sexta-feira, 13 de agosto de 2010

SACRIFÍCIU ÍGNEU

   Los Angeles - Fogo Coletivo - Ritual de Fuga
Carla 143

No terceiro sonho eu estava com minha mãe e irmã num local donde havia um grupo tribal fazendo um ritual penoso de elevação da alma, algo difícil de ser assistido, tanto que minha irmã recusou-se de presenciar o mesmo. Haviam dois gatos amarados por uma das patas e supunha-se que eles tinham de assistir o ritual, como se eles fossem prova do mesmo, ou talvez como se o ritual fosse feito para aquele casal de gatos, mas os mesmos não estavam nem aí para o que se passava ao redor, pareciam apenas estressados por estarem presos. O ritual era feito amarrando-se jovens numa espécie de maca e botando fogo, mas logo em seguida o fogo era apagado, ou seja, o processo ocasionava queimaduras terríveis, mas não chegava a matar ninguém. Também não quis assistir àquilo e assim que o primeiro jovem começou a gritar enlouquecidamente ao ser queimado, fiz questão de retirar-me indo embora com minha irmã e mãe.

Perceba que há pertinência, como sequência, do sonho anterior. A elevação da alma exige sacrifício, e entre os sacrifícios, o domínio do elemento fogo é essencial. Quem não aprende a lidar com o fogo acaba se queimando. No sonho podemos pensar no ritual como o domínio dos felinos, que envolve o domínio das pulsões, dos instintos selvagens, da força destrutiva, do egoísmo.

Em princípio os gatos representam apenas uma pequena manifestação desta força primitiva e selvagem. Poder que com o desenvolvimento, e aprimoramento, aprende-se a administrar e a dominar. Quando não há aprimoramento do espírito, lapidação da alma, essa força selvagem cobra seu preço de maneira destrutiva, o que produz sofrimento e desequilíbrio.

O fogo é agente de transformação, representa a energia em movimento, purificador, regenerador. Existem muitos rito que se utilizam do fogo no processo de purificação e regeneração, bem como festividades ígneas tradicionais como fogueiras de São João, passagem sobre as brasas, fogos de artifícios, que representam a purificação, a sacralização da fonte de calor que propicia a vida, a eliminação ou destruição do mal.

O ritual de sacrifício, de domínio das forças primitivas e purificação pelo fogo, produzindo a regeneração e a transformação da libido.

Ah! Não precisamos de compaixão para eliminar o mal. Quando ele se queima no fogo do inferno é para realizar seu sentido de purificação. Então não há porque ter compaixão pelos que precisam passar pelos rituais de fogo para se purificar. E a dor é a dor da limpeza.

O processo pessoal é assim, o fogo corre em nosso corpo de forma sutil, e quando movimentamos a energia DENSA que busca ressurreição, renovação, reviver, ela invade o sistema e muitas vezes nos queima esquentando áreas que antes eram gélidas.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

FLASH NUMINOSO


  Morte de Géricault -1824
Ary Scheffer -Paris, Museé du Louvre  
Carla141
Primeiro sonhei que estava numa casa conhecida apenas dentro do sonho, quando passaram por mim duas crianças parecidas a anjos. Eram dois meninos, com cabelos claros e cacheados, um deveria ter uns dois anos e o outro uns quatro. Pedi-lhes um abraço e o mais velho veio contente abraçar-me. O outro ficou olhando meio parado como se estivesse envergonhado ou sem saber o quê fazer. Logo em seguida eu fui a outro cômodo donde meu pai estava doente, muito mal de saúde, próximo da morte. Havia mais gente no quarto, porém não me atentei para ver as mesmas. Estava sendo preparado um jantar, pois estavam chegando muitas visitas para vê-lo. Meu pai cantava uma música de natal e eu deitei de bruços nos pés da cama e chorei. Como se lembrasse do sonho donde dissera que a idade das crianças era a representação de Deus na Terra, senti que a velhice também tinha esse potencial de representação. Ele estava fraco sobre uma cama e entoava um cântico tão emocionante que derrubava emocionalmente qualquer pessoa que estivesse forte de saúde. Vale explicar que esse contexto do sonho nada tem a ver com a realidade ocorrida no falecimento do meu pai. Depois fui jantar, pois preferia fazê-lo antes da minha irmã chegar.

A significação e presença de enfermos ou dos mortos nos sonhos, para mim, sempre envolve a nossa relação com o absoluto mistério da existência, a relação com o sagrado, a ambivalência entre a existência corpórea e a existência etérea, espiritual ou apenas simbólica.

Reaparecem as crianças e sua disposição afetiva. Continuo pensando em reconciliação consigo mesmo. É um acontecimento especial e essencial, porque com a reconciliação reconstruímos internamente nossa base, estrutura que referendará uma nova forma de relacionar-se com o mundo. E essa nossa base sendo construída a partir de uma relação afetiva harmoniosa consigo e com o mundo, abrirá a possibilidade de constituição de relações harmoniosas, e essencialmente gratificantes, pois construídas com o afeto na comunhão.

A imagem do pai enfermo que entoando cantos que despertam a sua emoção parece-me uma imagem arquetípica. Podemos considerar algumas possibilidades, isto quer dizer que não precisamos ficar presos em um significado, mas todos eles podem ser relevantes:

1. Já disse que o tempo psíquico, e a dimensão de tempo do universo, diferem da grandeza de tempo criado pelo homem. O tempo do homem é uma medida construída para orientar nossa realidade a partir da formação de nossa capacidade transcendental que nos permitiu pensar e apreender, conter, o passado já vivido, o presente que vivemos e o futuro que viveremos.

Mesmo que seu pai já tenha falecido a configuração psíquica não incorporou a sua ausência como morte, seu falecimento não foi configurado, não foi elaborado, apreendido. Isto pode ter ocorrido por defesa, para lhe proteger de descompensação, desestruturação, culpa, ou sofrimento pelo não vivido ou que pudesse lhe deixar lesões psíquicas em decorrência da incapacidade de elaborar, compreender o significado do fato na sua formação, na história da sua relação com seu “Pai”.

Assim a reconstrução da imagem (independente de realidade) do pai enfermo, lhe permite viver a separação, a partida, a despedida, envolvida pelo cântico numinoso, que rompendo as defesas, protetoras, desperta o sentimento, a emoção profunda, e permite-lhe, pelo quadro pintado, sentir e expressar a angústia, envolvida pelo cântico, e viver a dor da separação e da  morte anunciada do Pai;

2. O Cântico de Natal anuncia o nascimento do filho de Deus, o renascimento dos homens, é a pureza da emoção, o Júbilo pela graça, e no sonho é o canto que emociona, porque todos são encantados. O canto que invoca pode significar a diferença entre a capacidade de resistir e viver e a incapacidade de resistir e morrer. Mas no sonho parece-me que ele vem para romper as barreiras e as defesas do afeto, que no seu caso apareciam blindados. Nova consciência se forma abrindo espaço para se relacionar diferentemente com as emoções;

3. O Pai incorporado está enfermo e padece. Precisamos matar o pai, matar a mãe, sem suicidarmos. É preciso matá-los simbolicamente, para que possamos nascer como indivíduos livres, únicos e plenos;

4. O pai convida com o cântico, e mostra que o alvo é a emoção que precisa ser liberada, vivida. E na vida finita do corpo a importância de vivermos o aquilo que realmente importa e que faz sentido, o que é essencial;

5. Pode ser a resposta para a origem de sua passionalidade e emocionalidade, origem paterna;

6. Sinalização para fortalecer a sua resistência emocional, se preparando para os momentos futuros de grande impacto emocional, que são inevitáveis, lhe permitindo evitar que sucumba a estes momentos, ou para diminuir sua suscetibilidade emocional frente ao domínio do “encanto”.

O cântico envolve um efeito numinoso, um estado de encantamento, divino, transcendental, semelhante ao chamado das paixões, ao canto das sereias, que atrai e leva o homem a entrar e desaparecer, à noite, no mar. O encantamento é tão poderoso porque é como se sentimos o impacto de uma conexão especial com o universo. Sabemos que estamos ligados a um espírito universal, e geralmente nos entregamos a essa transcendência. 

E depois você foi jantar porque a vida continua e precisamos nos alimentar para manter acesa a chama viva.

Após momentos numinosos que envolvem tanto poder, magia e emoção, nunca mais somos os mesmos,
a consciência se transforma. e a vida vai cumprindo seus desígnios, porque é assim que a música toca.


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

ESPÍRITO DE CORPO



CARLA140

Essa noite sonhei com a mesma jovem do sonho de outrora, aquela que apanhara no rosto. Estávamos no meio de uma turma de 'amigos' e ela começou a chorar ao conversar com um rapaz dizendo que ele não quisera dançar com ela. Ele respondeu alguma coisa se justificando (algo que não recordo) e ela comentou que a 'Fulana' inclusive ficara chateada com ela por causa de alguma coisa que também não está lúcido em minha mente agora. Isso me pareceu uma sequencia ou explicação do sonho anterior, mas acabou ficando um tanto vago. Parece que havíamos acabado de sair de um local de dança, estilo boate, e eu inclusive nem gostara do mesmo. Achei a reação dela exageradamente carente, pidona e melosa, mas ao mesmo tempo sincera, expressiva e espontânea. Eu conservava apenas uma certa insatisfação, pois preferiria ter tido a chance de ter ido a outro local dançante que era mais do meu agrado, entretanto, me vira sem opção de carona e quisera experimentar de sair com tais 'amigas', ou seja, me ariscara ao desconhecido.

Depois disso eu já estava com uma mulher, a qual segurava uma criança que ia fazer um ano de idade e um homem, pai do menino. De repente ela entregou a criança para mim dizendo 'vai com sua mãe'. De certo modo eu sabia que o filho era meu, mas ao mesmo tempo era como se não fosse, pois eu sentia nossa ligação distante. Interessante que a mulher que o segurava era tia dele, mas não era a minha irmã. Talvez fosse uma babá e daí ser considerada uma 'tia' também. Peguei-o no colo e comecei a conversar com ele sobre sua festa de aniversário, se ele ia querer bexiga e o que mais ele ia querer. Ele respondeu que ia querer bexiga, mas estava um tanto disperso e pareceu não se agradar muito do meu colo. Também não existia da minha parte o sentimento terno da maternidade: era como se apenas naquele momento eu me desse conta daquela realidade de ter um marido e um filho, algo que me deixou confusa.

Por fim, ao menos das minhas lembranças, também sonhei que arrastavam alguns corpos que pareciam embalsamados com uma substancia amarelada. Os olhos estavam arregalados, os punhos e tornozelos atados com fita branca. Quem os carregava segurava-os atrás das costas (igual alguém algemado) nos punhos atados do cadáver. Assim os cadáveres eram carregados meio dependurados. Vi passar por mim dois corpos e alguém me disse que eram um casal de jovens, dando-me todas as características e informações de ambos. Eles mantinham os olhos arregalados como se me olhassem, embora nem parecessem mais com olhos humanos. Eles foram jogados sobre um monte de outros corpos já preparados. Acordei logo em seguida. Não foi um sonho tenso, mas muito intrigante. Eu não tive medo e nem senti pena, apenas fiquei curiosa para entender o que realmente era aquilo e por que motivo eu estava presenciando aquilo. Que simbolismo tais sonhos me trazem?

Essa jovem parece com você? “Achei a reação dela exageradamente carente, pidona e melosa, mas ao mesmo tempo sincera, expressiva e espontânea.” Ela não parece, ela pode ser você! Ela pode ser o espelho desse seu lado. Agora mais diferenciado, onde você consegue distinguir essa sua característica de relacionar-se com a realidade de uma forma um tanto quanto birrenta. Natural que o lado negativo seja sustentado por conteúdos manifestos positivos, assim uma característica justifica a outra, mais, alimenta a outra, pois o positivo serve de dreno, captando a energia que alimenta a vaidade, para sustentar esses núcleos autônomos..

A relação com a criança no seu caso se torna significativa pelo exercício do afeto. Sua dificuldade de expressar afeto era mais evidente do que as incursões afetivas que agora você se permite. Por outro lado parece-me também o estabelecimento de relações mais harmônicas consigo mesmo, como se reestabelecesse uma conexão afetiva, resgatando seu lado afetivo, se reconciliando com a esperança, que é projeção do afeto.. E finalmente, essas crianças representam conteúdos infantis, carente e dependente de cuidados alheios. Você acolhendo seu lado infantil, dando mais assistência, favorecendo o seu desenvolvimento, cuidando de si mesmo, esta é uma forma da psiquê operar a transformação de conteúdos, através de reconciliação, .

Rituais fúnebres sempre são intrigantes. Neste caso duas considerações:

Mortos já não possuem o “Élan”, são corpos desespiritualizados, que não realizam a função de casa dos espíritos. Não possuem a ânima que os anima, a alma que os movimenta. Inertes como massa, matéria inerte, que retorna a terra para ser o que é pó.

Como confronto, sua resistência é positiva, sinaliza mais força, resiste ao drama do fim da vida, e você observa mais diferenciada. Aceita a realidade, sem drama;

Os olhos são a janela da alma, para o espírito. Você observa olhos esbugalhados sem visão porque não há janela para mais ninguém, o divino se foi. Esses corpos podem representar conteúdos internos mortos em processo de transformação, retornando à origem, sendo dissolvidos, dissociados.

Questões: Falta-lhe espírito, alma? Você se sente morta? Morrendo? Ou já se sentiu assim, em passado recente? Será que você se esquece dessa nossa realidade cruel, sermos finitos, quando valoriza em excesso o banal?

Retornamos a uma questão essencial; é fundamental sabermos priorizar o que é importante nessa vida. Na sociedade moderna, sociedade narcísica, caprichosa, vaidosa, etc, muitos se enriquecem vendendo para os tolos o que não tem valor, ouro de tolos. Os tolos ficam como que encantados dando importância ao insignificante.

É preciso aprender a distinguir o que é essencial e o que não é. Colocar cada coisa no seu devido lugar para não ser massa de manobra de grandes corporações que vendem ilusões como se fosse preciosidades. É preciso aprender a separar o Joio do Trigo, eliminar o lixo, abandonar o insignificante e focar o olhar naquilo que enriquece e aprimora o espírito. E possível ter bens que tornam nossa vida mais confortável, mas eles não precisam nos aprisionar e ditar nossa vida.

Quando escolhemos uma estrada para seguir precisamos saber que essa escolha definirá o conforto emocional no futuro. Quando investimos no desenvolvimento pessoal, acumulamos instrumentos que serão preciosos no amanhã, porque inevitavelmente eles serão necessários. Quando investimos no inconsistente, amanhã ele se mostrará insignificante.

CAIXÃO NÃO TEM GAVETA.

Mas o espírito pode ser leve, criar asas e aprender a voar.

Reflita.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

NATUREZAS OPOSTAS – FACES DE UMA MOEDA


Carla 139 - II

Diferente disso lembro que estava num local aguardando alguma coisa e haviam várias pessoas que não sei ao certo se eram conhecidas ou desconhecidas. Sei que haviam duas amigas minhas que por duas vezes começaram a se agredir. Houve um momento que uma delas puxou a outra pelo braço e depois de levá-la para um canto deu-lhe dois tapas tão fortes no rosto que fiquei chocada com aquilo. Era muita agressividade e humilhação, independente de quais fossem os motivos daquela briga. A que apanhava não se colocava como vítima e nem revidava, era como se ela entendesse a revolta e raiva da outra, mesmo que não fosse justo aquela reação tão pesada. Embora sem defender-se, ela parecia muito segura de si encarando a outra de frente, enquanto eu, na posição de espectadora, parecia sentir medo por ela, pois a outra poderia machucá-la muito daquele jeito ou até mesmo matá-la de repente. A postura da que apanhava parecia dizer por si mesma: 'a verdade é essa e estou aqui para encarar os fatos, mesmo que seja sendo agredida fisicamente'. Era como se ela assumisse não a culpa dos fatos, mas a culpa da irritabilidade provocada na outra. Fiquei observando a cena, achando aquilo uma insanidade e, ao mesmo tempo, curiosa, pensando no motivo que ocasionara tamanha agressividade. Era como se eu não pudesse acreditar que aquilo estivesse mesmo acontecendo.
Pouco depois fui chamada para comparecer numa sala e assim fiz junto de uma outra jovem (não lembro se entrou mais alguém). Haviam duas cadeiras: eu sentei numa delas e a jovem ao meu lado apoiou o joelho na outra cadeira ficando em pé. Em seguida entrou um homem e indiretamente demonstrou que queria sentar. Falei para ele usar a cadeira ao lado já que a jovem não estava sentada na mesma. Sendo mais direto ele disse que queria sentar no meu lugar. Então eu me levantei o ofereci o lugar para ele. Interessante que eu me senti um tanto honrada por isso. É como se ele não fosse um homem qualquer, ou como se a escolha dele valesse mais do que o mero interesse de sentar-se. Embora ele parecesse superior a mim de alguma forma, a cena do sonho o colocou num nível figurativamente abaixo e por vontade dele próprio. Ele não quis ficar lado a lado comigo em igualdade, mas quis tomar a minha frente, embora abaixo de mim. Ao menos essa foi a sensação que captei. Não sei qual assunto seria tratado ali, mas meu posicionamento de participação ficou diferente e não sei se isso significa algo bom ou mal. Se ele for uma representação interna talvez seja bom, mas se for externa, provavelmente seja ruim. Estou certa?
CONCEITOS PRIMÁRIOS, BÁSICOS,
SOBRE A ORIGEM DA VERDADE COMO ARQUÉTIPO,
ALÉM DO CONCEITO MORAL, RELIGIOSO OU ÉTICO.
O sonho sinaliza conflito entre dois conteúdos distintos ou princípio diviso em unificação, um conteúdo bipolarizado. Um conteúdo que não se unifica tem a tendência de manter uma tensão de quebra ou fragmentação, são eles:

  •  A verdade (a pulsão transformada); 

  •  A Força (a pulsão primária, instintiva).
A verdade como formação de principio nasce na configuração genética, como arquétipo já que é conteúdo que a partir do inconsciente serve de referência para vários outros princípios entre eles aquele que define a relação com a realidade. Quando o individuo não fortalece o "Principio", e em geral isso acontece quando por medo, necessidade de sobreviver em ambiente hostil, ou tendo que compensar desequilíbrios internos decorrentes da existência de figuras ou imagens ameaçadoras, desenvolve respostas de evitação, ele enfraquece o 'principio' e abre espaço para que a força, a configuração energética que sustenta o arquétipo promova a deformação de sua configuração, e isso acontece na geração de respostas instintivas e agressivas, geradas por conta da desestabilização do sistema.

O sistema enquanto não unificado é impermanente, portanto oscila, a variação da oscilação ou da instabilidade pode ocasionar a divisão, a perda da configuração original, obrigando a psiquê a se reordenar, a se rearranjar na forma que for possível, e pode levar o individuo a perder o rumo de seu eixo.
Alguma coisa assim, quando o sujeito sai de uma referência, uma linha reta, por um centimento em quilometros isso poderá significar um grande afastamento do eixo. Como enquanto vivo ele continua conectado, isto significará uma vida psiquica de muita instabilidade e pouca harmonia. A oscilação será de alta variação.

                                                 Variação harmônia e instável, fora do eixo


É importante que se entenda que “a verdade” é mais do que questão ética, moral ou religiosa. Ela é o arquétipo que referencia a relação saudável do sujeito frente à duas realidades: a realidade externa e a realidade interna.
  •  A realidade externa, o mundo, exigi-nos uma configuração de compreensão, compressão, que permite seu enquadramento dentro de parâmetros aceitáveis pela fragilidade psíquica para aprender a ver essa realidade de uma forma ordenada que a permita construir “um mundo” em que possa circular com certa segurança.
Daí nossos limites e filtros sensoriais como limite auditivo, frequência sonora, visual, limite do espectro de luz, Tátil, codificado entre o prazer e a dor, olfativo, codificado entre os aromas de prazer e de repulsão e Gustavo, acrescidos pelo sabor textura, etc.
Lembro-me agora do filme “Quem Somos Nós” quando o selvagem olha para o mar e não vê o navio, e o Paxá consegue distingui-lo no horizonte. O sujeito comum fica aprisionado na segurança da percepção do conhecido, enquanto o sujeito mais afeito ao desconhecido possui uma configuração que amplia a sua capacidade de percepção e o permite “Ver” além do comum.

  • A realidade interna representada pelo inconsciente que é um conteúdo complexo, infinito e desconhecido. Se o externo se caracteriza pela expansão infinita para o macro, o interno pela expansão infinita para o microcosmo. E nos no meio, sem nem sabermos que somos nós.
Se não há distinção ou limites para o perceptível, a realidade externa se confunde com a interna produzindo um ser esquizofrênicos, psicótico, resultado de infinitos fragmentos de que não se associando, não permitem o surgimento de um núcleo composto que faça a conexão entre esses dois universos, distinguindo a realidade externa e a interna.
Isto tudo para dizer que a Verdade é princípio de configuração que nos permite dentro deste múltiplo universo, uma referência para distinguir de maneira segura a realidade, aumentando as nossas possibilidades de sobrevivência neste mundo.
Quando deixamos de nos referendar neste princípio, nesta “verdade” abrir como que uma caixa de Pandora onde a consequência imediata, mesmo que não perceptível, é a perda da ordenação e a reconstrução de realidades psicóticas, dissociadas, fragmentadas, dissolúveis, desconstruídas, e imaginária; a doença. Inicialmente como neurose que avança para estados mais complexos de distúrbios e dissociação.
Nossa natureza permitiu a existência de dois hemisférios cerebrais, mas nós somos quem os unifica.
Obs.: Esses conceitos não são Junguianos, eles são Pós-Junguianos. Quando os divulgo é para favorecer a comprensão de um sistema que precisa  de luz sobre ele. perdoe-me se não consigo torná-lo mais compreensível
O SONHO
Surge o confronto entre um conteúdo diviso que busca sistema em equilíbrio e integração, se o princípio que fortalece a conexão com a realidade fica frágil, a força prevalece ao simbólico.
A verdade aparece frágil, em processo de desenvolvimento, constituindo formação de configuração mental (referências de princípios de conduta constituídos na sociabilização e transformação de conteúdos de inconsciente).
A força aparece de forma reativa, como pulsão primitiva, agressiva, castradora. Principio destrutivo, núcleos de desconstrução, polarização e divisão; resistência; ausência de codificação social; Figura de autoridade imposta; transgressão.
No conflito entre opostos de mesma natureza de conteúdo, ou de natureza de conteúdos opostos, vemos a postura passiva e a atitude ativa, reativa. Você surge como mediadora observadora. Em princípio omissa. Observa as naturezas antagônicas. Percebe a irracionalidade, a insanidade, a força destrutiva dos conteúdos não desenvolvidos ou não amadurecidos.
A verdade frágil sofre impacto, apanha, se permite firme no propósito, aparenta resistência, mas se deixa vulnerável frente à força da pulsão destrutiva que ameaça sua integridade.
A pulsão sinaliza o fortalecimento reativo a partir da irritabilidade. Lembre-se que no sonho anterior falei do desgaste e do sintoma de irritabilidade que poderia aflorar. Esta irritabilidade, seja decorrente da liberação ou formação de conteúdos autônomos ou como sintoma da descompensação energética do corpo, tende a desestabilizar as funções psíquicas em decorrência de polarizações que é capaz de gerar (polarizações de sub- campos eletromagnéticos que passam a interferir na configuração cerebral).
Para compreender: Com a descompensação energética o cérebro tenta equilibrar suas funções liberando energias ou abrindo filtros de resistências e bloqueios mentais que estavam sob controle. As condições cerebrais propícias permitem que estes núcleos autônomos passem a circular e a ter poder de se manifestar. A consequência pode ser uma energia que o sujeito ainda não tem o poder de controlar e que se manifesta promovendo ações musculares, reação de alarme que alteram as funções orgânicas através da liberação de adrenalina, impostação de voz decorrente das alterações circulatórias e respiratórias, e em caso extremo, reações comportamentais agressivas projetadas no exterior como ação destrutivo-defensiva.
A força não tem razão, é uma energia que quando é liberada no corpo, precisa de um estímulo que a acione. O acontecimento aciona a resposta do individuo que promove a mobilização do comportamento.
No sonho o conflito pode ser entre o novo conteúdo (referência de princípios) que reordena as configurações conceituais, os limites, as atitudes, e os velhos conteúdos (atitudes defensivas, impulsivas, reativas) que anseiam por transformação, mas que precisam ser reeducados, reformados, transformados. Lados de uma mesma moeda.
Internamente não adianta se permitir ser conduzida. E mais sensato que não deixe de se conduzir, que interfira nas suas pulsões, faça escolhas sensatas, utilizando o “bom senso”e comande a sua vida aceitando riscos, pagando o preço e as consequências pelos seus atos.
É necessário que se referende em princípios, não importa qual, se moral, ético, religioso, científico, filosófico, ideológico. Mas tenha-o como referência. E seja firme no seu propósito. Quem não os tem são como tábuas abandonadas ao mar, levadas pelas correntes e forças marítimas, nunca sabem onde vão dar.
É de direito desconsiderar a referência interna, os sinais internos, de um sistema que busca estabilidade, mas o preço pode ser elevado. Existem processos, que promovem sofrimentos e lamentos desconfortáveis, que após serem desencadeados não permitem reconstruções.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

PROGRAMAÇÃO MENTAL


     Rítmos Mentais - Alerta amarelo!

Carla 139

Essa noite sonhei muito que atendia ligações, que conversava a respeito de médicos, de exames, etc. É como se eu saísse do meu trabalho, mas continuasse a trabalhar nele mentalmente ou psiquicamente durante a noite. Acho que minha mente anda sobrecarregada, pois ultimamente toda noite tem sido assim.

Este é um sinal significativo de que os centros compulsivos, pela ultrapasssagem dos limites funcionais, estão sendo acionados em decorrência de suas exigências e pela forma como você funciona mentalmente. A atividade na vigília é repetida na atividade onírica, pelo excesso de estímulos repetitivos no trabalho, ou pela forma como o sujeito responde à realidade. Muitos são aqueles que mesmo em atividades praticas desenvolvem a repetição das tarefas ao nível do pensamento. O sujeito vai realizar uma ação e a realiza na prática e a revisa mentalmente antes e posteriormente à ação prática.

Desta forma ele promove imputs seguidos e repetitivos, como se fossem atividades mentais de registro e de reforço ao registro. A memória recente fica congestionada, e no repouso a psique realiza uma ação refiltragem e de ordenação para descartar o lixo mental, os resíduos das imagens mentais, e registrar apenas o que é necessário.

Este fenômeno é uma prova de que os sonhos de atualização são sonhos de regularização e registro na ordenação tempo/espaço da memória, para que quando estes centros sejam evocados o cérebro possa responder de forma rápida à necessidade do individuo.

Por isso, o sonho sinaliza a importância de desenvolver novas formas de responder às exigências da realidade, novas formas mentais de funcionar ou de lidar com o processamento cerebral naquilo que depende exclusivamente de nós mesmo.

Neste caso, frente à exigências de suas atividade, o cérebro reprograma seus limites para atender suas necessidades. Naturalmente voce leva seu organismo para zonas de perigo, de geuerra, pois funciona nos limites de suas possibilidades mentais. o que leva à descompensações, e irritabilidade, angústia, depressão, insonia, e em vigilia à hiperatividade mental, atividades compulsivas.
Este para mim é um dos grandes e dos mais significativos ralos energéticos que levam à Sindrome do Stress, esgotamento mental - DRAINED MIND. Alerta amarelo!


domingo, 8 de agosto de 2010

RELAÇÕES NATURAIS

CARLA 138

Tive mais sonhos que creio ser compensatórios, pois eu estava sem reservas, sem defesas. Num deles eu estava chegando num local donde havia um rapaz saindo. Quis despedir-me dele com um abraço e também trocamos um beijo no rosto, mas ficou claro que, na pressa de sair, ele só se despediu de tal modo porque eu fiz a venha de uma despedida mais afetuosa. Aliás, por super incrível que pareça, foi automático para mim aproximar-me dele com tal intenção. Depois disso comecei a conversar com outro rapaz que estava sentado comendo algo. Nisso veio uma senhora que falou algo e interrompeu a conversa. Quando ela se retirou, tanto ele, quanto eu, já não lembrávamos o assunto discutido. Ele perguntou se eu lembrava e disse que esquecera, sendo sincera, embora estivesse por um triz de lembrar. Daí afirmei que não estava fazendo pouco caso do seu relato, pois estava interessada em tudo o que ele tinha para me dizer.

Em tais sonhos parece que a minha real necessidade de ser apreciada se transforma numa preocupação de apreciar o outro, de valorizar a companhia, a conversa ou a necessidade alheia. Eu seria exatamente assim se conseguisse não ser tão focada exclusivamente em meu próprio ser, nos meus próprios defeitos, naquilo que em mim condeno. É muito boa a sensação de entrega sem bloqueios, mas esta apresenta um gigante contraste com relação à vida real. Creio que tenho um longo caminho para seguir nessa infindável busca pessoal de ser um pouco daquilo que por vezes me apresento sendo dentro dos sonhos.

Também sonhei que estava num outro local, parecia uma mansão, cujo jardim era repleto de muitas variedades de flores bonitas. Haviam rosas coloridas, perfeitas e lírios brancos em grandes quantidades. Interessante que eu estava sem máquina fotográfica, mas como se não quisesse aceitar o fato, chegava perto das flores e tirava foto ilusoriamente. Eu quase conseguia crer que, de algum modo misterioso, eu ia conseguir ter cada uma daquelas fotos comigo posteriormente. Houve um momento em que fui ajudar alguém a encher um vaso de uma planta com areia branca. Parecia areia de praia e estava molhada. Além disso, creio que nesse mesmo local, havia várias piscinas e um tanque donde fomos fazer um ensaio de uma dança, ou qualquer coisa do gênero, com um golfinho. As lembranças são embaralhadas e pouco consigo relatar dessa parte. Qual o simbolismo desses sonhos?

Frente à suas dificuldades de aproximação ou de manifestação afetiva, pode ser compensação, mas pode ser a psique mobilizando seu intento afetivo que define na realidade essa manifestação natural de afeto. Sabemos que a questão não é de falta de afetividade, mas de dificuldade de expressar, principalmente porque, sua resposta diante de sua realidade sempre foi a de solicitar afeto, ser amada, ser atendida em suas necessidades afetivas, em sua carência. Quem solicita não dá, porque não tem para dar, tem para receber e acumular. Portanto, a compreensão e as mudanças que empreende leva-a à uma nova disposição diante da realidade, novas atitudes, novos comportamentos. Isto se aprende através do exercício. Diminuindo o medo, a ânsia de receber, se descobre a possibilidade de expressar.

Olha que interessante: quanto maior a demanda para receber, maior a carência, as expectativas, os riscos de frustrações. Quanto mais expressa mais se recebe. Quando o sujeito deixa de esperar e vai de encontro à sua necessidade ele a sacia. Ele não precisa ficar esperando o beijo, ele vai e da o beijo, beija, sacia a necessidade do contato, da troca. O sujeito pode ter a carência por ficar esperando que o outro sacie o seu desejo. Assim se oferece para que o outro a utilize como objeto que saciará o seu desejo. Equívoco e confusão. Tá com fome? Corre atrás do seu desejo e sacie sua fome ao invés de ficar esperando que o outro descubra a sua fome para te dar a comidinha na boquinha.

A segunda parte do sonho envolve o seu foco de atenção, sua seletividade de foco. “... necessidade de ser apreciada se transforma numa preocupação de apreciar o outro, de valorizar a companhia, a conversa ou a necessidade alheia.” Você que ser o foco do outro mas faz do outro o seu foco, para que ele te faça o foco dele. Você quer ser o foco do outro, quer seduzir o outro, conquistar sua atenção, dominar a atenção dele, e mostra isso entregando ao outro sua atenção. Será que você acaba passando a ideia de pegajosa? Melosa? Pare o disco! Ponha outro. Tente outra tática. Relaxe! Usufrua o prazer de conviver, sem pré-intenção, sem querer ser Don Juana. Deixe o outro te conquistar.

O paradoxo parece-me este, você fica tão focada na sua intenção que não presta atenção no outro, no entorno, no acontecimento.

A continuidade do sonho parece-me a sequência da mensagem. Tem sutiliza nesta continuidade ou na relação entre você e o seu mundo. Reflita! Quando você se encanta com a beleza da flor você tenta seduzi-la?

Sua intenção é apreender o momento, deseja fotografá-lo, tomar posse, possuir. Mas não tem a máquina e descobre que você não precisa do instrumento, basta apreender com a visão. Você não tem que ter, tomar posse, não tem que possuir.

Talvez essa seja uma diferença, onde não tem que haver diferenças. Aprenda a relacionar-se com as pessoas da forma como você se relaciona com a natureza, sem precisar tomar posse. Aprenda com a espontaneidade na relação com a natureza para aplicar essa espontaneidade na relação com os homens e com as pessoas.

Parece-me que seu Incs. indica-lhe esse caminho na mensagem: Seja espontânea, natural, que se tornará ampla, tão ampla, pois natural. Plante flores, colha beleza, perfumes. Plante afeto colha prazeres, emoções, sinta-os e depois... Plante mais... Cuide... Para colher mais frutos. A dança pode estar relacionada a esta espontaneidade que se faz necessário, outra referência de trato, a necessidade de movimentos mais harmônicos e a areia, bem... A areia é a passagem, o pó, o transitório à beira do oceano primordial que nos ensina que tudo é passageiro, que a posse é ilusão, a necessidade de purificação e regeneração, absorve a água, mas não a aprisiona.

A armadilha do desejo

 é querer aprisionar a SENSAÇÃO,

 e a sensação é fugidia

 como o universo,

que é... Impermanente.

bye.

sábado, 7 de agosto de 2010

ORNAMENTO DIVINO

  imagem da BBCBrasil.com
CARLA 137


Essa noite sonhei com um homem que queria cortar meu cabelo. Corri dele e subi numa árvore. Nisso caiu um livro que eu segurava e meus documentos estavam dentro do mesmo. Gritei muito enquanto ele tentava puxar pelo meu pé e remexia nos meus documentos. Depois disso continuei a fuga até que pulei o muro e consegui entrar pelo teto num barraco (espécie de depósito). Interessante que todas as portas de madeira do mesmo estavam trancadas com cadeados do lado de dentro, mas imaginei que seria fácil arrombar uma daquelas portas quando eu pudesse fugir. Olhando por uma fresta da lona lateral percebi que naquele momento eu não ia poder sair dali, pois do outro lado havia uma mulher fazendo algo num enorme caldeirão. Ela olhou para onde eu me escondia como se houvesse escutado ou sentido algo diferente e murmurou 'que Deus proteja meu barraco'. Ali senti-me tranquila, pois ninguém jamais me encontraria.

Os cabelos, localizados na cabeça, simbolizam a força superior e pessoal, a manifestação energética, as linhas de força de sua vida. A força vital, a alegria, poder e determinação pessoal. Mas hoje, o cabelo cada vez mais supera o seu significado simbólico, como força mística, para se transformar num símbolo do narcisismo e da vaidade, como ornamento de um cérebro encantado consigo mesmo.

O ornamento se torna mais importante que o cérebro, na busca por uma imagem que satisfaça as expectativas do outro funcionando como instrumento para sobressair como sujeito. O ornamento se torna mais poderoso que o criador. A criação supera o seu criador. Ornamentar o corpo sempre foi um forma humana de ritualizar e simbolizar a sedução, mas hoje é a propria sedução.

Compensa-se a eliminação  dos pelos pubianos para exibir os orgãos sexuais com a valorização dos cabelos localizados no nível superior do corpo. Mas ainda somos os mesmos primitivos do passado com poucas e raras diferenças.
Seus fantasmas continuam a lhe assombrar. O sonho é de confronto, surge como ameaça para tirar-lhe a força pessoal, castrar sua vontade, seu poder, sua energia, seus movimentos. Naturalmente a castração de sua força implica na perda da identidade tanto como a perda da identidade, dos documentos simboliza a perda de suas referências pessoais, de individualidade, pessoalidade, como singularidade.

Mas veja:

A árvore é a matriz, a raiz, o lado feminino plantado no chão, a fecundidade que se fertiliza com a chuva, a árvore da vida, a referência de suas origens como mulher. Eva colhe o fruto e o oferece a adão, o fruto do pecado, a consciência do pecado. Neste caso a árvore significou a origem do fruto do confronto, a árvore do conhecimento, que ambos por simplismo experimentaram, não porque o conhecimento não era bom, mas por que experimentá-lo significou transgredir a determinação divina, antecipar o desígnio divino. O tempo da ação precisa ser administrado, a espera é exercício, o respeito à lei comum é fundamental.

Aqui neste BLOG você está simbolicamente num galhinho dessa arvore. Experimenta o sabor de se repensar, uma dose do sabor da árvore do saber. Toma consciência de seus pecados e de suas transgressões, e naturalmente constrói ou reconstrói novas referências de identidade. Novos conceitos são incorporados e novos frutos te alimentam e naturalmente, internamente, a psyquê reconfigura-se.

Frente às ameaças você se socorre subindo na árvore da vida, na árvore onde se dá adeus à velha Carla e abre espaço para a nova Carla. Você sobe a arvore com o livro, símbolo do conhecimento que contem sua identidade. Ele cai da mão como o fruto cai da árvore, na terra onde pisamos na realidade. Mas ele puxa teus pés, pés que pisam a realidade e remexe seus documentos, remexe em você.

E você continua a fugir, do homem, da ameaça do homem, com medo de que? De morrer? Da realidade? Da castração? Da autoridade a que não quer se submeter? Do apego, do Orgulho? Daquilo que se faz imprescindível? Pense!

Para budistas, e zen budistas, e outros mais, o corte do cabelo é o símbolo de renúncia da vaidade. Corta-se o cabelo como ato de humildade e renúncia. Se bem lembro, e se não me engano, há no candomblé um ritual de corte do cabelo para oferecimento do corpo desnudo no seu nível superior (a cabeça raspada) à divindade, como símbolo de humildade.

   imagem do filme "O segrêdo"

Foges, corres ou tenta evitar o inevitável? Enfrentar as mudanças que se fazem necessárias!

Você pula o muro e... Encontra refúgio, proteção, na “humildade” de um barraco. Ali você encontra a tranquilidade, naquela humildade.

Na casa do Senhor, ou da Mãe Divina, o mal não nos encontra, pois ficamos blindados com sua proteção. Ela olha e roga “que Deus proteja meu barraco”, minha vida.

Nessa jornada da vida, que muitas vezes se mostra penosa, quanto mais leve seguimos mais longe chegamos. Torna-se imprescindível abandonar os excessos, aquilo que pesa, a mala sem alça, os caprichos, a vaidade, os orgulhos, a arrogância, os medos, a petulância, a violência, a auto importância e tudo aquilo que se mostrar inútil. Seguir com humildade, mesmo que com os cabelos em desalinho, ou sem eles.

Por isso, por todos nós, o rogo:

Que Deus proteja nosso barraco.

QUE DEUS NOS PROTEJA DE NÓS MESMOS

 
    imagem do filme "O Segrêdo"
             
 

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

PORTA ABERTA, CORPO FECHADO, PORTA FECHADA, CORPO ABERTO


CARLA 136

Depois eu estava chegando em casa quando notei o portão e a porta de entrada aberta. Pensei de entrar para conferir, mas notei que ainda havia alguém ali dentro e supus que fosse ladrão. Imediatamente tranquei a porta julgando trancar o ladrão lá dentro e fui até a casa dos fundos. O marido da inquilina dormia. Acordei-o alarmada com o ladrão, mas ele não deu a mínima e só fez virar para o outro lado. Conversei com a inquilina e o irmão dela, mas nenhum dos dois nem se quer pararam o que faziam para me ouvir. Vendo que não conseguia ajuda, comecei a gritar por socorro, a dizer que havia um ladrão na minha casa e decidida resolvi enfrentá-lo sozinha. Quando voltei ele estava tentando abrir a porta do lado de dentro. Corajosamente abri a porta e encontrei minha irmã e cunhado, os quais haviam chegado de viagem. Tudo fora apenas um mal-entendido da minha parte. Minha irmã havia destruído um enfeite de flores, batendo-o na porta, desesperada para que alguém abrisse-a antes que eu conseguisse chamar a polícia sem precisão.

    DINÂMICA PSY

Perceba que há uma mudança significativa na sua dinâmica do inconsciente frente aos acontecimentos. No passado vimos com recorrência o surgimento de ladrões, que representavam ameaças ao seu equilíbrio além do desconforto que promoviam. Agora se pode perceber que sua capacidade de defesa é mais adequada. Você encontra o portão, a porta aberta, se defronta com a ameaça e busca o socorro, solução, denuncia o problema e decide encará-lo. No passado recente sua tendência era a defesa antecipada, que não protegia e a ameaça a descompensava.

E veja a SUPRESA!!! Não há ameaça! Você foi confrontada, como no passado você foi, mas agora mesmo que você venha abrindo mão de defesas neurada, máscaras, bloqueios, medos, dificuldades, sua resistência psíquica aparece mais fortalecida, você não sucumbe de pavor, ao pânico. Busca proteção e não encontrando faz o que devemos fazer, encarar nossas dificuldades, superar nossos medos com atitude, postura. E fantástico! Você é agraciada com a não ameaça apenas a realidade do mal entendido.

Você mudou sua atitude para enfrentar seus fantasmas e descobre que eles se dissolvem, que eles são criações mentais.

Como que aconteceu? A mudança conceitual, a reflexão , mudança de atitudes, o entendimento, a compreensão, a consciência de suas dificuldades, etc. Suas respostas diante da vida modificam a vida diante de seus olhos. O inconsciente aceita a nova dinâmica, aponta o confronto e a nova resposta diante do mundo, do fato, da realidade, fecha a Gestalt. Um passo à frente. Basta isso? Não! Porque não sabemos a profundidade do que precisa ser transformado. Pode ser apenas uma configuração básica que mudou e que exigirá mudança nas subsequentes. Por exemplo:

A partir da pré adolescência as mudanças drásticas do corpo, consequências das transformações hormonais acionadas pelo tempo do desenvolvimento, o tempo do corpo, de seus ciclos, promovem como que o afloramento de um novo ser naquele que ainda respondia como criança. Uma das alterações psíquicas, entre outras, é a elevação do nível de fantasias na atividade mental. Essas fantasias facilitam o desenvolvimento das funções do pensamento e das atividades cerebrais, aumentando a capacidade de percepção simbólica, o raciocino abstrato, o desenvolvimento da apreensão gestaltica do espaço, significações e representações., etc.

Mas mesmo que o processo seja favorável ao individuo, este potencial mental favorece o aumento da produção de fantasias e consequentemente criações imaginárias da infância podem aflorar e determinar o surgimento de medos ou dificuldades que antes estavam sob controle. Assim o individuo precisa reestabelecer novas dinâmicas internas e novas respostas para lidar com esses conteúdos. Muitas vezes ocorre do individuo não possuir instrumental para desenvolver essas novas respostas, consequentemente se utilizara daquilo que possui, mesmo sendo inadequado para o momento.

É o que me parece a sua realidade. Agora, neste momento de dificuldade emocional e instabilidade psíquica, você foi levada a procurar respostas para essas dificuldades e encontrando novos instrumentais, novos conceitos, possivelmente está fechando uma configuração estabelecida como defesa, frente à seus medos e inseguranças, em sua adolescência.

Felizmente as respostas que surgem são mais adequadas à vida do adulto.

Dois detalhes:

1. Você chega a conclusões de forma muito rápida. Seria mais rico um pouco mais de cautela para fazer diagnósticos de realidade mais precisos. Abandonar o achismo. Fazer avaliações mais criteriosas do seu entorno;

2. A avaliação acelerada leva-a à defesa, se fechando, ou aos pensamentos imaginários e persecutórios (no sonho anterior a criança com o medo de ser lesada).

 
   FOCO DE APRISIONAMENTO

Depois havia no quintal da minha casa um monte de gatinhos e cachorrinhos filhotes de várias espécies. Não entendia como aqueles filhotes, principalmente os cachorros de raça, haviam ido parar exatamente ali. Acariciei-os com prazer, mas sem vontade de ficar com nenhum deles para mim. Todos eram muito dóceis, brincalhões, fofos e bonitos.

Você já conhece seu lado gata, felina, arisca e tanto um quanto o outro já apareceram anteriormente aqui. Pesquise Gato no Blog para relembrar as manifestações já ocorridas e o significado simbólico dos animais.

Chamam-me a atenção: o quintal cheio de bichos; O cuidado e as carícias expressas; a diferenciação e o não envolvimento expressos na ausência do desejo de posse. Há um pragmatismo materialista no seu foco de percepção pessoal, que define a sua conduta, e suas escolhas. Naturalmente bicho não representa objeto que desperte ou que mobilize seu encantamento. Você se encanta com coisas extraordinárias. Este pode ser um referencial magistral para você, um diferencial um desafio. Precisamos nos libertar, não do que não nos seduz, mas daquilo que nos atrai, encanta e que nos coloca em um nível perigoso de suscetibilidade. Precisamos nos libertar daquilo que gostamos e que nos faz prisioneiros e não daquilo que não nos prende a atenção.

Neste aspecto penso que você tem um parâmetro perfeito, O Ics lhe oferece uma bela referência: se ligue no que te faz presa fácil. Você se mostra afetiva, mas não se mistura, mantêm-se distanciada, sem confusão emocional. Sabe o quer e o que não quer. É atitude segura diante dos bichinhos, bonitinhos, fofinhos, delicadinhos, lúdicos, e lindinhos. É o que me Veio.

  MEU DESTINO EM MÃOS ALHEIAS

Por fim eu estava saindo de uma espécie de palestra e precisava de uma carona. Qualquer um ali poderia me oferecê-la, pois o destino seria um outro local específico para outra atividade do gênero. Entretanto, notei que algumas pessoas iam lanchar primeiro e, enquanto umas já estavam se retirando, outras ainda estavam conversando numa parte recanteada do estacionamento donde havia uma lanchonete. Foi então que um homem todo vestido de preto igual a um segurança particular colocou-se a minha esquerda e disse que o pessoal com quem eu fora de carona ainda ia demorar um pouco, querendo saber se eu ia esperar ou não para avisá-los posteriormente. Comentei que estava querendo arrumar outra carona, mas estava indecisa no meio de tantas pessoas. Foi então que ele mostrou-me um rapaz que estava sozinho num dos cantos a remexer no seu celular e, como se soubesse tudo a respeito de todos, passou-me várias informações a cerca do mesmo, como nome, idade, graduação, filiação, etc. Decidida fui ao encontro do rapaz desconhecido e me apresentei. Infelizmente não recordo o resto.


A dependência define os acontecimentos em sua vida, seus contatos e aproximações. Mas pode ser uma arma que te abre uma porta e  fecha a entrada. É preciso repensar seus caminhos pessoais, sua libertação.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

AUTONOMIA



CARLA 135a

Sonhei que dirigia um carro e até parecia saber dirigi-lo, mas estava com medo de atropelar alguém. Quando fui estacionar resgatei um bebê que uma menina acabara de colocar num terreno vago dentro de uma sacola de papel. Tanto ela quanto o bebê e a mãe eram de cor negra. O bebê era muito pequeno, mas ao pegá-lo pude ouvir seu coração batendo forte e não consegui não me importar com ele. A menina havia dito para a mãe que ninguém notaria que aquilo era um bebê, pois tinha muita semelhança com uma boneca. Entretanto, ela viu eu recolhendo o bebê e contou para a mãe. Essa deu-lhe uma bronca dizendo que era para colocar lá num momento em que não houvesse ninguém na rua. A mãe pareceu aflita pensando que eu fosse entregá-la para a polícia e eu realmente ia fazer isso, principalmente por não pretender ficar com aquele bebê para mim carro. Saí meia fugida com medo que a mãe viesse atrás de mim e, como se já não houvesse mais, tive que subir uma ladeira caminhando mesmo. Por fim escutei a mãe dizendo que ninguém ia dar atenção ao fato e que eu é que ficaria com o problema sem resolução.

O carro é o veiculo que nos simboliza, como o corpo que é um veículo mediador entre a alma, o espírito, e a realidade. Simbolicamente, independente de ter ou não um carro que lhe favoreça o seu deslocamento, não modifica a representação ou o significado. Ainda que a conquista da carta seja a superação de um estágio de aprendizagem que dá ao individuo o direito jurídico de condução do veículo, e isto represente um símbolo de mobilidade e autonomia pessoal. Se bem me lembro, o seu estágio é o de quem evitou a encrenca de tirar a carteira de direção, relevando o fato de que isto representaria sua autonomia e fazendo a escolha preferenciaç de se deslocar em coletivos ou na dependência de terceiros.

No sonho a indicação é de que você aprende a dirigir a sua vida, ainda que tenha receio de que com sua autonomia suas escolhas e decisões possam passar por cima de interesses alheios.

Parece-me natural a ideia de que você como uma pessoa que sempre nutriu o conceito de abandono e carrega a cruz de abandonada, carente, se identifique com o bebê abandonado no lote vago e escolha resgatá-lo. As crianças vêm aparecendo no sonho, já falamos nessa criança abandonada no sonho anterior, e agora a mensagem vem mais clara; Você está se resgatando do abandono que se infligiu. Foca seu olhar para sua sobrevivência psíquica, como indivíduo. Ainda permanece o conceito de culpabilidade materna, projetado na mãe, a atitude de julgamento, autoridade e a busca de justiça, por se sentir como vítima, injustiçada.

Mas, existe confusão conceitual, e a vítima sai como que fugida, os papeis invertidos, a vítima passa a ser perseguida, o culpado passa a ser autoridade.

Um sinal bacana é a subida da ladeira com seu esforço pessoal, Esse é o movimento pessoal de mudança, a energia que liberada serve para romper com os obstáculos, esse o sinal de transformação pessoal, quando somos tomados de uma força que nascendo do profundo aciona a resposta, aciona o sistema e promove a revolução pessoal, esse o evento que muda o mundo.

E por fim, “Por fim escutei a mãe dizendo que ninguém ia dar atenção ao fato e que eu é que ficaria com o problema sem resolução.” Você é provocada, ou se provoca, acreditando que seu movimento é inútil, que não faz diferença fazer alguma coisa. Não se deixe levar por esses boicotes internos, esses conteúdos que te desacreditam, lhe diminuem no seu poder e intenção de transformar sua realidade, sua vida.

Agora, considerando todas as possibilidades de estar equivocado, surge uma segunda possibilidade: Há culpabilidade por conta de aborto realizado na sua vida, no passada? Se sim, você foge dessa lembrança? Mas nessa vertente me faltam dados.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

SÚPLICA E CONQUISTA






CARLA134

Sonhei que o filho da inquilina ia dormir na minha casa. Nisso eu deixei o que estava fazendo e fui dar atenção para ele. No que cheguei perto ele pediu-me num tom de imploração para que eu não pegasse os brinquedos dele. Disse-lhe que não ia mexer em nada e acaricie-lhe os braços. Ele agradeceu-me de uma maneira tão afetuosa que estranhei. Ele não aparentava ter apenas três anos, pois sua postura era muito madura, inteligente e educada. Eu sabia que com a mãe ele era super manhoso, mas comigo ele pareceu um verdadeiro, embora pequeno fisicamente, ser iluminado. Pensei comigo que tal idade só poderia ser a representação de Deus na Terra por causa da simplicidade, meiguice e espontaneidade tão pura e transbordante. Nisso ele foi dormir no sofá vendo televisão e deitei ao lado. Quando deixei de ver a televisão para conferir se ele dormira, era minha mãe quem estava deitada no lugar dele e estranhei como ela o carregara para a cama e ali se deitara sem eu nada perceber. Essa foi a única lembrança que conservei.

Como já me expressei anteriormente, há limites nesta leitura, porque me faltam dados de suas relações pessoais ou da dinâmica de suas relações afetivas mais próximas.

Chama-me a atenção o comportamento do menino, a atitude de subjugo frente à imagem de poder ou ao medo de perder o que possui. Posse, Apego? Angústia pelo não vivido. Seria este o menino inferiorizado, possessivo e angustiado que habita sua morada? Como inquilino ele aparece dentro de sua casa. Ele pode ser meigo e espontâneo, mas é frágil, e manhoso e defensivo e sofrido e necessita do abrigo alheio para se proteger.Qual o preço que o inquilino paga? Sem dúvida, o preço pode ser alto.

Mas essa criança se transmutando em sua mãe pode ser a chave para entender de onde vem a sua baixa estima, apego, Manha (astúcia) e seu lado regredido... pode vir de sua mãe, ou nascida na relação com a ela.

Outro detalhe é a sua atenção voltada para um foco que lhe tira a consciência do seu entorno, a ponto de não perceber mudanças significativas. Pode ser interessante que você avalie seu grau de dispersão, fuga ou ausência.

Poderia pensar nessa representação do menino iluminado, mas este pode ser apenas a projeção que aprisiona sua atenção, sua maternidade e seu lado afetivo, que deve ser avaliado para que possa entender se não é compensação frente a um comportamento distanciado na realidade.

É relevante considerando que a criança, possa ser uma imagem resultante da construção ou configuração psíquica de novas formas que nascem e se desenvolvem para o reestabelecimento de sua relação com o mundo. Neste caso a criança é apenas seu espelho como pessoa defensiva, cheia de medo, mas astuciosa.

Para finalizar pensando na atualização psíquica é possível a construção dessa realidade para focar sua atenção na necessidade de estabelecer com o mundo novas formas de se relacionar com o mundo, relações mais afetivas e criteriosas, que possuam compaixão pelos que se angustiam frente à realidades desfavoráveis. E principalmente tendo paciência consigo mesma com suas limitações, suas dificuldades. Quando aceitamos nossos limites podemos melhor compreender os limites alheios e a aceitá-los. Naturalmente você repete comportamentos de sua infância, mas é preciso superá-los romper com esses padrões de repetição para encontrar novas atitudes e respostas mais maduras.

“Ele não aparentava ter apenas três anos, pois sua postura era muito madura, inteligente e educada.” Não adianta aparentar mais que a idade, ser mais maduro, Inteligente, e educado, se mantivermos o comportamento de criança suplicante, a atitude de súplica diante da vida. Há o momento de pedir e há o momento de conquistar. Quando peço entrego a minha satisfação ao poder de escolha do outro. Quando conquisto, faço-o por mérito, postura, coragem. Supero os desafios a partir do empenho, da dedicação, do esforço, de meus propósitos, da força aplicada ao meu trabalho.

Essa a conquista, a vitória.

 
 

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

GUERREIROS IMPECÁVEIS


do filme  SONHOS  de  Akira Kurosawa
CARLA133

Sonhei que estava com um casal de amigos numa sala-refeitório. O rapaz estava mais próximo, sentado no mesmo sofá que eu, enquanto a moça permanecia do outro lado numa cadeira. Eu comia um pedaço de rosca e enquanto isso dizia que queria o contato deles, explicando que muitas pessoas haviam passado pela minha vida e eu nem sabia o paradeiro. Comecei a dizer que não sabia se ainda estavam vivos quando a moça me interrompeu e disse: 'ou se já morreram'. Confirmei, pois de fato era isso. Comentei que das antigas amizades e conhecidos eu mantinha contato virtual apenas com uns três e que o resto ficara apenas na lembrança. Na sequencia do assunto o rapaz me disse que o Tulinho tinha muita admiração por mim. Perguntei: 'Qual Tulinho, o Túlio?' Ele não soube me dizer se estávamos falando da mesma pessoa, mas eu supus que seria e nem dei tempo dele explicar os motivos pelos quais o Túlio me admirava (embora tenha ficado curiosa para saber), pois fui logo afirmando que também gostava bastante do Túlio, explicando que ele era calmo, delicado e divertido. Eu não disse isso como consequência ou compensação por saber que ele me admirava, pois independente da maneira como ele me via, eu realmente sentia simpatia por ele. No momento meu sentimento foi de surpresa pela descoberta. De todo modo, saber que ele tinha admiração por mim fez o meu ego inflar e senti isso muito claramente no sonho. Não era uma pessoa qualquer que me admirava e sim alguém por quem eu também nutria afeto, mas cuja amizade mantinha certo distanciamento formal.

Entendi do sonho que ainda estou presa na armadilha de querer ser apreciada pelas pessoas, pois isso de certa forma mexe com meu ego e autoestima. É isso mesmo? Como fortalecer meu ser sem ter que basear-me na opinião alheia a meu respeito? Não que isso tenha sentido racional, pois tenho minha opinião sobre quem eu sou, sobre meus pontos admiráveis e abomináveis, entretanto, sentimentalmente ainda me faz diferença saber ou sentir que sou admirada, apreciada e desejada. O que tal sonho poderia me dizer?

SOBRE A DINÂMICA DO INCONSCIENTE

A pertinência da leitura se mostra, em certos momentos, quando conseguimos identificar uma dinâmica do inconsciente, veja só:

Este sonho já havia sido enviado por você, quando fiz a leitura do sonho anterior, e eu só tomei conhecimento dele agora depois de ter concluído a leitura anterior.

Na leitura feita foco o olhar na impermanência da vida e do universo, e neste sonho aparece o relato que se segue:

“... explicando que muitas pessoas haviam passado pela minha vida e eu nem sabia o paradeiro. Comecei a dizer que não sabia se ainda estavam vivos quando a moça me interrompeu e disse: 'ou se já morreram.”

Uma Dinâmica de inconsciente é isso. Existe uma continuidade, como um Rio que Corre, um Fluxo natural. Se você acompanha o rio que corre, você pode ver nele tudo que ele trás da nascente, tudo que ocorreu rio acima, o que ele leva para o oceano primordial. E se você não viu o que o rio levou? A dinâmica do inconsciente, como a vida, é cíclica. Na lei do Samsara, até que tenhamos oportunidade de nos libertar, os fatos se repetirão. Este é uma das características do inferno, quando superamos nossas dificuldades nos libertamos daquela repetição que reapresenta o “Incompleto” o não realizado. Viveremos novas experiências, novos desafios que se não forem fechados serão repetidos pela eternidade por nossos descendentes até que se realize, se completem e possam ser pulverizados. O inferno que vivemos é o inferno que criamos.

J. P. Sartre afirmou:

 "O inferno são os outros."

Eu lhe digo:

O "outro" pode representar meu inferno, quando deposito nele as expectativas do meu bem estar.

Eu crio o inferno em que mergulho, em que vivo.
A dinâmica foi vista e antecipada. A vida é impermanente. Tudo é passageiro, temporário, imprevisível, impermanente.

O SONHO

E essa é a armadilha do afeto, do apego, da dependência. Quando dependentes queremos aprisionar o tempo, para prender as pessoas, para segurar a “felicidade”, e o que conseguimos é o sofrimento o aprisionamento no passado.

Essa me parece outra característica disso que chama de “meu ego inflado”. Existe inflação, mas parece-me que ela é decorrente do apego e da obsessão de se vincular a alguém. A impressão que tenho, e pode ser equivocada, mas é minha impressão, é que nesse seu momento você, como medo de ficar pra Tia velha e sozinha, vai se agarrar a qualquer Bucha Velha para estar acasalada. Cuidado! Ser só pode ser muito mais interessante do que estar mal acompanhada. Não aceite propaganda enganosa. A união mais fabulosa e interessante que podemos realizar, não é a união com o outro, a do acasalamento exterior, mas a do casamento interior, a união dos nossos opostos, a integração num único ser, a Totalidade.

Outro detalhe: muitas vezes recuamos em busca de estabilidade, compensações ou proteção, frente aos riscos que o futuro nos acena. Mas não leve isso muito a sério ou você se encalacra. O passado não é solução é armadilha.

“Entendi do sonho que ainda estou presa na armadilha de querer ser apreciada pelas pessoas, pois isso de certa forma mexe com meu ego e autoestima. É isso mesmo?”

Se for só vaidade, apenas ser “apreciada”, está ótimo. Ser apreciada resolve o seu problema? Não creio.

A armadilha da vaidade é que ela é insaciável.

Como qualquer vaidoso, você não saciará sua vaidade, essa fome compulsiva de aplauso e aceitação. Os vaidosos cnseguem satisfação temporária, mas a fome logo reaparece. Durante um tempo eles conseguem se manter em pé, mas a infelicidade e a frustração fica a um palmo do sujeito, pronto para absorvê-lo, como matyéria para se queimada. Encontre o seu verdadeiro tamanho e seja do seu tamanho, é mais plausível e duradouro, ficamos mais blindados. Quando fazemos isso, a vida nos agracia, nos dá uma única chance de descobrir a nossa grandeza, como seres vivos à imagem e semelhança do  divino.

“Como fortalecer meu ser sem ter que basear-me na opinião alheia a meu respeito?”

Fortalecendo sua independência, pessoal, financeira, econômica, emocional.

“Não que isso tenha sentido racional, pois tenho minha opinião sobre quem eu sou, sobre meus pontos admiráveis e abomináveis, entretanto, sentimentalmente ainda me faz diferença saber ou sentir que sou admirada, apreciada e desejada.”

Isso que você chama de diferença vem sendo mais decisivo na sua vida do que as suas opiniões, que podem apenas encobrir o tamanho de sua carência do outro, que completa a lacuna do seu vazio.

O que tal sonho poderia me dizer?”

Na vida, nada mais nos resta do que a aceitação de nossos desígnios. Não adianta chorar, ter pena de si mesmo, fazer drama, papel de vítima, negociar com o diabo, implorar a Deus. Só nos resta, nesta vida,

SERMOS GUERREIROS IMPECÁVEIS.


domingo, 1 de agosto de 2010

JEEP, FRUTOS E RITUAIS


CARLA132

Tenho a relatar apenas o ultimo sonho que tive antes do despertar, pois foi o único que mantive em mente.

Eu estava com minha irmã num ambiente que não sei definir qual era. Houve uma espécie de terremoto muito rápido e o local encheu-se de frutas idênticas a tomates (do tipo tomate caqui) bem grandes e vermelhinhos. Provei-os e eles tinham um gosto muito semelhante ao do tomate, mas era um sabor levemente diferente e menos acentuado (diferente de qualquer coisa real que já tenha provado). Pensei em minha sobrinha, pois por algum motivo indefinido pensava que era para ela estar ali. Não sei se logo em seguida ou se houve mais alguma coisa depois disso, algo que eu não me lembre, aconteceu outro tremor geral e caiu um jipe (estilo Willys Militar) e uma infinidade dos mesmos tomates verdes e numa cor de meio-maduro. Provei das frutas tomates que não eram tomates e notei que elas eram saborosas mesmo estando verdes, ou seja, a cor não era da madurez, mas da espécie em si. Não sabíamos que frutas eram aquelas, mas eram boas e podíamos comer ilimitadamente, pois haviam tantas que quase podíamos ter a certeza de que nunca acabariam. Também quase podia crer que elas não apodreceriam. Interessante que minha irmã estava muito gentil e próxima comigo. Nisso notamos que minha sobrinha (que até então não constava na cena) estava saindo do carro e indo deitar-se na cama. Minha irmã comentou que aquele ritual milagroso significava o desenvolvimento dela, mas era algo complicado para eu entender, pois um fenômeno ritualístico externo não pode fazer criança alguma crescer interiormente. Ademais, como entender aquele feito e aquelas frutas vindas do nada? De todo modo, não duvidei, pois sabia que aquela série de acontecimentos extraordinários tinham uma razão no mínimo nobre e poderosa para estarem acontecendo naquele momento. No que minha sobrinha deitou-se na cama para dormir dizendo que estava com sono, minha irma me chamou e ficamos as duas deitadas debaixo da cama saboreando as frutas que haviam coberto o chão do local.

Estranho termos ficado debaixo da cama. Realmente esse é um sonho com uma simbologia que não sei definir do que se trata. Vale dizer que em momento algum senti medo ou tensão, pois como já foi visto nos sonhos anteriores, sou aberta a situações inéditas que agucem minha curiosidade e foquem minha atenção ao extraordinário.

Terremoto é movimento de terra, do interior para o visível, Terra é elemento passivo, a perfeição passiva que recebe a ação do principio ativo. Símbolo da fecundidade e regeneração dá luz, via, a todos os seres, alimenta-os e reincorpora-os ao fim do ciclo.

O movimento interno promove o afloramento dos frutos, a riqueza que alimenta e mantêm a vida. O elemento terra se movimenta, transforma em você.

O significado do carro poderia ser genérico como carro, mas aí ocorreria qualquer outro carro. Com a especificidade da imagem precisaria entender a sua relação com esse tipo de veículo, significados, conceitos, representação e história.


 
Eu considero e distingo o Jeep como um veículo especial na história do homem. É diferenciado de todas as outras marcas e participou como símbolo da transformação do mundo no último século, é para mim, um Ícone, um dos mais significativos símbolos da sociedade moderna e industrial.

Não por acaso, é a marca do veículo que possuo. Parece que não tem nada a ver? Pode ser e pode não ser. Digo-lhe não por acaso por que se esse tipo de veículo tem alguma associação na sua vida, temos um evento significativo e tiramos daí sua significação. Mas nem por isso podemos excluir sua simbologia como marca ou representação neste sonho, considerando que a referência do inconsciente também pode vir da representação que ele possui para mim.

Mesmo que eu nunca tenha feito nenhuma indicação da presença deste símbolo em minha vida, podemos considerar que o acaso não existe e que o inconsciente é mais abrangente vasto e inexplicável do que possamos imaginar.

Neste caso a imagem pode simbolizar a presença de um princípio ativo, associado a minha presença, como significado, em tua vida, em decorrência do diálogo que praticamos e da forma como essas leituras interferem de forma ativa e positiva no seu desenvolvimento, como elemento ativo. O símbolo da intervenção que promove o movimento de terra, o movimento do elemento passivo, você. A passagem desse encontro poderia ser uma passagem insignificante como muitas outras, mas pode ser decisiva no encaminhamento e no rumo do seu desenvolvimento.

Lembre-se de que para o inconsciente não existe distância, espaço como separação, tempo. E o sonho pode ser indicação desse poder. O acontecimento pode ser mais extraordinário do que somos capazes de imaginar.

Não se pode relevar a característica militar deste veículo. Pela designação de Jeep é relevante considerar a autoridade, ou o veículo de autoridade e a relação com o movimento que supera a “FORÇA” do Jeep. A força que movimenta a terra em você, sua fecundação, sua força despertando para realizar as transformações que se fazem necessárias no encaminhamento de seu destino.

“...podíamos comer ilimitadamente, pois haviam tantas que quase podíamos ter a certeza de que nunca acabariam.”

Esta afirmação merece uma reflexão: É uma avaliação equivocada, e naturalmente, pode estar associada à formação de conceitos que a levam a acreditar que existe alguma forma de manter o conforto dos cenários em que vive.

Nada é Permanente. Vivemos num sistema que a cada instante se transforma, se readapta. Um sistema impermanente que faz da vida um acontecimento imprevisível. Há o tempo da fartura e o tempo da carência, o tempo da presença e da ausência, da estabilidade e da instabilidade, das facilidades e das infelicidades, etc.

Uma estória zen: Dois monges, um jovem e outro mais maduro, estavam fazendo uma viagem para um templo distante. Na longa viagem sempre que aparecia uma ladeira o monge mais velho se alegrava enquanto o jovem reclava, e sempre que desciam o morro o jovem se exaltava das facilidades enquanto o mais velho se lamentava e chorava. Sem entender muito o jovem perguntou para o outro porque ele lamentava o caminho fácil e se alegrava pelo difícil, e o monge mais velho disse:

Sempre que enfrento uma ladeira eu me alegro porque sei que ao seu fim encontrarei um caminho mais fácil, e minha disposição me ajuda a enfrentar as dificuldades, mas sempre que encontro uma descida, o caminho fácil, me faz pressentir que logo à frente encontrarei dificuldades.

E seguiram os dois pela estrada afora.

Lembrei-me deste relato, pois os tempos bons e de fartura podem sinalizar a importância de darmos valor ao presente, e para nos prepararmos para os tempos de dificuldades, ou de provações que enfrentaremos à frente.

Reaparece a questão do Ritual.

“Minha irmã comentou que aquele ritual milagroso significava o desenvolvimento dela, mas era algo complicado para eu entender, pois um fenômeno ritualístico externo não pode fazer criança alguma crescer interiormente.”

O comentário chama a atenção para uma verdade essencial, Deus não negocia. O Ritual não pode ser o essencial, o fim. Ele é uma porta admirável, uma porta que aprendemos a abrir para realizar a conexão com o divino, um formato que nos prepara para a devoção, para a condição do encontro, mas não é o encontro. Vejo muitos que se entregam às práticas ritualísticas acreditando que desta forma encontram a salvação ou a conexão com o Divino. Não basta isso. Elas podem acabar no inferno como pessoas bem intencionadas. Você fica acreditando e se entregando aos pensamentos mágicos e indo prá debaixo da cama.