de seu desconforto, e o apoio familiar compensa sua necessidade de proteção.

O momento parece de angústia, ou há angústia mascarada, seu desejo é de ser cuidada. Frágil aceita até uma dosagem elevada de amortecedor. E a psiquê cuida de reequilibrar seus mecanismos descompensados.

No sonho a imagem do abandono, rejeição e punição, realça a condição precária decorrência da dependência do outro. O mecanismo toca no ponto de fragilidade (medo de rejeição) para mobilizar e compensar a angústia ou a elevada tensão do momento. E também é possível que a mobilização seja para aumentar o limiar de resistência, diminuindo a suscetibilidade do sujeito frente à condições emocionais adversas.

COLISÃO

  imagem de internet
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Em terceiro, eu estava na varanda de algum lugar quando dois carros quase se colidiram. Nisso o motorista de um dos carros saiu do veículo, foi até o outro e tirou de dentro dele o motorista que era deficiente físico (inclusive ele tirou-o do carro já sentado na cadeira de rodas) e deixou o mesmo largado no meio da rua. Estava de noite e muitos olhares indignados correram para o local a fim de anotar a placa do sujeito que estava maltratando o outro. Fiquei revoltada com aquilo, pois ambos não estavam travando uma briga de igual para igual.

Trombada, colisão... Confronto. De alguma forma você está promovendo em você algum mau trato. Você pode estar passando por cima de algum lado seu que sendo mais frágil não consegue igualdade ou espaço. Chama-me a atenção sua revolta, penso no sonho 107, a postura possui a energia e a força da indignação.
Ainda permanece o papel de Justiceira.

A justiceira, com a espada (que para mim é arquétipico) se manifesta em geral nas mulheres dominadoras e castradoras, repressoras e reprimidas. Encontram como justiceiras uma possibilidade de aplicar no meio a rigidez e a força da repressão que aplicam em si. Mas é conteúdo que precisa se trabalhado, principalmente, flexibilizado 

Essa Santa Indignação que projeta, em defesa do outro, poderia ser a atitude, a energia adequada para aplicar em seus propósitos, em sua vida. Fique atenta! Se Ligue!

DANÇANDO NA VITRINE


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No quarto sonho eu estava dançando entre vitrines de um shopping que parecia um labirinto. Eu dançava de uma maneira sensual. Não haviam expectadores e eu sentia-me a vontade. Houve um momento em que precisei descer uma escada e essa encolheu, ou melhor, seus degraus recolheram-se. Foi preciso esperar uma outra mulher aparecer e tentar voltá-lo ao normal.

Lembrei-me agora, possivelmente, em meus 15 anos de idade, da primeira interpretação de sonho que li. Era o sonho de uma mulher que andava nua pelas ruas e quando percebeu a sua nudez, fugia apavorada dos olhares indiscretos e repressores. Se não me engano o autor fazia uma interpretação Freudiana, de que a exposição era a realização e satisfação do desejo de se exibir.

Naturalmente, já vimos suas características narcísicas, e sua necessidade de compensar a sua baixa estima ocupando o foco de atenção, o palco, a vitrine.

Mas no sonho não há espectador, será que não assume o seu desejo? Será que a timidez bloqueia sua necessidade de visibilidade? Ou será que a visibilidade é apenas a necessidade de compensar seu sentimento de abandono. Surge a necessidade de exibir-se, mas o medo de invasão ou de se expor ao julgamento moral a impede de satisfazer seu desejo, sua vaidade, sua natureza narcísica. Como narciso você dança e se exibe apenas para si mesma.

Independente disso acho interessante, a descida de escada que associo com regressão, retorno, recuo, mas as escadas se fecham e bloqueiam seu caminho de descida, de volta.

Quando avançamos a estrutura psiquica não mais nos permite o recuo aos estágios anteriores. Neste caso, apenas a nova mulher que surge permite o tráfego entre desníveis.
Vivemos permanentemente entre duas forças: Uma que nos impulsiona para a frente, para o avanço, expansão; Outro que nos puxa, bloqueia, trava e empurra para a retração. Polaridades opostas.

Quanto maior a diferença de potencial, a diferença entre a força que impulsiona e a força que retrai, por exemplo: uma idealização do grandioso e uma repressão moral, duas polaridas extremas, maior a tendencia de estagnação ou de retrocesso.
Quanto mais fortalecemos a harmonia entre os opostos maiores as possibilidade de aproximação destes opostos e consequentemente de sua integração.
Nossos avanços não nos asseguram nada, o que nos fortalece é a integração dos opostos

LOUVAÇÃO, LAVAÇÃO E PURIFICAÇÃO

Lavadeiras de Beira Rio
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Em quinto sonhei que estava vendo minha mãe lavar roupas junto à outra mulher e eu parecia bem alegre conversando bobagens no meu estilo de falar ironias humorísticas.

Sonho leve. A sustentável leveza de ser. O natural, o espontâneo, imagem de como o simples é essencial ao olhos e à alma. Este estado, esta condição, que muitos perdem ao longo da vida, seja pela seriedade de suas tragédias ou pela gravidade que se empenham em seus mal entendidos, ou pela importância que se acreditam e que se dão, mostra que a felicidade pode estar ao nosso lado, a um palmo de nossas mãos basta que a toquemos, Mas este poder de tocar a felicidade é resultado de uma conquista, a de ir ao inferno e sobreviver, mantendo o espírito puro, e mesmo com o corpo marcado trilhar o caminho de saída e reencontrar o caminho do paraíso.

Excluindo esta dimensão mais positiva existem as possibilidades sub entendidas:

Há visão preconceituosa na imagem de sua mãe como “lavadeira”? Função laboriosa, mas que não exige qualificação? Falar em excesso e sem limites? Alguma relação com o ato de “lavar roupa suja” te colocando em “maus lençóis”?    Neste caso o humor pode ser um espelho de sua criticidade e de sua morbidez!

Alegria em decorrencia do processo de purificação, limpeza, lavação da sujeira.



quarta-feira, 14 de julho de 2010

RENASCER VOANDO OU MORRER PROTEGIDA

  Obra de  Salvador Dalí
Carla107


Sonhei que eu esperava uma amiga, pois íamos sair juntas para dançar. Estudei na vida real com essa amiga durante vários anos e ela, pelo que eu saiba, sempre foi crente e deve continuar sendo. Ela estava demorando e senti-me insegura pensando se ela teria desistido, se teria ido sozinha, se estava tentando me despistar por algum motivo ou o que acontecera. Eu estava na casa dela, mas no quarto de hospedes. Enquanto aguardava, eu joguei sobre mim mesma uma comida feita, como se fosse uma espécie de ritual. Não recordo direito, mas parece que tinha arroz, feijão e quiabo. Quando resolvi ir atrás dela, vi que sua mãe ia na mesma direção e preocupada pensei que a mesma não poderia ver aquela sujeira de comida que eu fizera no quarto. Voltei correndo para onde estava, deitei na cama e fiquei em silêncio para fingir que dormia. Ambas começaram a discutir muito alto. A mãe dela acusou-a de ter perdido o juízo depois de deixar a religião tradicional de berço e de família por outra que permitia a pessoa sair a qualquer hora da noite. A tal religião dela é daquelas que não permite a mulher usar calças (apenas saia), não usar roupa decotada, não usar esmalte, não pintar o cabelo (de preferência não cortá-lo também), não beber nada alcoólico, não fumar, não comer carne, não fazer absolutamente nada no sábado (a não ser rezar ou ler a bíblia), não ir a cinema, boates, etc. A discussão estava em torno do fato dela querer sair (parece que íamos fazer isso escondido da mãe dela) e também sobre sua troca de religião. Fiquei com muito medo da mãe dela vir tirar satisfações comigo ou dela própria ficar com raiva de mim por eu não ter ido lá defendê-la ou por eu ter influenciado-a de mudar seus padrões de comportamentos e de crenças. Fiquei acuada, atônita, sentindo uma ponta de culpa e ao mesmo tempo de raiva. De um lado estava a mãe cheia de limitações por pudores religiosos, do outro a filha querendo quebrar os vínculos que a prendiam em tais limitações sórdidas e, nesse meio, estava eu escondida me refugiando num meio-termo com medo de ambas virem descontar suas irritações sobre mim. Acordei assustada tentando entender o que tal sonho queria dizer sobre mim mesma. Existe algum conflito interior dentro de mim com relação ao sagrado e ao profano? Como lidar com isso se for o caso?

Iniciemos pelo insólito:

“Enquanto aguardava, eu joguei sobre mim mesma uma comida feita, como se fosse uma espécie de ritual.”

Alguém poderia pensar em núcleo potencial pré-psicótico. Não creio. Não iria tão longe. O cenário mobiliza, no sujeito, a insegurança, associada à máscara que funciona como refúgio na atitude de defesa como vítima, abandono, medo à rejeição e inferioridade. O que se segue é reativo e natural, podendo ser associado ao padrão com o qual sempre respondeu a essas ameaças em sua vida, “pensamento mágico”, pensamento ritualístico, sua tentativa de se defender dos seus fantasmas interiores e que ao longo do seu desenvolvimento lhe favoreceu e ajudou a evitando que sucumbisse à sensação de pânico pelo abandono.

Já vimos em leituras passadas a repetição do padrão, desta forma de responder às ameaças: o pensamento mágico. É nele que se refugia, é desta forma que encontra suporte para não sucumbir à tempestade emocional que lhe invade.

Possivelmente sua tendência na criação e produção de fantasias e ilusões tenha nascido neste padrão de defesa de sua estrutura psíquica e emocional. Mas com o tempo, este mecanismo que havia lhe favorecido a sobrevivência, passou a representar uma armadilha impedindo-a de estabelecer com o meio, com as pessoas, relações sociais mais próximas, aprisionando-a no casulo de que busca escapar.

Neste aspecto a sequência do sonho é preciosa, pois mostra a força do embate entre a vontade de voar e o medo de ser punida ao se libertar.

Fica evidente sua dificuldade em lidar com figura de autoridade. Há recuo, regreção, acionamento de defesas, repressão, inflição, punição e o baixo nível de auto estima.

É possível que haja conflito. São duas tendências, como jovem, naturalmente se é atraído para a vida mundana ou profana e o caminho interior chama para a religiosidade e para a renúncia.

Tenho preferência pela libertação após a saciação das pulsões internas. Mesmo sabendo dos ricos que corremos, quando nos permitimos experimentar os prazeres, de ficar aprisionado nas compulsões e paixões mobilizadas pelo prazer.

Quando nos amordaçamos, a fantasia do não vivido pode se mostrar pior carrasco.

Esse possível conflito aparece entre a atração pelo prazer e a moralidade religiosa repressora. Entre o prazer e o sacrifício. “... e, nesse meio, estava eu escondida me refugiando num meio-termo com medo de ambas virem descontar suas irritações sobre mim.”. Alguma semelhança não é mera coincidência. Você escondidinha entre esses dois mundos.

É importante que entenda que o significativo não é o conflito. Conflito é o embate entre dois lados, duas possibilidades, duas manifestações, duas escolhas possíveis, dois universos de polaridades opostas, repulsão e atração, nada mais natural!

Mas importante e mais significante é a postura, a atitude, a resposta diante do fato, a conduta, a ação, o movimento. A atitude do frágil nasce no medo, que nasce na defesa, que está ligada ao instinto de sobrevivência. Defesas são fundamentais, sem elas sucumbimos. Defesas neuradas são impeditivas e bloqueadoras na interação com o meio. Se o sujeito se apavora com uma formiga ele sucumbirá em cenários que lhe exijam mais.

Portanto, é necessário crescer, encarar os desafios, seus monstros, seus fantasmas, seus algozes. É preciso abandonar a pequena criança amedrontada que mora no medo, e crescer com dignidade, desenvolver o respeito pelos outros e por si mesmo. E fortalecer sua coragem, sua dignidade. Olhar de frente para os que te ameaçam. Desenvolver atitudes e posturas referendadas no direito tanto quanto nos deveres, na igualdade, para não sucumbir aos medos que destroem e aniquilam a alma.

Antes de ter que aprender a lidar com seus desejos parece-me que terás que aprender a lidar com força da repressão que a retém. Mas tem um detalhe favorável: é mais fácil aumentar os limites do reprimido do que fazer recuar os limites do pervertido.

VAI BORBOLETA, 

ARRISQUE O VÔO,

SE LANÇA...

E MERGULHE NO ESPAÇO VAZIO

 DESCUBRA

O PRAZER DE VOAR...

VIVER... E SER FELIZ.

terça-feira, 13 de julho de 2010

QUESTÕES II








6. Alguns sonhos estão ligados ao inconsciente coletivo. Gostaria de saber mais a respeito disso.

Em princípio eles envolvem conteúdos arquetípicos que dizem respeito às nossas origens, e à história da humanidade. São referencias evolutivas do coletivo, do destino evolutivo, associados à nossa história familiar.

Buscando maior precisão: É preciso não pensar de forma linear. Como nossa existência está inserida no cenário coletivo, no universo, já somos de natureza coletiva, parte de Um Todo. A existência nos permite a singularidade da diferenciação do coletivo, mas não nos tira dele.

Assim, pensando de forma mais ampla, o sonho é uma linha de conexão com esse universo, com essa dimensão cósmica. É a nossa conexão com o eixo do mundo, portanto com o coletivo.

Na especificidade e singularidade do pessoal, essa conexão se mostra através da memória arquetípica, sempre nos lembrando de que a singularidade não é mais do que uma manifestação única do coletivo, como uma configuração distinta que pode se ampliar de forma inimaginável e abarcar o universo tendo acesso irrestrito através dessa conexão.

Por isso não há como dizer que um sonho pessoal não esteja ligado ao inconsciente coletivo, ele também é resultado deste coletivo.

De forma didática podemos pensar, não esquecendo o essencial, que sonhos de inconsciente coletivo envolvem nosso eixo e nossa conexão com o universo e que sonhos pessoais dizem respeito à nossa singularidade como indivíduos.

7. Sonhos apresentam nossa sombra, aspectos de nós mesmos que não quereríamos possuir e que por vezes tentamos manter escondidos de nós mesmos.

Ultrapassa o nosso poder de querer ou não. A Sombra é arquétipo de um lado primitivo que precisamos reconhecer para transformar. Quando negamos esse lado sombra, em nós, ele se manifesta de forma decisiva. Independente de negarmos ou não ele se manifestará, faz parte da nossa natureza, da constituição da matéria, da natureza do universo. É uma natureza que contrapõe a luz e definitivamente polariza “um” outro lado que permite o equilíbrio do universo.

Em nós esse arquétipo pode aflorar em sintonia com a intenção do sujeito, ou contrariando a idealização do sujeito que se nega a aceitar esse lado sombrio que precisa ser reconhecido para ser transformado.

No nosso tempo a capacidade de idealização do humano cresceu de forma inimaginável, saindo do controle da realidade. As pessoas sem recursos se refugiam na idealização para contrapor a força das sombras, ou por simplismo buscam na idealização de si mesmo, a construção de uma personalidade irreal. Uma construção ilusória e inconsistente que é recurso de início de personalização da individualidade, mas que precisa ser descartada, pois é apenas virtual. Como as pessoas se agarram a essa imagem virtual e idealizada elas são como que dissolvidas e confrontadas na fragilidade dessa idealização quando mostram que não são o que elas idealizam.

Por exemplo, vejo, no dia a dia, pessoas que: Se idealizam verdadeiras, mas se comportam de maneira falsa ou mentirosa; Se idealizam moralmente respeitosas, mas por trás dos panos se comportam como imorais; Se acreditam honestas, mas não perdem oportunidade de lesar os outros; Se pensam justas, mas se mostram parciais defendendo apenas seus interesses pessoais; Se dizem humildes, mas se recusam a aceitar seus erros, ou sua condição; se mostram religiosas e se comportam como materialistas, egoístas, desumanas, sem compaixão; etc.

O arquétipo evidencia essa incoerência, essa divisão, essa dissociação entre o idealizado e o que somos na realidade. Para mim é um conteúdo excepcional que trabalha mostrando o lado sombrio e denso que anseia pela transformação.

Mas é também refugio para os que se entregam às sombras, como um buraco negro acumula o denso e realça a natureza dos opostos.

8. Alguns sonhos são compensatórios enquanto satisfação de desejos ou expressões de pulsões reprimidas.

Exato! Abrem espaço para compensar estados de desequilíbrio gerados por pensamentos, conceitos, escolhas, atitudes e comportamentos que desconsideram a natureza interior. Quando realizam a compensação, permitem ao organismo reequilibrar funções orgânicas e psíquicas descompensadas pelo sujeito em seus comportamentos.

9. Muito do que sonhamos revela o que fazemos (comportamentos e tendências) ou pensamos (conceitos, preocupações e vontades) enquanto despertos.

Revela aquilo que somos na essência, o que sentimos, nossas contradições, incoerências, tendências, inadequações, fragilidades, inconsistências, defesas, dificuldades, bloqueios, potenciais e tudo aquilo que pode funcionar como armadilha desconstruindo o sujeito e tornando-o alguma outra coisa que contraria a grandiosidade de sua existência.

10. Alguns sonhos podem estar relacionados com saída astral.

Sonhos podem ser premonitórios conduzir ao passado ou ao futuro e favorecer a conexão com outras dimensões no presente. A relação com o Tempo e com o Espaço se fazem em bases que ultrapassam nossas referências nesta realidade. Significa dizer: é um tempo absoluto e um espaço multidimensional. O tempo pode ser alongado ou encurtado, o Espaço pode ser ampliado e a distância alongada ou ser comprimido e a distância encurtada. E o corpo, assim com o mundo, sendo multi dimensional pode despertar naturezas e características extraordinárias.

O que mais devemos saber e analisar em sonhos quando buscamos sua significação?

Pobre de mim poder responder-lhe essa questão. O conhecimento humano é ínfimo frente à grandeza do universo. Quando, aqui neste espaço mostro alguma coisa nova, novas formas de pensar essa fenômeno, e tenho este propósito, partilho o resultado de meus trinta e poucos anos de experiência, um pouco daquilo que aprendi com outros estudiosos fenomenais e um pouco de minha investigação, que tento criteriosa. Mas tudo isso é a ponta de um Iceberg.
Sabemos muito pouco sobre as características dessa natureza em nós. Mas penso que quanto mais caminhamos em nosso aprimoramento pensando que abrimos as portas para compreender e conhecer essa natureza dos sonhos, descobrimos que descortinamos segredos da matéria, da existência, do universo. Abrimos as portas para o Divino. E este é um caminho de paciência, que exige uma longa caminhada, de preparação de nossas condições para suportar o encontro decisivo com a força Divina da natureza.

Às vezes fico atônito ao ver estudiosos que se agarram em estrudos, contribuições partilhadas, como se fossem resultados teóricos finais de uma pesquisa que tem fim. Estupefato como investigador, por acreditar que o que envolve o Oceano Primordial da Existência exige cautela e paciência, e como retorno frente à nossa IMPECABILIADE, de guerreiro, o inconsciente, aos poucos, mostra seus mistérios.

Aqui neste espaço, venho tentando mostrar um novo olhar sobre os sonhos ou novas formas de pensar os sonhos, E me permito esse atrevimento 100 anos após  as contribuições iniciais de Freud e após 60 anos da morte do magnífico pensador C.G.Jung.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

QUESTÕES


Estive recapitulando alguns pontos que aprendi sobre os sonho e gostaria de saber se é isso mesmo:

1. Os sonhos são expressão do nosso inconsciente, o qual se relaciona conosco através de símbolos e imagens, mas muitas vezes dá o recado de forma clara.

Esse é o princípio. Muitos pensam de forma diferente e estabelecem reduções simbólicas para chegar à interpretação. Eu acredito que existe uma linguagem, uma linguagem originada no inconsciente, registrado de forma arquetípica (imagens ou símbolos que representam conceitos) em nossa memória genética. Às vezes a construção do sonho é carregada de significados e pode aparecer confusa, outras vezes com menos conteúdos, aparecem mais evidentes. Não acredito numa pré intenção de inconsciente de camuflar ouesconder o conteúdo, ao contrário, acredito que cada vez mais na evolução humana essa linguagem será aprimorada para permitir clareza e transparência na mensagem. Acredito como Jung que o Inconsciente quer se realizar, essa sua intenção de busca de plenitude se reafirma nessa possibilidade de mensagens que sejam referencial de desenvolvimento e de "norte" neste processo de transformação.
2. O outro no sonho pode ser um espelho de uma parte minha. Eu sou eu e posso ser outros personagens. Sentimentos também são projetados no outro. Quando diferenciar se o outro ou se os sentimentos do outro são uma projeção de mim mesma?

Os sonhos podem ser pessoais ou coletivos. Quando coletivos envolvem conteúdos relacionados ao mundo, são menos presentes. Em geral são pessoais e envolvem o sujeito sua construção, sua personalidade, sua forma de se relacionar com o mundo, com as pessoas, consigo mesmo.

Podem ser:

1. Simples Atualização - Quando o organismo se reorganiza, se reequilibra, se reconfigura, favorecendo a relação do individuo com o mundo. Reequilibrando o que nossas respostas transformaram inadequadamente em decorrência de nível elevado de tensão ou frente ao impacto da realidade sobre nós;

2. Confronto - Quando conceitos construídos e formados por nós interferem de forma prejudicial na funcionalidade, no desenvolvimento e na interação com o mundo;

3. Compensação – Quando o organismo compensa estados ou funções descompensadas por respostas dadas pelo individuo;

Quando o sonho é coletivo os conteúdos envolvem os que existe fora de nós.

Quando pessoal diz respeito apenas a nós mesmos. Neste caso o outro não significa o outro mas a representação dele em mim. Sou eu, parte de mim, identidade, símbolo, significado incorporado em mim, o que penso conceituo e rejeito.

No sonho os sentimentos e emoções são seus, mesmo aquilo que aparece como imagem do outro ou como penso o outro.

3. Mesmo que de forma inconsciente, ou seja, aparentemente não intencional, muitos fatos (ou seriam todos?) são intencionais por algum motivo especifico. A psiquê produz o sonho com nossa participação direta ou indireta. Seria isso?

Geralmente a intenção está implícita. A psiquê constrói para nós, e por nós. Nós somos a consciência e somos o nosso inconsciente. A consciência, em princípio, conhecemos, às vezes negamos, e outras desconhecemos. O inconsciente, desconhecemos sempre, mesmo que possamos aos poucos tomar consciência de conteúdos e conseguir transformá-los com a ordenação da consciência.

Por isso, quanto mais assumimos uma postura consciente e verdadeira tanto menos nos enganamos, ou nos negamos.

Por exemplo, o sujeito mentiroso, constrói realidades que justifiquem suas mentiras, que neguem suas ações,consequentemente ele conscientemente constrói uma consciência inconsistente onde ele mesmo se engana. É obrigado a mentir para si mesmo, constrói uma personalidade falsa, descompensada ilusória. Produz uma consciência partilhada que se faz inconsciente. O inconsciente tentará mostrar ao individuo que algo funciona mal. Que a consciência que é referência de ordenação é disfuncional. O desastre psíquico é incalculável e as consequências profundamente desastrosas.

4. Somos confrontados (pesadelos) para desenvolver mecanismos de defesa melhores ou mais apropriados de enfrentamento da realidade ou de nós mesmos com relação ao que devemos aceitar, aperfeiçoar ou mudar.

Exato! Existem os confrontos que nos preparam para realidades adversas, aumentando a nossa capacidade mental de resistir às fortes pressões do meio, conflitos, e situações de risco. Este mecanismo é fantástico.

Veja só:

1. se você tem medo de cobra, provavelmente se a sua postura é de falta de atenção, foco, concentração, maior tendência à dispersão, independente de você andar no meio rural, você coloca seu organismo em risco de morte. Consequentemente, a psique poderá confrontá-la para que possa desenvolver atitudes que fortaleçam a lsua conexão com o presente, com a realidade, o seu eixo, seu centro, sua capacidade de atenção, e consequentemente diminua seu risco de sobrevivência, a tendência à dispersão e/ou o nível de fantasia que retira do individuo da realidade.

2. Se o indivíduo frente à adversidades apresenta respostas que evidencia sua tendência à sucumbir mental e emocionalmente, os confrontos aumentam os confrontos oníricos a de forma a possibilitar maior resistência mental para suportar esses impactos de realidade;

3. Se o individuo evidenciar respostas que demonstrem fragilidades em suportar perdas emocionais, excesso de dramatização, angústia, descompensação, os sonhos podem aumentar a ocorrência de mortes de entes queridos para preparar o individuo para essas realidades de perdas afetivas. Desta forma prepara-o para a realidade das separações e de perdas, diminuindo a tendência de sucumbir ao impacto de realidades e de acontecimentos indesejáveis. etc;

5. Conforme superamos nossos conteúdos autônomos (ou seriam os arquétipos), os sonhos vão passando para novas etapas e fases de amadurecimento e individualização do sonhador conforme esse valoriza a linguagem onírica e se comunica com seu próprio inconsciente através dela. Caso contrário, os sonhos ficam se repetindo.

Conteúdos autônomos originam-se, formam-se e agregam-se no inconsciente a partir da relação do individuo com o mundo, de suas respostas e de suas reações frente à realidade. Não são arquétipos. São núcleos de energia que associados à imagens, representações de imagens, fragmentos ou resíduos de conteúdos simbólicos, se formam em plasma, e como visgo se conectam ao sistema nervoso passando a ter acesso à consciência e passam a interferir na conduta do individuo com o poder de vontade, definindo-lhe atitudes, comportamentos, respostas, reações, transvestidos como se fosse o “EU” em forma de pensamento.

São conteúdos de matéria inteligente que como invasores apoderam-se do sistema nervoso e conduzem o individuo como se fossem o individuo. Com comandam através do pensamento, enviando impulsos, pulsões, desejos, as pessoas que são mais indiferenciadas, confusas, inquietas, ansiosas, desatentas, que vivem sem eixo, sem referência ou que não possuem conceitos bem elaborados, códigos morais bem orientados e princípios bem definidos, são como presas fáceis porque acreditam que o que acontece em suas Câmaras de Pensamento são “ELAS”, O QUE NÃO É VERDADE. Podem acabar comandas por resíduos ou fragmentos de conteúdos que se apoderam de sua estrutura mental.

Um exemplo: Transtornos Paranóides. O individuo que se acredita vítima de perseguição, antes de tudo, acredita nas fantasias, em forma de imagens ou pensamentos, que acontecem no seu universo psíquico. Esses transtornos podem ser originários de conteúdos autônomos.

A partir da consolidação e da maturação da personalidade, num processo permanente, criamos condições mentais e psíquicas para que esses conteúdos autônomos se dissolvam e que novos tenham vida curta na psiquê. Como?

Quando esses conteúdos se acoplam no sistema nervoso, eles tem acesso à câmara do pensamento e cada vez que conseguem interferir e conduzir o individuo, eles se apoderam de energia que os permitem se manter vivos, portanto eles precisam desta atuação para se reenergizarem. Quando eles não conseguem a partir desse acesso interferir na conduta do individuo, eles perdem energia e não conseguem se reabastecer, consequentemente vão enfraquecendo até que se dissolvam e sejam incorporados e integrados como conteúdos de consciência.

Eles são importantes, pois representam uma grande possibilidade de acréscimo, ampliação e expansão da consciência. Mesmo que inicialmente possam representam a possibilidade de desagregação e destruturação.


continua...
 
 

domingo, 11 de julho de 2010

DESEJOS OCULTOS



Diamente Wittelsbach
CARLA 105

Como ainda há 30 dias pela frente, tomo a liberdade de lhe enviar meus sonhos até quando der... Dessa noite só recordo os dois sonhos anteriores ao momento do despertar.

No primeiro eu lembro só da parte final: eu estava com uma turma e eu cheguei perto de um rapaz, abracei-o na cintura e disse que gostava muito dele como se ele fosse um irmão para mim. Como era amiga da namorada dele, sabia que ela não ia ficar com ciumes por conhecer minha índole moral. Não sei por que eu falei isso, mas sei que teve um motivo específico além do fato de realmente gostar dele: era como se eu não estivesse disposta a acatar seus conselhos ou algo assim. Era como se alguma coisa entre nós pudesse ameaçar nossa amizade (se acaso ele achasse ruim), algo que eu não desejava. É uma pena eu não lembrar sobre o que eu conversava anteriormente com ele e os demais do grupo. No que saímos caminhando, esse rapaz subiu no passeio (que era muito irregular) e eu o acompanhei. Estávamos indo para a rodoviária, pois eu ia viajar com minha mãe que houvera ficado hospedada num hotel. No meio do caminho, eu e ele encontramos umas pedras preciosas e cristais no meio de um monte de terra. Havia vários tipos de pedras com cores e tamanhos diferentes, mas todas de formato redondo a ovalar. A turma seguiu adiante. Ele catou algumas pedrinhas, mas eu queria catar tudo. Também havia umas sacolas com vários sabonetes, shampoos, condicionadores e demais coisas que eu também queria. Pedi-o para me ajudar a pegar as pedrinhas, mas ele não me ajudou como se eu estivesse exagerando em querer tudo (essa foi a minha impressão). Meu encanto era grande. Outra vez um sonho donde estou sendo agraciada com produtos de beleza.

Aqui parece-me uma recorrência de sua forte ligação com os objetos foco de seu interesse. Aparece a compulsão possessiva. Esse comportamento de querer tomar posse daquilo que lhe desperta o interesse. A dificuldade de escolher: quem tudo escolhe, tudo acolhe, tudo possui, porque não cosegue abrir mão do desnecessário, do excesso. Quer tudo, tudo quer. O impulso para suprir a carência, o vazio, o buraco impreenchível da falta. A voracidade.

Tendo a considerar de forma genérica os objetos, já que cremes e shampoos como objetos de seu interesse podem realçar a voracidade da conduta possessiva ou a carência que anseia satisfação, saciação.

Sua rigidez moral, mediador de sua relação ética com o mundo, não impede os desejos, a atitude de sedução ou a cobiça no boy da amiga. Mesmo que a intenção moral prevaleça, a segunda intenção parece estar implícita no contexto, ainda que protegida na indicação de irmandade da relação homem mulher. Não se superestime nem subestime o outro. As relações sociais afetivas, muitas vezes escondem desejos secretos moralmente inomináveis mas que realizam intenções subliminares nem sempre aceitáveis.

As pedras preciosas simbolizam a transmutação do opaco para a transparência, das trevas para a luz, do incompleto para o completo. É a grande Obra. Quando enveredamos nesta jornada nos descobrimos pedra bruta e com o trabalho de lapidação podemos nos transformar na pedra preciosa. Mas esse trabalho Lapidar nos exige renúncia, desapego, compaixão, purificação, maturação, preparação.

Não é pouco! Sempre penso na compaixão divina pelos pequenos. Somos frágeis, delicados, despreparados, entre outros detalhes, a preparação significa o fortalecimento da alma, do espírito para poder vislumbrar a força da luz divina. Esse fortalecimento como a lapidação, aumenta a nossa resistência ao sofrimento, aos desafios, às provações, aos confrontos e quando amadurecemos ficamos preparados para “ver” o indivisível sem sucumbir à força do seu brilho. Trabalhe o desapego, aprenda a solidão, fortaleça o espírito, consolide a paciência, renuncie à insignificância, ao encantamento, ao apego, etc. assim lapidamos o espírito.
De qualquer forma é visível que ocorrem mudanças na sua relação com o masculino e começam a aflorar os caprichos, desejos, seduções, manipulações e inteções escondidas e mascaradas pelos bloqueios que existiam e que impediam o desenvolvimento dessa relação e a visibilidade desses conteúdos.

MÃE IARA E OMOLU


Carla 106


No segundo sonho, muito intrigante e bom, eu estava num local de umbanda e preparavam um ritual de alta magia. Haviam algumas moças conhecidas e uma senhora que conheço como 'Mãe Iara'. Havia uma espécie de altar (do tamanho de uma cama) encostado numa quina da parede e lá haviam duas espadas uma atrás da outra e alguns outros materiais formando um quase simbolo, mas não lembro detalhadamente. Enquanto remexia com aquilo (eu estava em cima de um banco observando da porta principal da cozinha), um homem perto de mim (não sei se incorporado ou não) observava um prato com uma espécie de melado e ali ele via o futuro de uma criança, dizendo que ela seria muito abençoada. Creio que ainda estivessem preparando-o para o reencarne. Eu sabia, não sei como, que seria um menino, e pensava que a mãe poderia até ser eu (muitos detalhes não eram revelados) e, se não fosse eu, se também teria toda aquela preparação quando fosse ter meu futuro filho. Aquele local (pequeno e escondido por sinal) me era conhecido, pois chegou um casal atrasado que foi fazer uma oferenda direto no quarto dos orixás: eu tanto sabia onde ficava, quanto como era lá. Entretanto, na vida real, desconheço esse lugar. Estranhei ninguém barrar a entrada dos dois, uma vez que não deveria ser feito nenhum tipo de entrega enquanto estivesse ocorrendo aquele trabalho principal com as entidades junto ao altar, a menos que fosse trato com algum exu, mas eu notei que não era, pois se fosse, eles teriam ido para o quarto específico dos mesmos. Eu vi que para lá eles não haviam ido, pois para lá chegarem teriam que ter passado pelo interior da cozinha através das duas portas laterais dos fundos. Como minha hierarquia era inferior, ignorei o fato apesar da curiosidade e do estranhamento. Eu me sentia muito bem ali, mas sabia que talvez devesse estar atuando também, mesmo que fosse enquanto ajudante como as outras jovens. Nisso duas delas acabaram o serviço e sentaram-se perguntando o que mais poderiam ou tinham para fazer. Eu aproximei-me da 'Mãe Iara', que segurava umas fatias de pão de forma (e talvez mais alguma coisa que não recordo), e comentei que ficar só olhando era muito bom, mas só de pensar em trabalhar eu já me sentia cansada. Ela também ficava só observando, pois pela idade pouco conseguia fazer além de coordenar. Ela riu e perguntou para as jovens se elas estavam cansadas. A resposta foi não, seguida do comentário de que ficar só olhando é que deveria ser cansativo. Eu não me importava de não estar participando, pois sabia o quanto aquilo era trabalhoso, minucioso e de quanta responsabilidade, energia e comprometimento tinha de se dispor. Ao sair do local, encantei-me com uma trepadeira enorme que estava cheia de um frutos parecidos com tomates verdes ainda de tamanho médio. Eu sabia que não era tomate e fiquei curiosa indagando-me que frutinha seria aquela. Toquei numa e notei que ela era levemente mole. Quando voltei a caminhar eu escutei, como se fosse por telepatia, a 'Mãe Iara' dizer: 'Eu não falei que ela era filha de Omolu? A principio ela pode parecer filha de qualquer outro orixá, mas o cansaço dela é típico de Omolu'. E eu, caminhando com a dúvida de não saber qual era meu real orixá, por ainda não ter passado pela feitura (espécie de batismo), fiquei a me questionar se seria mesmo filha de Omolu, pois tal opção não me agradava muito. Não sei por que, mas adoro sonhar com essas coisas misticas-religiosas. Eu me sinto muito familiarizada em sonhos do gênero, mesmo que esteja neles apenas como espectadora.

O que isso pode representar?

É interessante!

A mensagem pode ser o que anuncia. Vem do seu interior, afirma, guia:

Você é filha de OMOLU!

"Omolu é um orixá africano cultuado nas religiões afro brasileiras que o tem como o Senhor da Morte, uma vez que é o responsável pela passagem dos espíritos do plano material para o espiritual. Seus filhos são sérios, quietos, calados, alegres de vez em quando, ingênuos demais , porém espertos e observadores e um tanto teimoso. Seus filhos agem como pessoas muito idosas, são lentos e tem hábitos de pessoas muito velhas. Seus filhos também tem muitos problemas de saúde." Wikipédia

Se considerarmos a representação:

Na Umbanda, a mulher de Omolu tem temperamento forte, não aceita nunca um companheiro que a domine e busca um homem à sua altura. Gosta de homens altos, fortes, inteligentes e com vigor sexual. Discreta, nunca será a primeira a atacar. Observa bem, antes de se aproximar de quem lhe interessa e, quando se apaixona, deixa transparecer todo o seu ciúme. É do tipo de mulher que procura combater quem quer seduzir seu parceiro. É possessiva. Se o parceiro compreender isso, terá ao seu lado uma grande mulher, uma parceira sexualmente ativa.

Podemos concluir que para ser filha de Omolu, precisa romper com o papel de mulher submissa que você busca encarnar. Neste caso a mensagem pode ser referência à necessidade de mudança de postura na sua relação com o mundo e com os homens, e reafirma o que venho lhe dizendo: a importância de tomar atitudes, fazer suas escolhas, escolher o homem que lhe interessa, se aproximar e conquistar seu homem como mulher forte e dominadora, abandonando o papel de submissa e pobre coitada.

Pode ser indicação de que o processo de aprimoramento mais exige-lhe, para tomar o formato definitivo de conquista. Há a fruta ainda não distinguível, não consolidado no formato. Como filha seu caminho poderá ser de intercessora ou mediadora entre o mundo espiritual e material, caminho inevitável se não se quer pagar o preço do não desenvolvimento.

A Mãe Iara parece-me arquetípica, imagem da Mãe Divina, guia, que acolhe, protege e encaminha e que, portanto precisa ser considerada.

Se considerarmos sua fala como desafio, provocação, neste caso ela chamaria sua atenção para o seu cansaço ou a forma malemolente de ser, ou o velho espírito que carrega e que arrasta.

A religiosidade é fator de equilíbrio na vida de um a pessoa, ela pode favorecer e definir uma forma harmoniosa de conexão e relação com o mundo, com o divino, tanto quanto aprisionar, quando utilizada como instrumento de manipulação para oportunistas.

sábado, 10 de julho de 2010

ENERGIA, TRANSFORMAÇÃO, METAMORFOSE


CARLA 104 A
Sonhei que estava em casa com minha mãe e avó quando o fogo do fogão começou a ficar muito grande e não apagava. Havia uns pneus de bicicleta em baixo e fiquei com medo deles pegarem fogo. Pedi ajuda para minha mãe, mas ela e minha avó pareciam não estar nem aí. Tive de jogar água no fogo e com custo ele se apagou depois de uma explosão rápida que fez a chama azul ficar alaranjada e subir quase até o teto.

Esse sonho parece um contraste daquele sonho passado donde o gás acabou. Será que isso significa energia em excesso? Se for, faz sentido, pois ultimamente ando bastante agitada.

Não apenas energia em excesso. Costuma-se dizer que água de morro abaixo e fogo de morro acima ninguém segura. O fogo é elemento básico da vida, determinante em nossa natureza e resulta na vibração e em nossa capacidade de síntese. Em excesso é fogo que queima e que arde, fica destrutivo. Símbolo de transformação, purifica e eleva, queima os pecados, conduz a chama da paixão, acende o prazer do erótico. Vida e morte. Calor, que aquece e acende ao fogão de lenha feminino. Mas, precisa ser administrado, mesmo que experimentado. Muitas são as mulheres que temem esse fogo, que queima as entranhas e faz  o "domínio" perdido, liberando o pecado inundado a vida de prazer e orgasmos.
Em processos de transformação e metamorfose, mudanças psiquicas promovem a liberação de energia anteriormente bloqueadas ou densas e pesadas. Neste caso a transformação desses nós ou bloqueios liberam a passagem da energia.
Um exemplo:  Visiualize um cano de água do diámetro de um Mikrón, em vivências psicológicas traumáticas, o desenvolvimento de defesas bloqueiam os canais e impedem os fluxos de energia. Quando o individuo trabalha suas mudanças, esses bloqueios, ou Nó, são disolvidos e liberam maior fluxo de energia. Os sinais visíveis aparecem no aumento do ímpeto, dos desejos, do impulso sexual. A vida flui em sua força no instinto de procriação, no sentido do prazer, no rumo do prazer.


Fui para a sala e sentei no sofá ao lado do meu pai já idoso. Eu estava receosa dele querer relações sexuais comigo. Intrigante que, dentro do sonho, eu já houvera tido muitas relações com ele por vontade própria (e inclusive lembrava das mesmas como se elas houvessem sido sonhos anteriores), mas eu não queria mais tal envolvimento e intimidade incestuosa. Era como se eu me sentisse culpada por trair minha própria mãe e como se estivesse cometendo o maior pecado do mundo. Nisso ele se levantou e notei que o sofá e as almofadas estavam sujas de fezes mole. Ele foi se lavar reclamando do fato de não ter conseguido segurar as fezes outra vez (na vida real isso costuma acontecer com minha avó).

Isso simboliza um permanente Complexo de Édipo (ou Complexo de Electa como chamam alguns para o caso feminino)?

É, em princípio, uma associação pertinente pelo incesto anunciado na mensagem. Permanente,  no sentindo de eterno, não! Nesta vida, eterno... só a eternidade. Nada é permanente, tudo é transitório e impermanente. Quando se mantem o mesmo padrão naquilo que é transitório, é sinal de paralisação do fluxo natural de mudanças da vida.
Na sua história não tenho dados sobre a relação vivida com o seu pai, portanto não sei se sua vivência edípica ocorreu e se foi elaborada. No sonho é possível que se referencie à culpa de estabelecer um vínculo ao masculino e trair a relação do sacrifício oferecido à mãe. Reafirma a renúncia e o sacrifício sinalizados em sonhos anteriores. É interessante avaliar se a relação foi estabelecida e vivida com o pai ou se foi desviada e vivida inadequadamente com a mãe, á medida em que a simbiose com a mãe não superada pode ter impedido o afloramento dessa relação projetiva com o pai. Mas podem representar ensaios de separação entre seu universo simbiótico com a mãe, sinal de que pode estar rompendo com sua fixação na simbiose, fase de libertação como individuo.

Há histórico de abuso na infância?

Os excrementos indicam potência biológica, reserva de força, poder de transformação e a metamorfose de conteúdos simbólicos, conceitos, conteúdos transformados e eliminados.

Como em sonhos passados vimos a presença de Simbiose, neste é possível que haja a evolução para a fase Anal, em processo de regressão ou de desenvolvimento do controle dos esfíncteres. Neste caso, superando a simbiose, avança-se para esse estágio sequencial, com suas características específicas, uma delas a Retenção. Desenvolve-se o controle, exercita-se a retenção, aprende-se a disciplina, a troca e a renúncia ao produto original, o excremento. Alimenta-se o bom e eliminam-se os dejetos. Mantêm- se a vida. Tem relação com o sonho anterior de retenção material, egoísmo, posse. Em geral, vivências traumáticas nesta fase podem determinar indivíduos possessivos e retensivos. No sonho anterior fiz referencia ao pão durismo e ao Pão Duro Afetivo, miserável, que retém o afeto e não o partilha como o outro.

A dinâmica é permanente e sinaliza transformação, mudanças de fase, de estágios internos.


sexta-feira, 9 de julho de 2010

HUMILDADE, AVANÇO E PARALISIA

104 B

Também me levantei e fui para um local que era uma escola de idiomas enorme (eu não estudava nela, mas já houvera estudado quando era num outro local menor). Lá tinha uma parte, depois da lanchonete, com exposição de artes culturais e embora não lembre direito, fui participar de uma atividade donde tive que tirar o chinelo. Quando fui calçá-lo outra vez, ele estava rebentado como se alguém o houvesse estragado. Quis ficar com outro chinelo, pois muitos daqueles pares pareciam abandonados e me via no direito de querer aquilo que me haviam estragado, mas alguém não me deixou fazer isso e tive que ficar descalça. Ao sair tomei uma espécie de trem que andava muito rápido, mas nisso ocorreu uma colisão de vários caminhões bem na linha dele, logo a frente. O motorista acenou com os faróis e a buzina tentando fazer os caminhões colididos saírem do local. Os dois primeiros que haviam chocado de frente, depois de algum tempo (eu já estava super agoniada querendo sair do trem que não parava) conseguiram sair do local, mas depois deles haviam muitas peças soltas e tudo parecia prestes a explodir. Então o motorista do trem conseguiu frear o enorme vagão e dar marcha ré. Impedida de seguir adiante, desci com mais alguém e após caminharmos um pouco, parei numa casa na intenção de pedir um chinelo velho. Por sorte, quando aproximei-me para tocar a campainha, lá estava um vendedor de chinelos e mostrou-me vários na intenção de fazer a caridade de doar-me um par. Uma jovem (talvez dona da casa) experimentou uma blusa (creio que na intenção de comprá-la) e, ao pedir minha opinião, fui franca dizendo que a blusa era muito bonita. Pensei comigo mesma o quanto seria bom se eu pudesse ganhar uma roupa também. Sentia-me quase uma mendiga. Nisso apareceu um rapaz e numa atração muito forte (não lembro se conversamos primeiro ou se já eramos conhecidos) nós nos beijamos. Ele já estava indo embora quando chamei-o outra vez. Nessa parte eu estava sentada na calçada como se de fato fosse uma mendiga. Ele voltou para perto de mim e perguntei quando ia vê-lo novamente. Ele relatou-me uma série de afazeres e prometeu um reencontro não deixando nada preestabelecido. Senti-me nas mãos dele e tive pena de mim mesma por conta disso, como se eu tivesse sempre de esperar a boa vontade alheia de me querer ou de gostar de mim. Isso parece uma recorrência de minha natural e fortíssima vontade de encontrar um príncipe encantado que me tire da condição de pobre donzela borralheira. Será que algum dia desvencilharei disso?

A escolha é sua. Transformando seus conceitos, redefinindo a sua relação com o mundo, renunciando às velhas formas de se relacionar, você se liberta dessas amarras que aprisionam os incautos.

A Tônica do sonho, do início ao fim, possivelmente, faz referência à conduta pouco humilde, ou à dificuldade de aceitar as condições impostas pelos desafios apresentados ou que surgem em sua realidade. Neste caso a mensagem é intrínseca, sem ela, essa condição de aceitação, flexibilidade, humildade, você atropela seu desenvolvimento, é obrigada a recuar, encontra dificuldades ou é impedida de avançar em sua viagem pela vida.

Essa “falta” de humildade parece estar relacionada à sua seletividade estética, ao preconceito, à impaciência, à autoestima comprometida e a piedade (comiseração) que sente por uma condição que vem considerando como uma origem e um destino trágico. A atitude lhe impede o fluxo, o que aumenta a sua carência afetiva, a sensação de abandono, rejeição ou solidão, o que leva à “falsa humildade” uma condição de submissão oportunista, subserviência.

É precisa abandonar essa postura de mendiga e incorporar a postura de responsável por suas escolhas, uma atitude mais pró ativa que amplie sua condição com Ser autônomo, independente e livre e que expresse a condição de dignidade de sua natureza divina como mulher. Escolher, mostrar seu desejo e aceitar a escolha do outro, o desejo ou a falta de interesse.