quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

PASSAGENS



Depois do sonho com a cobra amarela que postei antes, tive mais um estranho sonho essa noite! Sonhei que estava passando por uma parte de um aeroporto donde havia um avião-jato fazendo propaganda de um avião, o qual estava dento do tal avião-jato, que por sua vez estava preso numa espécie de guindaste que parecia um brinquedo de parque de diversões. Olhando do chão aquele avião rodando ao redor do eixo hora baixo e depois alto, via-se dois pilotos, não dando para perceber qual era o verdadeiro e qual era o falso. Eu ali estava porque ia embarcar numa viagem de avião e medrosa daquela ‘propaganda viva’ despencar, entrei logo no aeroporto, mas para fazer o embarque tinha de passar por um túnel de segurança que parecia um brinquedo infantil, estilo uma toca. Eu não queria ter que entrar por aquilo, pois era muito justo e eu imaginava que ficaria sem ar e agoniada sem ter saída dentro daquele túnel que tinha muitas voltas. Era como se fosse uma rede de labirinto subterrânea. Sem alternativa eu enfrentei o processo, mas uma vez lá dentro comecei a ver animais com propaganda de produtos de pet shop nas curvas. Era muito estreito e se ao principio senti-me sufocada e medrosa de ter um ataque de pânico dentro daquela situação donde só podia ir para frente sem espaço para esticar nenhum membro, ao deparar-me com os animais fui me distraindo e sentindo-me entusiasmada e encorajada para ir adiante mais rápido. Se os animais ali estavam tranqüilamente, eu que apenas estava passando por eles conseguiria sair do labirinto de túnel sem maiores problemas.
Quando me livrei do gigantesco emaranhado de túnel, constatei que estava de fato num pet shop e havia ganhado um bônus prêmio pela pontuação que fizera. Perguntei a moça o que aquilo significava. Ela explicou que a minha maneira de passar por cada animal recebia uma pontuação de acordo com a reação do próprio animal comigo. Não foi preciso perguntar o motivo daquilo tudo, pois já percebera que se tratava unicamente de uma maneira de expor os produtos ali vendidos e fazer assim uma propaganda divertida dos mesmos. Ao sair da loja eu segui por uma rua coberta, ou seja, ainda tinha a impressão de estar num túnel, embora bem maior. A rua estava movimentada com pessoas indo e vindo, enquanto eu parecia procurando algo ou estando meio perdida.
Caminhei até o final do mesmo e, de repente, apareceu meu pai já falecido e um amigo dele desconhecido. Eles estavam com pressa e queriam me mostrar à casa que esse amigo dele ai alugar ou comprar, não lembro ao certo. Estávamos num local diferente e imaginei que deveria ser em Portugal. Enquanto andávamos observei que havia uma caçamba de entulhos e havia vários galhos de roseira recém podados que ainda tinham lindas flores cor de rosa na ponta dos mesmos. Eu mostrei a eles as rosas pensando de pegar umas mudas, mas eles estavam apressados e apenas olharam as rosas sem me dar muita atenção. Também apressada para segui-los lembrei que estava muito longe de casa, provavelmente noutro pais, e desisti da idéia. Sem andar muito eles pararam na frente de um terreno cujo muro estava quase caindo. Por um buraco pude observar que no fundo do terreno havia as duas paredes laterais feitas de tijolos de uma casa cuja construção iniciada fora abandonada. O amigo do meu pai disse que estava na hora de se colocar o alicerce com forro de gesso e depois o telhado. Não entendi como seria possível se havia apenas duas paredes e pensei que o restante por certo seria feito de madeira como visualizava nas demais construções ao redor. De toda forma aprovei a escolha por gostar do estilo de construção com telhado bem inclinado, parecendo chalé, típico de regiões frias donde cai neve. O sonho continuou, mas como sempre, minhas lembranças findaram-se aqui. o que acha desse sonho?
Penso que é  elucidador.  É sempre interessante apreender o sonho como o resultado de um processo. Os seus sonhos estão me parecendo reforçar o caminho que estamos percorrendo, já que trazem evidencias de transformação e de que você avança na sua jornada. Vejamos:
Seus sonhos são sempre muito ricos em imagens e ao longo das leituras isto pode ter ficado claro para você, e este não é diferente  mas ele trás alguns pontos que podemos considerar como chaves. A riqueza dos detalhes só favorece a percepção do foco.
Inicialmente, parece-me um conflito básico entre dois caminhos. O avião preso a um eixo remete a limites de voo, você só pode girar ao redor do seu umbigo. Para um universo infantil, onde  a criança está presa à descoberta do mundo, às sensações, e limites de desenvolvimento, um brinquedo assim pode ser uma viagem, mas para um adulto é se contentar com o mínimo que a vida pode oferecer.
Isto acontece muito, as pessoas se aprisionam em determinados estágios, aí têm o conforto e a segurança de um certo “controle” da realidade mas pagam um preço alto pela parada na estação do “Não Cresço”. Para sair disso é necessário renascer a cada dia. Morre e nascer. Aprender, Desenvolver novas formas de responder às exigências da realidade. Quando nascemos, precisamos abandonar “o conforto” do mundo uterino, passar pelo túnel assustador do canal vaginal e cair num mundo irreconhecível, numa profusão de luz e sons e sensações e respirar. Antes nem este esforço se fazia necessário. Nesta vida podemos ficar no casulo da casa materna, como num útero. Deixar a mãe comandar, nos alimentar,  dizer o que precisa ser feito. Desta forma se obtém certo conforto e evita-se romper as amarras da prisão, transpor a estação de transição que nos separa de assumir nossas vidas. Evitamos entrar no túnel assustador que nos colocará numa nova realidade, que nos desvendará um novo universo. Isso se chama Crescer, amadurecer. Abre-se mão de “GANHOS” E GANHA-SE MAIS. Ganhamos a experiência fantástica de realizarmos a nossa vida e abandonamos o conforto de viver a vida do “outro”.
Você enfrenta: Falso ou Verdadeiro? Tem horas que não temos que pensar, temos que agir. Pegar o avião e seguir, superar medos, romper barreiras e limites que nos impomos, e... “Voar”, porque a liberdade é direito, inalienável, humano. Este não é um vôo do imaginário, da fantasia, da ilusão. É um voo real que precisamos realizar para escapar do passado, da doença, dos limites. E assim você enfrenta o túnel e encara seus desafios. Medos? Todos nós os temos. Precisamos superá-los para que eles não se tornem amarras que nos aprisionem.
Assim seguimos a vida e de estágios, o túnel apertado se alarga, conquistamos novos espaços. Superamos o sufoco, as angústias, os medos, e a estrada se alarga.
E olha que interessante você encontra seu pai. Você contata seu lado masculino, seu guia masculino (senso, razão, lógica). Sonhos com Entes falecidos podem remeter a dimensões coletivas ou podem estar relacionados apenas a conteúdo arquetípico pessoal (Seu). Neste caso parece-me reabertura de conexão com sua gênese, com o eixo, conexão com conteúdos pessoais que podiam estar perdidos, esquecidos, no universo psíquico. Encontrar a rosa pode significar um reforço dessa ideia de reconexão. A rosa é símbolo de regeneração, taça da vida, alma, coração, amor. Centro místico. E a casa naturalmente está associada a reconstrução de sua casa pessoal.
A reflexão seguinte é o propósito. Você internamente está realizando movimentos de superação e transformação. Só mudamos nossa realidade externa quando nos transformamos. O sonho é de confronto e você o utiliza para superar desafios e medos, mesmo que ainda exista angústia e dificuldades para focar no que precisa ser focado, ou desvios que chamem sua atenção. Mas os indícios são de superação, e mudanças na sua relação com o que essencial, a sua relação consigo mesma e com a realidade.





2 comentários:

  1. Estou curiosa em saber mais do meu processo de transformação atraves de outro sonho que tive: Sonhei que minha irmã estava fazendo a cabeça de minha mãe contra mim sobre algo relacionado ao quintal. De tempos em tempos costumo ter algum pesadelo familiar desse tipo. O diferencial da realidade é que, na maioria dos sonhos, eu exponho o que penso e sinto, enfrentando os outros até mesmo com gritos quando meu nervosismo é grande. Nesse sonho nós estávamos dentro de um ônibus quando eu combati minha irmã com uma fala que todos que estavam dentro do veículo silenciaram e nos olharam, não porque eu houvesse gritado, mas por ter dito algo um tanto chocante. Eu havia dito ‘Quero ver quando ela – a mãe - ficar doente e alguém tiver de cuidar dela. Quem vai estar com ela nessa hora? Eu sei que tudo é dela, mas quem cuida sou eu, porque ela já está idosa – disse isso querendo mostrar que eu cumpria meus deveres e exigia meus direitos de ter ou fazer algo do meu agrado como uma troca justa. - Quem está morando com ela sou eu...’ e fui falando todas as minhas justificativas e argumentações. Conseqüente a essa discussão nós fomos parar num tribunal. Eu entrei pelo local e parecia ter permissão para adentrar em todas as salas. Depois de passar numa sala donde estava sendo feita uma reunião eu fui para a sala donde seria julgada. Estava super tranqüila e fiquei ainda mais quando o juiz cumprimentou-me num aperto de mão e disse que ia ser fácil deferir meu ponto de vista, trabalhar em tal causa e ficar a favor de uma mulher como eu. Agradeci-o enquanto ele beijava minha mão e em gesto de gratidão beijei a mão dele também. Não nos conhecíamos, mas fiz isso como se fossemos grandes amigos. Esse ponto do sonho também demonstra uma atitude que difere muito da realidade, tanto da parte do juiz quanto da minha em retribuir beijando-lhe a mão. Seria me desconhecer muito se tivesse tal tipo de atitude na vida real. Porque os sonhos apresentam esses contrastes de personalidade?
    Na seqüência eu já estava numa sala donde íamos assistir a repetição de um filme infantil ou algo do gênero. Tirando as crianças, todos os demais eram casais, de forma que a única pessoa não acompanhada era eu. Achei aquilo estranho e fiquei meio que esperando, como se eu tivesse um acompanhante que ainda não estava ali e que de um momento para outro fosse chegar. De repente apareceu um homem malvado e disse que queria a mulher que estivesse sozinha. Eu saí correndo e subi numa espécie de mirante de madeira ainda em construção. Eu pensei que o homem mal não fosse me encontrar ou conseguir chegar lá em cima, mas magicamente ele foi se aproximando e subindo na rampa feita com taboas de madeira. Nisso eu bravamente peguei uma comprida lasca de madeira e tentei empurrá-lo. Ele segurava uma espécie de lâmina de barbear e aquilo parecia um instrumento tão pequeno que não tive medo, mas quando ele encostou-a no pedaço de madeira, este se desintegrou como se estivesse podre. Entretanto, não sei ao certo se ele desequilibrou ou o quê aconteceu, mas logo em seguida ele caiu do local, o qual era alto o suficiente para fazê-lo desfalecer.

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  2. Continuação... Um pouco assustada eu desci do mirante e subi numa árvore de pinheiro próxima, pensando que ali ele não me encontraria quando acordasse. O tronco da comprida árvore tinha uma casca externa rugosa, mas não tinha nenhum galho e só mesmo em sonho para conseguir subir numa árvore daquele tipo. De repente vi que o pessoal da sala na qual assistíamos ao filme infantil ia chegando. Pensei de descer da árvore e então notei que embaixo dela estava uma outra de mim desfalecida. Essa outra vestia um vestido longo bem rodado igual uma princesa. Como se fosse impossível eu me dividir em duas e estar uma parte viva e outra morta, fiquei me questionando quem deveria ser aquela outra ali desfalecida e tão parecida comigo.
    Enquanto alguns foram ver se o homem mal estava morto – nesse momento eu já tinha certeza que ele realmente morrera - outros choravam ao achar que eu estava morta também. Depois de levarem o corpo da ‘parte de mim’ que por certo morrera, uma outra mulher e um rapaz mascarado apareceram em baixo da árvore como se soubessem que eu estava no alto da mesma. Daí eu desci e o rapaz tirou a mascara. A mulher me disse: ‘Está aí seu príncipe, você o libertou’. E realmente era ele, um alguém que dentro do sonho eu conhecia e amava plenamente, mas fora do mundo onírico é alguém que nem se quer conheço. Extremamente feliz beijei-o e saímos abraçados atravessando entremeio a uma multidão de carros congestionados numa larga avenida. Isso aconteceu como se todo o cenário anterior, o qual parecia uma espécie de floresta, houvesse se transformado instantaneamente numa cidade grande. E o estranho foi ter saído junto dele sem nem lembrar das demais pessoas que por certo continuariam achando que eu estava morta. Logo em seguida acordei. Como nossa mente cria personagens que não existem na realidade e nos faz viver algo em sonho como se fossemos super íntimos e afins desses mesmos personagens? No sonho eu parecia ter encontrado minha alma gêmea de tão emocionante e bom que foi o desfecho final. Isso é só um sonho compensatório? O que faz os sonhos terem características de uma história infantil? Será que tudo isso tem algum sentido perante minha vivência?

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