quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

CAPIM E AUTOESTIMA


 
Sonhei que me arrastava sobre capim seco no escuro total. Eu estava com medo do capim pegar fogo. Não tenho muitas lembranças, mas não foi um sonho muito agradável. De repente percebi que estava dentro de uma jaula, mas haviam alguns buracos e eu podia sair dela se quisesse. Depois sonhei que minha irmã tinha ido a uma psicologa para saber algumas coisas a respeito da educação da minha sobrinha e o primeiro conselho era de não enfatizar os aspectos ou pontos negativos da criança. Então comentei que durante vinte anos haviam cometido esse erro comigo. Lembro apenas disso.

Capim é gramínea, tanto quanto pode significar dinheiro, é parente da palha. No indicador temático, Palha pode representar a cobertura, ou o poder inflamável, “dar uma palha” é dar uma canja, trabalhar um pouco,etc.

A vegetação ao nível da Terra, unindo a terra mãe ao principio ativo masculino, realidade, representado pela possibilidade do fogo.

Muitas comparam o poder do fogo rápido, ao homem e o aquecimento lento à mulher. Você nadando, se arrastando no capim com medo do fogo, pode estar relacionado ao medo de mergulhar no fogo da sexualidade ou no principio ativo do elemento masculino, a realidade. A jaula é a repressão, a severidade crítica e a condenação a que se sujeitava, pagando no aprisionamento. Agora já existem possibilidades de fuga ou de libertação, as defesas vêm sendo superadas, as grades esburacadas já permitem o caminho de escape rumo à liberdade.

Seus processos de elaboração das vivências infantis e juvenis estão em desenvolvimento. Assim, aos poucos você vem elaborando, ordenando os fatos, os acontecimentos, compreendendo, tomando consciência, dos processos a que esteve envolvida, das intervenções e atuações de figuras de autoridade em sua história.

Muitos são os que sofrem a devastação de dinâmicas educativas baseadas na negação, na negatividade, no reforço negativo. As intenções podem ser boas, originadas de pessoas bens intencionadas tentando ajudar, focam o negativo para que o outro prove o contrário. Acreditam que realçando o negativo estimulam o outro a enfrentar os desafios e a superá-los. Desacreditam o sujeito na intenção esperançosa de que ele possa se supere.

Mesmo que este método funcione com alguns, e isso depende da natureza de cada um, na maioria o esquema funciona destruindo a Autoestima, minando a segurança, desqualificando as conquistas e os passos dados pelo sujeito que recebe a intervenção.

Sofrer este tipo de estímulo educacional, o negativo funcionando como sombra e ameaça, pode ser emocionalmente devastador e promotor de núcleos e de complexo de inferioridade.

Durante vinte anos cometeram esse equivoco com você. Sei que não serve de compensação, e nem gostaria que o fosse, mas coletivamente, para mim, o grande problema da sociedade brasileira é a Auto Estima. O brasileiro padece coletivamente de um grave problema de Inferioridade e de Baixa Estima.

Aqui neste espaço já percebemos que você vem reconstruindo essa Estima, e já lhe disse que a solução não é compensar se afirmando para todos : “Eu me amo; eu me adoro”. E preciso encontrar o seu tamanho, o tamanho da dignidade de ser humano. Nem mais, nem menos, o tamanho de sua consciência como Ser, como existência.

A mensagem pode estar associando a importância da reconstituição pessoal de sua autoestima para que possa redescobrir e encarar, a realidade, o fogo da sexualidade e da paixão, a afetividade plena como manifestação explicita do afeto, sem medo de sair queimada.

Na verdade esse mergulho absolutamente seguro não existe. Este é um mergulho que precisamos dar para que possamos superar o desafio de abandonar o estado do tolo e incauto, característico de crianças e de jovens. Assim conquistamos a segurança, como prêmio, depois de arriscar a cabeça, sofrendo ou não sofrendo, apanhando, aprendendo e descobrindo que se pode lidar com o afeto, com a sexualidade de forma mais natural e consistente, sem neuras, possessividade, compulsões ou dor. Mas... Essencialmente livres.

Seu caminho já está traçado.

Dois detalhes:

1.Fica evidente uma indicação crítica de que sua sobrinha venha a sofrer o mesmo processo que você sofreu. Ela é a filha da irmã que se apresentou como sua irmã. Não sofre pelo destino possível de sua sobrinha. As realidades são diferentes, sua irmã pode ter aprendido com a experiência de te controlar. Mas se essa preocupação existir aproveite para mostrar para ela os erros que você diagnostica na conduta dela, o que te fez sofrer e apenas isso o destino de formação da filha dela cabe a ela como mãe e formadora.

2.Mesmo que focalize a sua irmã como a origem de certas questões pessoais mal resolvidas, não se esqueça de contextualizar a sua experiência. Pode ser que essa tenha sido a alternativa que tenha mudado o seu destino, mas pode ter sido a alternativa que te salvou de dinâmicas piores.

O importante e que agora tem a sua vida em tuas mãos e pode fazer as suas escolhes com independência e autonomia.

Ψ

Nenhum comentário:

Postar um comentário