quarta-feira, 19 de maio de 2010

ESTRANHOS MORREM. ANCESTRAIS SÃO ETERNOS.


Luz - Linhas na Rede de energia da vida

Respondendo à questão do sonho no post sequencial  FRAGMENTOS DE AFETO E PRAZER :

                            O que está me fazendo ter sonhos tão distantes da minha vida real?

Sonhos não são espelhos da vida real, distantes ou aproximados. Sonhos são um canal de conexão entre a consciência que construímos, e o inconsciente que nos originou, ou que nos compõem. São, portanto, um ponto comum, um fluxo de conexão, um estado comum entre a consciência e o inconsciente, um lugar em que a consciência que somos, intermediadora com a realidade se conecta com o fluxo continuo de energia, com o núcleo de poder que ordena, configura, regula, e determina nossa essência como seres.

As dimensões, Interna e Externa, apesar de serem únicas, são diferenciadas, por realidades fenomenológicas específicas de cada realidade. Vejamos:

1. O tempo que a civilidade construiu na evolução da civilidade, da sociabilidade humana, é de dimensão diferenciada do tempo interno, o tempo de vivência psíquico e consequentemente do Momentumn" onírico;

2. A realidade tridimensional (quadridimensional se considerarmos o "tempo"), diferencia-se das dimensões físicas, biopsiquicas, do fenômeno onírico, que em geral pode ser vivenciado e percebido em duas dimensões  (bidimensão) ou monodimensão, ( sabemos que estamos lá,~sentimos, mas não temos referência visuais de plano físico. A imagem é evocada a partir de dados de memória;

3. Se na tridimensão temos largura X altura X profundidade, os sonhos podem ser construídos como imagens bidimensionais com altura X largura e a profundidade é sugerida na imagem e supostamente vivida na ampliação da imagem do profundo a partir do foco de atenção, ou da mobilização do Intento da Vontade. Por exemplo: numa imagem em que o individuo esta inserido como “um Olhar”, se ao olhar a imagem um ponto é focado pelo olhar, esse ponto é ampliado e o sujeito tem a ilusão de profundidade no sonho, consequentemente de viver a sensação de tridimensionalidade desta forma a psiquê consegue favorecer a ordenação da consciência nesta realidade bidimensional. Por isso muitas vezes as imagens passadas em velocidade sob esse olhar como que tentam manter certa linearidade que favorece e permite à consciência manter-se presente (existindo como fenômeno) em baixos níveis de tensão, frequência e memória linear. Este é um esforço excepcional que a psiquê faz uso para conseguir manter uma conexão com essa consciência, que somos nós, com o objetivo de interferir ou sinalizar para mudanças que necessitam ser realizadas na condução do organismo dentro da nossa realidade de consciência, na dimensão em que vivemos.

Perdoe-me ter que entrar nestes detalhes, mas como sei que profissionais e estudiosos acompanham minhas reflexões e leituras, e como a leitura de sonhos que faço é resultado de meus trinta e cinco anos de pesquisa, quando tenho a oportunidade de avançar para tentar mostrar os mecanismos e eventos que são significativos na construção onírica, a leitura se mostra mais compreensível, já que ela é feita considerando certos conceitos que são importantes. Quando sabemos como se constrói mais pertinente fica a desconstrução, ou compreender o significado, entender a mensagem.

4. O tempo como dimensão, no universo onírico, é abstrato (à médida em que é construção de referencia humana) e função por pulso, que pode ser longo ou curto dependendo do efeito que o sujeito como evento interage com o fenômeno. E é mais próximo de sua possibilidade como fenômeno, ou seja, é menos rígido como no mecanismo do nosso tempo real, que é tão evidente em decorrência da regularidade solar e da relação dia/noite pelas mudanças. No sonho não há tempo para a regularidade estelar. Os sonhos são construções rápidas e intensas, em estágios de repouso que permitem essa inserção psíquica. Portanto se fazem mais elásticos. A intensidade do vivido pode dar a impressão de ter sido longo o tempo de vivência; Estados de relaxamento também podem promover essa sensação de tempo longo; sonhos de confronto com múltiplos eventos ou conceitos e acontecimentos podem dar a impressão de tempo longo; e imagens rápidas a ideia de tempo breve.

Na especificidade acima, há uma diferença de destinos pós morte entre estranhos e indivíduos com vínculos genéticos. Há indicações possíveis de que as linhagens são separadas diferenciadas, como se cada linhagem constituíssem uma Linha da Rede na mesma dimensão. Mesmo que haja interação na rede entre linhagens, a linhagem é protegida e constitui uma indicação de evolução e estagio de desenvolvimento com sua especificidade. Neste caso a morte não significaria simplesmente um retorno à indiferenciação das águas primordiais, a diferenciação conquistada seria partilhada com o todo para a evolução do todo mas manter-se-ia diferenciada a matriz da conquista evolutiva na linhagem separada.

O que é preciso entender é que se Einstein já nos alertava que um evento reverbera, como uma onda, por todo o universo, como a morte, que é um corte intradimensional, o corte de conexão entre um corpo e sua manifestação fenomenológica, e que provoca mudanças drásticas nessa realidade, não determinará mudanças no universo? É preciso deixar o simplismo de lado. A morte é significativamente mais complexa do que a apenas a dissolução e pulverização do corpo, como poderiam pensar os sonhadores maconheiros dos anos 60', que se imaginavam virando apenas pó de estrelas. o corpo é pulverizado, fragmentado, mas sua manifestação fenômenológica possui vinculação extra corpórea. Não! Não somos apenas um simples corpo, somos uma construção complexa da natureza, interligados a uma Rede multidimensional absurdamente complexa.

E precisamos nos repensar, porque isto pode definir nossa relação com o mundo.



Observação.: Entre excepcionais pensadores do "homem",  no século XX, C.G.Jung nos brindou com sabedoria decifrando mistérios, entre tantas outras percepções sábias foi provavelmente o primeiro a abordar a  questão da multidimensionalidade da vida de forma cientificamente lúcida, sem recorrer à conceitos religiosos. Minhas buscas levaram-me a compreender e identificar-me com sua visão criteriosa. Os conceitos acima relatados são minhas percepções que acrescento com intuito de tentar colaborar para a comprensão do nosso significado como seres e eventos biofísicos originários da matéria inteligente do universo. Minha intenção é de tentar colocar luz em matéria tão árdua e inacessível. 

FRAGMENTOS DE AFETO E PRAZER


CH 69


Da noite de hoje, lembro de muitos sonhos, porém pouco de cada um. Já vou adiantar que em todos eles eu parecia muito mais uma outra pessoa do que eu mesma, principalmente pelo contexto dos mesmos. Tudo foi tão irreal perante a minha realidade! Não lembro a ordem dos sonhos, mas eis o que anotei ao acordar na sequencia das lembranças que me vinham em mente:

primeiro sonhei que estava com meu marido e duas filhas (essa coincidência parece recorrência da historia de minha mãe) num shopping. Eu ia simplesmente ao cinema, mas abracei minhas filhas muito emocionada e sensível como se estivesse fazendo uma longa viagem para outro país. Elas iam ficar com o pai passeando pelo shopping. Eu não sou mãe, mas ali eu senti um amor puro e diferente que só pode ser o amor materno. Não sei por que tanta sensibilidade emocional numa despedida aparentemente tão breve, já que um filme dura no máximo de duas a três horas. Também não sei por que somente eu entraria no cinema. Enfim, foi um sonho nada a ver com minha realidade, inclusive há anos não vou ao cinema por preferir assistir filmes em casa.

Na segunda lembrança eu estava com vários idosos e abracei um velhinho com muito carinho. Ele muito sorridente, ainda abraçado comigo, disse para as senhoras que estavam perto de nós, o quanto gostava de mim, pois eu os tratava como se eles fossem da minha família, mas eu realmente os sentia como pessoas muito próximas e queridas. Sempre me simpatizei muito com os idosos e esse foi um mimoso pedaço de sonho.

Na terceira lembrança o meu pai estava aqui em casa no lugar da minha mãe. Era como se ele não houvesse morrido, como se fosse ele quem houvesse ficado viúvo da minha mãe. Nos primeiros sonhos que tinha com ele eu estranhava o fato dele parecer estar vivo, mas a um bom tempo que já não sinto isso. É como se ele nunca houvesse morrido e isso obviamente é tão estranho quanto ter a sensação de estar vendo um morto-vivo.

Prosseguindo,

Na quarta lembrança, a minha sobrinha estava no colo da minha irmã e disse que eu era uma verdadeira filha de Deus. Ela falou isso como se fosse uma pessoa adulta, e não como uma criança de três anos. Comentei com minha irmã que via uma verdadeira filha de Deus como alguém extrovertida e comunicativa tipo minha sobrinha, e não alguém introvertida e calada feito eu. Falei isso por falar, apenas como uma modéstia minha, pois em verdade creio que todos somos filhos de Deus independente desse detalhe de personalidade. Minha irmã comentou que cada pessoa enxerga a vida e as pessoas de uma maneira e aquela era a forma da minha sobrinha perceber-me. Talvez ela me visse de tal modo exatamente pelo contraste de personalidade que existia entre nós e por geralmente acharmos que os outros são melhores. Não entendi por que minha sobrinha pensava daquela forma, mas fiquei feliz como se estivesse acreditando na sua fala. É como se eu me julgasse um monstro e percebesse-a me vendo como um ídolo. Não posso deixar de dizer que, por melhor que seja um sonho assim, também me pareceu muito estranho! É como se meu inconsciente, ou propriamente os meus sonhos, estivessem sendo bonzinhos comigo.

Na quinta lembrança eu tinha um gato muito dócil que dormia no meu colo, embaixo da coberta (eu não o via, apenas o sentia) e eu acariciava-o impressionada de ter encontrado um bichano tão manso, exatamente como muitas vezes quando criança desejara ter.

Na quinta e ultima lembrança, eu estava dançando com minha prima (que está nos EUA trabalhando no programa de Au Pair). Não sei se estávamos numa festa ou num clube dançante, mas sei que, assim como um dos sonhos anteriores, nossos passos não se encaixavam. Ela dançava num ritmo bem mais rápido. No começo achei a diferença de passos chata e até mesmo constrangedora, mas depois começamos a dançar divertidamente um pouco mais separadas e uma rodopiava a outra. Eu rodava com tanta desenvoltura que era como se estivesse flutuando sobre o chão. Eis outro sonho bom, mas completamente sem sentido. O que está me fazendo ter sonhos tão distantes da minha vida real?

FRAGMENTOS DE AFETO E PRAZER II



CH 69

                                                              O Sonho Propriamente Dito


Quanto aos sonhos fragmentados relatados: todos possuem a singularidade do afeto manifesto em DINÂMICA FAMILIAR, e o último a recorrência da dança. Duas manifestações em mudança: Sua capacidade de expressar o afeto vem sendo transformada. Você se abre mais para as relações de afeto e a dança é o seu exercício de troca afetiva por excelência, seu símbolo de comunhão, aceitação, partilhamento, conjunção mente e corpo, quebra das defesas e das resistências, diminuição da severidade da autocrítica e do julgamento, melhora da autoestima, da confiança em si mesma, introdução do lúdico na sua vida. Não penso que seja apenas compensador (pode até sê-lo como exercício), mas penso com dinâmica de transformação de sua relação com o mundo.

A presença de seu pai é rica e importante. Pai e mãe devem ocupar o mesmo lugar de importância na vida dos filhos. Não há um mais importante do que o outro. Ele vem para ocupar o espaço que lhe cabe.

Estranhos morrem. ANCESTRAIS SÃO ETERNOS.

Os sonhos muitas vezes se fazem de canal para a convivência com entes queridos que mudaram de dimensão, ou que em outras dimensões anseiam por nossa evolução para que possam evoluir através de nós e com o nosso Saber. A evolução precisa ser realizada, se os ancestrais não evoluem nós passamos a Sermos os responsáveis por essa evolução. A existência exige isso de nós, e nossos mortos esperam essa realização, para que, cumprindo nosso dever, eles possam ser libertados do redemoinho espiral do Sansara.

A gata selvagem em você se amansa. Mantêm a característica original de felina sem o comportamento arredio e agressivo. Manifesta-se a suavidade felina, não ferina.

Como filha de Deus há sinais de sua inclusão após manifestação anteriormente realizada sobre o sentimento de exclusão familiar e de sentimento de rejeição na sua gravidez.

“Sonho 61 - Ainda assim eu completei a fala dizendo que o caso era comigo mesma, que não era para eu ter nascido... Na vida real eu nunca pensei que não era para eu ter nascido, mas no sonho eu falei isso com tanta certeza que acordei impressionada. Uma pessoa até pode causar a própria morte antes da hora planejada de morrer, mas acredito fielmente que ninguém nasce se não tem de nascer e isso me fez perguntar a mim mesma: teria eu atentado contra minha própria vida ainda na fase uterina? Minha vontade de não existir nessa vida era suficiente para eu pensar que não tinha de nascer? Havia melancolia como se eu houvesse nascido por minha própria imprudência ou insuficiência e agora estivesse pagando um preço condizente com algo que não era para ser. Minha vida soou como sinônimo de castigo.”

O que mostra que o sentimento de exclusão pode estar relacionado à baixa estima, ao papel de vitima incorporado e não à fantasia de rejeição. E agora, neste sonho, o seu registro como filha de Deus, é como sua inclusão e aceitação no grupo familiar, por si mesma, já que voce é que se exclue e se marginaliza. Evento psiquico que muda a sua dinâmica interna, ou é resultante dessa mudança, e altera a escala de valorização em sua relação consigo mesma, com o grupo familiar e com o mundo.

E finalizando com a dança. O prazer aflora e se manifesta em forma da comunhão e sincronia dos conteúdos, a manifestação do comportamento lúdico e pleno, o retrato da celebração da vida.

Para finalizar, sua questão:
Serão esses sonhos verdadeiramente distantes de sua vida real?
-Eu não creio que o sejam.

Bye.

terça-feira, 18 de maio de 2010

A CARTOMANTE



CH 67


Sonhei que estava esperando minha mãe e um grupo de pessoas que consultavam uma cartomante. Quando todos saíram da sala de consulta (que era o quarto dela) eu fiquei chateada por minha mãe ter encerado a mesma sem eu ter ido lá fazer as minhas perguntas. Mesmo assim eu fui. Era muito cedo e ela estava deitada, pois pretendia voltar a dormir. Insisti com ela para olhar minha 'sorte' até que ela aceitou. Após abrir as cartas ela falou várias coisas sobre meu jeito de ser e pedi-lhe para me dizer alguma coisa que eu não soubesse, como por exemplo a respeito do meu futuro. Então ela baralhou as cartas, cortou e abriu-as revelando que dentro do período de um ano eu ia encontrar um homem, ter um filho, mas logo em seguida eu ficaria viúva por causa de um problema de saúde dele, o qual eu deveria me precaver para não me contagiar também, embora aparentemente eu não corresse nenhum risco. Não gostei nem um pouco daquilo e fiquei me questionando se ela poderia ter inventado aquilo só para me falar algo surpreendente. Entretanto, ela não teria nenhum motivo real que justificasse falar algo tão sério e trágico apenas por falar. Ao acordar quase nem quis pensar no sonho, mas depois analisei que, em verdade, essa é a história da minha mãe. Foi então que resolvi lhe contá-lo para assim eu tentar entender o porquê sonhei com isso.

A morte existe no futuro de todos, se isso é tragédia, a vida é trágica por natureza para todos nós.

Se bem entendi sua mãe enviuvou quando seu pai ainda era jovem e as filhas crianças?

No sonho a tragédia não é a morte, mas casar, ter filhos e ficar viúva. Ter que criar o filhos sem a presença do pai, suportar a dor da perda, a solidão, o abandono. Essa é a história de sua mãe e sua, enquanto filha, órfã de pai.

A mensagem sinaliza a possibilidade de você repetir a história de sua mãe, ou repetir sua mãe na tragédia de vida dela? Seria você uma filha viúva? A filha que não se liberta do pai falecido, a filha que se enviúva, solidariamente, como a mãe enviuvada do marido?

Vivências definitivas podem definir a vida de um indivíduo. Neste caso, a sua história de relação simbiótica não completa, pelo seu lado, poderia estar associado a uma relação de compromisso estabelecida com sua mãe, de viver a viuvez dela, como ela, como sacrifício, e tendo em contrapartida uma justificativa para não crescer, amadurecer e se libertar da relação. Neste caso o futuro é apenas a continuidade do presente, ou, sua caracterização, sua consolidação.

Como disse, vivências definitivas podem deixar marcas e medos, assim o sonho pode também refletir seu medo de aprofundar, consumar, estabelecer, no real, uma relação afetiva e amorosa para evitar, por medo, a repetição da história de sua mãe. Para evitar o sofrimento vivido por sua mãe ou o sofrimento de seus filhos como foi a sua dor decorrente da orfandade e da relação não vivida com seu pai.

Neste caso você escorrega das relações por temor de repetir sua história familiar. Deixa de viver sua vida para viver a vida vivida por sua mãe, e a vida não vivida de sua mãe (aquilo que ela deixou de viver), você se priva de suas possibilidades para viver o passado. Aí, podemos compreender um pouco mais a insatisfação e a necessidade de focar vivências grandiosas que possam compensá-la da frustração, e o julgamento crítico que a afasta e a protege dos envolvimentos afetivos.

Obs.: Significações de tarô, não fazem sentido na especificidade do sonho, para considerá-las faça-o dentro da significação do oraculo. Aqui como lá, o sentido é arquetípico. Prefiro não considerá-lo como sonho premonitório e como presumir é especular, o que foge ao averiguável, melhor evitar. 

Reflita. Bye.

GATA BORRALHEIRA


"Cinderella" John Everett Millais (1829-1896)
Oil on canvas, Public collection

CH 68

No sonho seguinte, depois que voltei a dormir, eu estava num apartamento que era da minha irmã. Tanto ela quanto meu cunhado estavam lá e eu fazia um vestido azul para uma boneca Barbie que, provavelmente, deveria ser da minha sobrinha. Meu cunhado saiu para trabalhar e minha irmã também. O clima estava bem ameno, ou seja, não me senti incomodada com nenhum dos dois como se ambos fossem meus amigos, algo que até então nunca senti, principalmente nos sonhos. Surpreendi-me com isso! Eles não me pareceram dois conselheiros críticos (quase insuportáveis) destinados a pegarem no meu pé como até então sempre foram para mim. Eu me sentia relaxada perto deles, o que foi muito bom e, ao mesmo tempo, perante a realidade, me soa como uma incógnita. Ao sair minha irmã recomendou que eu juntasse os lixos e jogasse fora, mas eu estava entretida e afobada com o tanto de coisa que tinha para fazer e não prestei atenção a explicação tão detalhada que ela deu. Fiquei com a recomendação do lixo na cabeça e depois não sabia bem como era para recolher o mesmo. Pensei em juntar tudo num saco só, mas não achei nenhum e logo minha tia (irmã mais velha de minha mãe) apressou-me com a comida. Atarantada deixei o lixo para depois e fui esquentar a comida, mas tendo em mente a preocupação de não me esquecer de recolher o lixo. Coloquei varias panelas com restos de comida sobre as quatro trempes do fogão e mal havia começado a esquentá-las quando o gás acabou. Minha avó sentindo o cheiro do gás comentou que o mesmo deveria ter acabado. Enquanto isso eu desligava todas as chamas já apagadas. Minha avó e tia não estavam na cozinha, mas noutro cômodo, de modo que eu não as via, mas escutava o que ambas conversavam. Interessante que eu não me sentia uma visita na casa da minha irmã e muito menos sentia minha tia e avó como visitantes também. Era como se elas lá morassem e eu fosse apenas uma serviçal da casa, destinada exatamente a cumprir tais funções. Eu tinha aquelas tarefas como minha responsabilidade diária. Relembrando tal sonho sinto o quanto é estranho vivenciar algo tão ilógico. Sei que o inconsciente tem uma linguagem simbólica que mistura as pessoas e situações formando contextos completamente estranhos, mas cujos significados não são estapafúrdios. Pareceram sonhos bons, mas chocantes ao mesmo tempo. Acordei com a firme lembrança do gás acabando e parecia mais assustada em pensar o que isso poderia significar do que com o próprio sonho em si. Não tenho ideia do que meu sonho possa querer me dizer, mas deduzo que não deve ser boa coisa. Ao menos acordei com essa impressão. Ambos os sonhos me causaram uma sensação intrigante. O que acha? Lembrei uma parte do ultimo sonho. Depois do gás acabar, não demorou e minha tia apareceu na cozinha dizendo que seria preciso fazer um 'mexidão' e esquentar no microondas. Eu achei uma boa ideia, pois sempre gostei da praticidade de tal aparelho.

O sonho, não sei bem o porquê, lembrou-me a Gata Borralheira, só faltou o príncipe encantado, o sapatinho, a carruagem. Você brincando de boneca, (qual a idade da sua sobrinha?) concentrada costurando, nos afazeres da casa, o casal indo prá rua, para o mundo, e você recolhendo o lixo e preparando os alimentos, atarefada. Parece estado de fantasia e regressão, ou sinal de não vivido. Solidão, abandono. Mas... Avancemos....

Nada demais nesses afazeres, muito ao contrário são sagrados. Preparar o alimento para alimentar a vida do outro, preparar a casa, para viver bem e com conforto. Mas eles podem sinalizar duas variantes:

1. O movimento pessoal de domínio de sua dinâmica de vida. Cuidar de sua casa, seu templo, sua vida, limpar, eliminar os lixos, os resíduos. Preparar seu sustento; se cuidar; se alimentar. Conduzir a sua vida.

Pessoalmente penso nessas tarefas como essenciais no processo de amadurecimento. Para mim uma pessoa só amadurece quando consegue cuidar de si mesma, e não quando compra esse “cuidar”.

2. Indicação de desgaste, excesso de dever, responsabilidade. Falta de gáz, seria indicação de falta de fogo? Energia? Desgaste? Esgotamento? Há excesso de preocupação? Tensão? Ou é compensação pela ausência de comprometimento com as tarefas do dia a dia?

Para Refletir!


a Borallheira transformada em Rainha

Queen Cinderella - Art Print 
by Howard David Johnson

sábado, 15 de maio de 2010

A DANÇA DO TEMPO II


CH 66


Sonhei que algumas pessoas me explicavam sobre o sono e numa de suas fases, exatamente a do sonho, o individuo era levado a um compartimento redondo com infinitas super dimensões que atraiam situações difíceis que visavam à superação, bem como situações fáceis e agradáveis que serviam de prêmio e conforto meritório perante as superações virtualmente adquiridas. Assim aquela câmara individual interagia com a pessoa que nela entrava para viver os fatos, os quais posteriormente poderiam ser vagamente lembrados em forma de sonhos. Explicaram-me que a função ali era ganhar tempo de superação e interagir com fatos benéficos ao desenvolvimento pessoal (mesmos que sob forma de pesadelos). Os fatos eram divididos em três categorias:

1. Os improváveis de ocorrer na realidade da pessoa;

2. Os prováveis de acontecer futuramente, fosse de forma parecida ou idêntica (este último ligado a pessoas com dons especiais de premonição); e

3. Os impossíveis de se tornarem reais (por irem além das leis físicas).

Seria como viver uma semana de condicionamento emocional e psíquico a cada noite bem interagida naquele compartimento. Ali o tempo se tornava elástico e as projeções multidimensionais vivenciadas eram completamente especificas a cada individuo. Ali era possível sentir dor sem estar de fato ferido, sentir frio sem de fato estar na neve, sentir a água sem de fato estar molhado, etc. mesmo podendo crer piamente estar ferido, na neve ou na água da chuva. A interatividade manipulava a pessoa de forma a fazê-la vivenciar o irreal como sobrenaturalmente real. O esquecimento do que se passava lá dentro ocorria pela grande quantidade de ‘vivência’ tida numa simultaneidade complexa de ser entendida, a qual exigia muita concentração no desenrolar dos fatos, fazendo os mesmos serem rapidamente armazenados após a automação irreal vivenciada, surgindo assim a dificuldade da lembrança consciente.

Sei que passei por muitos sonhos (vivências) dentro da tal câmera ou compartimento redondo e lembro vagamente o conteúdo dos sentimentos aflorados. Acho que a raiva (sensação de estar sendo afrontada) foi à emoção mais sentida, porém não lembro das experiências em si, apenas a última que veio como um desfecho:

eu estava numa esquina segurando um papel que continha a escrita de uma declaração de amor. Do outro lado da rua havia um local de música. Senti vontade de dançar, mas eu estava sozinha e pensei que os homens daquele local (provavelmente um bar dançante) deveriam estar bêbados e os sóbrios deveriam estar acompanhados. A minha melancolia misturou-se ao ambiente que era escuro com a leve penumbra de uma noite de luar. Nisso a cantora saiu na porta e vieram cinco homens com trajes sociais pretos e gravatas em tons de prata, dourado e cobre vindo em minha direção. Eram todos lindos e eu senti-me lisonjeada. Eles atravessaram a rua estando três à frente e dois atrás, andando com classe, ao ritmo da musica. Da mesma calçada donde eu estava, vieram mais dois homens no mesmo estilo. Não houve disputa como se todos soubessem que teriam sua chance de dançar comigo. O que chegou primeiro, por coincidência o mais belo de todos os sete incrivelmente belos, estendeu-me a mão com galanteria e imergidos em profunda magia começamos a dançar. Notei que ele não parecia bêbado, mas dançava de uma forma completamente diferente. Tentava acompanhá-lo e aprender aquele jeito novo e inédito para mim de dança de salão. Não senti constrangida e nem ele pareceu se atrapalhar ou ficar impaciente pelo fato de eu não conseguir seguir seus passos. Era como se nós sentíssemos extremamente honrados em dançar um com o outro, independente da dança em si. Os demais sorriam numa alegria contagiante como se estivessem aguardando cada um o seu momento de glória. Minha auto-estima parecia reluzir interiormente.

Ao fim de cada vivência o pessoal me passava uma espécie de relatório com meu desempenho ou a aprendizagem que eu devia captar, algo muitíssimo interessante.

Como só recordo dessa ultima vivência, a mensagem era: ‘Se você focar a diferença dos passos na dança dos relacionamentos, sentir-se-á inadequada e inferior, mas se souber relevar e aceitar isso (e o mesmo deve se dar por parte do outro), curtirá uma agradável dança, mesmo que cada um tenha seu modo conhecido e preferido de conduzir os passos. Muitos novos aprendizados são bons, mas não são obrigatórios, portanto, não os tema. Não se prive de estar a bailar por conta das diferenças, pois você pode surpreender-se com o que existe por trás das mesmas a lhe favorecer. Também não julgue todos separando entre bêbados ou acompanhados, pois a generalização apressada é sempre uma falsa indução. Sem dúvida, embora eu só recorde isso, acho que foi um dos sonhos mais maluco e maravilhoso que já experimentei de uma forma muito real e ao mesmo tempo conscientemente irreal.

Por que sonhei com isso?

A DANÇA DO TEMPO II


Fred e a gravata dourada, com Ginger

É uma excelente pergunta! Não sei se saberei responder o porquê, posso tentar, mas a mensagem está expressa, e isso é o que importa, essa é a riqueza do sonho. Sua psiquê lhe transmite uma mensagem como um input para que você se reeduque na forma de conduzir, de se relacionar com o mundo, consigo mesma e na forma de usar o filtro de seleção do interesse, suas defesas, resistências, e aprenda a responder de forma mais positiva ao que a vida lhe propõe e não na mesmice e no simplismo de sempre.

Diante de um sonho me coloco como um adolescente experimentando pela primeira vez a descoberta do amor. Para falar a verdade, tenho esta forma de lidar com a vida a cada dia, como um frescor que me predispõe, como uma experiência única, especial, que mesmo repetida nunca será a mesma, mas vivida de outra forma. É assim que estou me sentindo diante de seu sonho.

Alem da mensagem se mostra visível, e possível, outros conteúdos, e outros mais que pela significância, relevância e profundidade as limitações nos impedem tocar.

O sonho posso considerá-lo como um presente pela mensagem transmitida e por acrescentar e agregar saber sobre mecanismos, constituição de diálogo, e pela troca, retorno, ao mostrar a capacidade do inconsciente de interagir com o individuo, de construir um diálogo quando é considerado e respeitado.

Compartilho sua sensação de encanto, pois o percebo e recebo como feed back da dinâmica de seu inconsciente.

O sonho é construído em duas fases: a primeira lhe introduz numa dinâmica em que você se mostra suscetível e conduzível: sua curiosidade e seu interesse voltado para a descoberta do novo definem suas características de seleção e filtros de escolhas. Assim o inconsciente oferece mel para quem gosta de açúcar e carinho para quem demanda carência, carro para quem gosta de engenharia ou velocidade, e por aí. No seu caso parece-me que sua criticidade excessiva só enfraquece a sua resistência e defesa quando encontra o inusitado, o fantástico, o incrível. E a psiquê lhe oferece o fantástico para que sua resistência e defesas reduzidas possam permitir sua fixação de atenção, aumento da capacidade de memória e de fixação da memória, para que a segunda parte do sonho ocorra.

Ou seja, a primeira parte lhe prepara as condições biofísicas para que a segunda metade se realize dentro de condições que você esteja em condições de ser linkada e comunicada do intento do inconsciente.

O sonho pode ocorrer independente do sonhador, seja no processo de reajuste, alinhamento e atualização dos mecanismos biofísicos. Mas quando mudanças de atitude se fazem necessárias no seu comportamento, a partir de seu comando mental, você deixa de ser um objeto passível de mudanças para ser responsável pelos inputs que determinam essa mudança. Neste caso a psiquê precisa dialogar com você, lhe comunicar onde é necessário que você realize mudanças para que interrompa o processo de impedimento, desmobilização e boicote da psiquê na sua busca de transformação ou de realizar seu intento original, aquilo para o qual esta configurada a fazer.

O primeiro caminho que a psiquê utiliza são os sonhos. Quando esse caminho se mostra inviável por impedimento do diálogo, ocorrem as invasões no pensamento. Uma tentativa do inconsciente de interferir no seu comportamento independente da sua vontade, ou sobre o poder de sua vontade, isso ocorre com fluxos de pulsões de impulsos. Se o individuo continua se acreditando superior esta força impulsiva aumenta e invade com mais intensidade e determinação a consciência. E aí... Todo o tipo de desvios e de comportamentos podem aflorar, determinando novos estados de “equilíbrio” mental, de relação com o sujeito (interna) e na relação com o mundo.

Quando o individuo restabelece a conexão cosigo mesmo, abrindo espaço para compreender “o que é este interior”, seu “espírito”, sua “alma”, reabre o dialogo com seu fluxo interior, com essas forças desconhecidas e as invasões na Câmara do Pensamento e da Consciência diminuem reestabelecendo a construção do diálogo através dos sonhos.

Definitivamente, o mecanismo do sonho é de atualização quando só depende de si próprio, da psiquê, e de interação como referência de comando do corpo quando exige sua participação. Caso contrário o sonho como mecanismo não precisaria se realizar, se a psiquê não tivesse o intento de comunicar sua mensagem. Neste caso o sonho seria um mecanismo inútil. Como isso é tolo, não é assim que ocorre, ele precisa lhe preparar, biofísica e mentalmente, para que esteja em condições de participar deste diálogo, e não precise interferir no seu comando de consciência que lhe é primordial e sua única possibilidade de sai da escuridão do tempo, na morada da inconsciência, da prisão do desconhecido.

Deixando de lado o conteúdo como resultante do mecanismo e olhando-o apenas como conteúdo, diria que a primeira parte a psiquê lhe alerta para a importância de diferenciar o real do imaginário e insere uma dinâmica de transmutação e metamorfose da libido. Neste caso a energia acumulada em forma de raiva ou ira se transmuta e pode ser, ou o é, reabsorvida para ser aplicada em ações mais positivas, lúdicas, ou que favoreçam a interação e a inserção no ambiente coletivo, como, por exemplo, a Dança

A ideia do tempo elástico é fenomenal, já me manifestei sobre isto, se não o foi aqui, possivelmente no blog Jornada da alma. Venho escrevendo sobre este fenômeno e o creio magnífico, e para mim definem a forma saudável ou doentia com que nos relacionamos com o universo. Agora aqui não há como avançar neste tema. Mas é admirável esta dica do seu inconsciente. Pensando bem.... uma dica:

Em síntese: É preciso que repense sua relação com o mundo através da dinâmica do tempo, pode haver equívocos nesta dimensão, presença de ansiedade ou ausência daquela que se faz importante, que nos impulsiona para a ação. É necessário que se liberte da prisão do tempo, ou da rigidez que ele favorece. Em princípio reavalie essa sua relação.

Ah! Sonhos premonitórios são bons indicativos de acontecimentos, o que não faz todos os sonhos o serem, o diferencial é a referência de realidade, a fantasia e aprender a lidar com os eventos para desenvolver a habilidade de diferenciá-los, para que não se perca na ilusão do tempo, em Maia.

A dança sempre lhe aparece com uma possibilidade de interação, envolvimento. Ja fez Dança? Danças? gostas? Parece-me que pode ser um elemento forte  para lhe favorecer o equilibrio.
Um detalhe: a mensagem pode ser indicativo de que a forma como avalia seu cenário define o sucesso ou o fracasso de suas relações interpessoais.


Bye

sexta-feira, 14 de maio de 2010

SONHOS E ANÁLISE

Obra de Kiki Smith, Sem título,1993, NY
Quando me propus criar e dedicar parte do meu tempo livre e de estudo na realização deste blog, me propus a dois objetivos básicos:

Um conhecido;

Um desconhecido.

O conhecido, não tinha dúvida, era partilhar com psicólogos e com pessoas que tivessem algum interesse em se embrenhar, no inconsciente, neste matagal tropical constituído de todo tipo fenomenal e específico de habitantes, espécies exóticas, fauna e flora singulares, símbolos e todo tipo de mistério e do desconhecido imaginável e inimaginável num mundo velho novo, misterioso e desconhecido.

Não tive, não tenho e tenho certeza de que não terei, a pretensão de confrontar nenhum tipo de estudioso de áreas afins que se dedicam à análise de sonhos. Isto envolveria muita perda de tempo em batalhas verbais, de significados e de significantes, na busca de entendimento de uma linguagem conceitual em comum, na superação de bandeiras e vaidades, crenças, certezas e defesas. Em síntese, uma batalha sem fim.

O nosso tempo de vida é muito curto para dispreender energia valiosa em tarefas que cabem mais a ideólogos se dedicarem. Minha intenção era mais primária: partilhar 35 anos de estudo e pesquisa na travessia desta mata desconhecida do universo psíquico. Partilhar o pouco que descobri e convidar mentes aventureiras ao desafio de realizar essa travessia de algum lugar, presente, para o insólito que anseia se ordenar.

Pouco é o tempo, nessa modernidade nervosa, que possuímos para passar horas a fio em dedicação e estudo à volumosa e rica matéria acumulada ao longo da formação da civilização humana. E uma dedicação nesta dimensão pode retirar o sujeito da realidade da sobrevivência, e se ele é possuidor de posses que o livrem da necessidade do ganho, ainda pode tirá-lo da realidade dos significados que constituem a vida moderna, pelo mergulho no passado.

Não me identifico com os que fazem leitura e análise a partir apenas do princípio mitológico. A mitologia para mim não é um conteúdo morto que em significado reside no passado. A mitologia para mim se faz vida no dia a dia e se interagirmos plenamente com essa realidade veremos que ela se define no que ainda é indefinível e evoca aquilo que já foi descrito.

Neste aspecto, o estudo da mitologia em todas as culturas, e não apenas na grega ou romana é fundamental, mas pode ser realizado numa prática associada à visão da realidade mítica do presente. Conjuntamente aos poucos. Em comum acordo, um conhecimento completa o outro. Quando vejo eruditos que se envaidecem narrando contos míticos, e associados aos sonhos, pressinto a armadilha de referências importantes representando apenas uma linguagem dissociada da realidade da interpretação ou do seu sentido e significando. Apenas alimento narcísico para o interprete. Sem sentido.

Os SONHOS SÃO A PROVA VIVA DA DINÂMICA DA VIDA, O PASSADO DEVE SER REFERÊNCIA, MAS NÃO PODE SER MAIS DO QUE O EVENTO OU O FENÔMENO REAL, AQUELE QUE TEM SENTIDO POR EXISTIR.

Por isso é que na falta de indicativos do passado, se tivermos a sensibilidade afiada do observador acurado, não perdemos o conteúdo da luz que ilumina a matéria viva dessa mata escura.

E esse se mostrou meu objetivo, a descoberta do sonho como uma realidade presente, pensável, compreensível. Porque o inconsciente busca e anseia compreensão independente da forma ou do revestimento. Ele anseia luz, referência, rumo.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

ABANDONO I


CH 65


Essa noite sonhei que minha mãe passava mal e minha irmã extremamente ágil pegou o carro para irmos fazer umas compras para ela. Mal tive tempo de apagar a luz e a televisão que ela deixara ligada. Mamãe ia ficar sozinha a vomitar no banheiro. Minha irmã pareceu tão apressada que eu nem tive tempo de raciocinar o que estava acontecendo. Alguém comentou que melancia era boa para aquele enjôo. Eu não entendia aquela pressa, pois mamãe vomitava, mas isso não significava que ela estivesse correndo risco de vida e nem entendia por que aquela urgência de comprar frutas exatamente naquele instante em que deveríamos ficar lá, ao lado dela. Fiquei receosa dela estar com alguma complicação séria.

Quando fui entrar no carro notei que havia uma conhecida de minha irmã no banco da frente e então tive que entrar atrás. As duas conversavam cochichando e eu só entendia o que falavam por fazer uma leitura labial de ambas através dos vidros do carro que estavam fechados e as refletiam. Entretanto não lembro da conversa e sim que minha irmã corria muito e receosa coloquei o cinto de segurança mesmo sabendo que já estávamos praticamente chegando ao supermercado. Entretanto minha irmã não foi a nenhum supermercado e sim a uma loja de artigos para bebês. Nesse momento desconfiei que minha mãe estava grávida (isso é incabível com a realidade). Fiquei muito chocada sentindo enorme melancolia e pensando que eu não seria mais a caçula e teria de dividir tudo o que era (ou seria) meu com essa outra criança. Seria apenas mais uma pessoa no mundo para me criticar e não gostar de mim. Eu não queria ter de sofrer tudo isso outra vez (confesso que senti esse medo de ser desprezada com relação a minha sobrinha adotiva, pensando comigo que ela seria apenas mais uma na família para me esnobar). Eu não estava irritava, apenas pesarosa e triste, mas fazendo força para pensar de maneira positiva. Eu sabia que tudo o que estava pensando e sentindo era um monte de bobeiras, mas ainda assim era real dentro de mim. Eu precisaria de um tempo para sentir o oposto e buscava me autoconceder essa precisão.

Quando fomos passar no caixa uma jovem negra (não sei se tem importância, mas era a atriz Aparecida Petrowky) comentou que fizera os exames de gravidez e descobrira que perdera o filho homem ficando apenas com a menina. Embora não houvesse dito, ficou claro que até então ela estava esperando filhos gêmeos. Ela falou com alívio, achando o fato bom. Estranhei aquela postura materna e pensei que talvez ela não tivesse condições financeiras favoráveis para dois filhos de uma vez. Na hora em que estávamos indo embora eu tive de retornar para pegar meus óculos que esquecera na loja. Minha irmã bastante apressada já estava chegando no carro e eu ia logo atrás, dando passos largos, acompanhando a outra mulher que fora conosco. Foi para ela que comuniquei a precisão de voltar à loja, pedindo a ela que pedisse para minha irmã me esperar. Com tamanha pressa eu tinha quase certeza de que não seria esperada e continuava a não entender aquela correria, bem como o que minha irmã tinha em mente. Ao chegar de volta na loja a mesma já havia fechado, mas daí um senhor que trabalhava nela e conversava com uns amigos na calçada comentou que podia ir lá dentro pegá-lo para mim. Fiquei na espera e depois eu já estava era nas ruas de São Paulo. Eu peguei um ônibus qualquer e queria ir para a casa da minha irmã, mas não conseguia lembrar nem mesmo do bairro que ela morava. Nisso me veio o nome Tabajaras na cabeça (minha irmã reside no Tatuapé) e perguntei a uma das senhoras que estava sentada se aquele ônibus ia para lá. Ela estranhou como se não existisse tal bairro e respondeu que não, perguntando para a cobradora depois. Como eu estava um pouco distante, resolvi passar na roleta e assim falaria melhor com a mesma. Questionei se o ônibus chegaria a um ponto final ou terminal, pois embora dispusesse de mais dinheiro, não estava disposta a pagar outra passagem de ônibus, ou seja, eu queria sair daquele ônibus e pegar o certo independente da baldeação, mas contando que o passeio não saísse caro. Eu não estava preocupada de me perder, pois além de estar encarando aquilo como um passeio, tinha dinheiro suficiente para dormir em um hotel e, ademais, se eu conseguisse chegar nas proximidades do bairro da minha irmã, poderia ligar para ela me buscar de carro. Nisso a cobradora não quis me devolver o troco todo, dizendo que ia ficar com uma moeda para ela em troca do serviço prestado de informação. Embora parecesse justo, não gostei da ousadia dela. Pouco depois o ônibus chegou ao seu ponto final e fiquei dentro do veículo a esperar que ele fizesse o trajeto de volta para um suposto terminal. Eu nem sei como funciona os ônibus de São Paulo, mas aqui em Uberlândia é assim.

Nesse ínterim, a cobradora começou a se debater e logo incorporou vindo para o meu lado. Eu sabia que ‘aquilo’ seria comigo. Eu estava sentada e ao meu lado estava o motorista e uma fiscal. Nesse momento já não parecíamos estar dentro de um ônibus, mas de toda forma não dei atenção ao local em si. Ela aproximou-se e fiquei me indagando se ela estaria mesmo incorporada ou apenas fingindo aquilo tudo por algum motivo pessoal que não saberia deduzir. Perguntei quem era ele e de forma imprecisa a resposta foi: ‘Pode ser um caboclo’. Seus modos aparentemente discretos não se enquadravam no perfil de um caboclo e a resposta não me foi convincente. Ele perguntou se eu lembrava o que ele avisara da outra vez e a pergunta me soou com ar de cobrança, reprovação e advertência. Perguntei por parte de quem era o aviso, pois dentro do sonho eu vagamente poderia lembrar de muitos avisos, mas não sabia qual caboclo era ele e, logo, não tinha como saber de qual aviso ele se referia. O mais interessante é que eu não me senti intimidada e sabia que nem teria motivo para tal, mesmo que eu estivesse ali na condição de devedora ou de alguém desobediente que não cumprira algo. Senti que na verdade eu não tinha costume de dar importância suficiente àquelas comunicações. Tenho a sensação de que comentei sobre não gostar de gastar dinheiro com entidades. Infelizmente não lembro o resto. outra vez um sonho com caboclo...

ABANDONO II



Atitudes de submissão favorecem a omissão. Omissos se fazem de submissos e submissos em geral são omissos, entregam a responsabilidade de ações, iniciativas, intervenções ao outro, desta forma ficam à parte da tomada de decisões importantes e são levados por aqueles que se responsabilizam, se comprometem e não se omitem, por proteção ou por medo, em ações e escolhas de posicões.

Neste aspecto o sonho te confronta com suas atitudes de dominada e submissa já que realçam sua impotência e a condução de sua vida em momentos chaves pelo “outro”. No caso sua irmã. Assim aquela que acusa de abandono, sua mãe, é abandonada por você.

Muitas vezes em comportamentos manipulativos deixamos que o outro faça o que gostaríamos de fazer. Assim não colocamos a cara na frente, ficamos protegidos e deixamos o outro se expor e carregar a pecha daquilo que evitamos. Assim é mais fácil condenar o outro, julgar o outro e ficar escondido atrás do muro.

A realidade nos exige que saíamos detrás das máscaras, das defesas neuróticas, e que nos exponhamos aos impactos e acontecimentos da vida, já que não dá para ficar escondido dentro de casa e a realidade exige-nos posicionamento e maturação. Que curtamos a pele de cordeiro no sol da realidade.

O sonho anuncia ansiedade, angústia, tensão e fuga. E o grande risco de que possa estar agindo da forma como condena nos outros, abandonando-os. Esta implícito que o maior abandono é o que comete com os seus propósitos, com a condução da sua vida, mas este abandono é projetado no outro em forma de carência pessoal e julgamento e criticidade.

A segunda parte já se mostra a vinculação neurada de sua dependência afetiva. Crescer significa abandonar a pele velha para deixar a nova nos revestir. Morrer o velho para permitir o nascimento do novo. E mesmo que conceitualmente você já saiba que é irracional se sentir ameaçada pelo nascimento de uma criança, a atitude infantilóide é competitiva, resultante de quem se recusa a se assumir como adulto, se escondendo na necessidade de se manter criança, mesmo que como filha mal amada. Desta forma busca manter a dependência de sua mãe mantendo a culpa e a responsabilidade dela nos seus cuidados.

Entendeu? Mantendo-se criança, dependente, submissa, carente, frágil, você encontra a justificativa para aprisionar a mãe como objeto de seu domínio.

O momento em que você se “desliga” de sua irmã é o momento em que você tem que recuar para resgatar seus óculos. Este resgate, a busca, é o regaste do seu ponto de vista, da sua forma de olhar o mundo, do instrumento que lhe permite olhar a realidade com os seus olhos. Abandonando a cegueira. Assim você toma atitude e... Sai da proteção familiar. Ainda que esqueça a sua mãe ou a necessidade dela, justificativa pra ficar vinculada na simbiose, você se lança no mundo.

No inicio é assim, o individuo se lança no mundo e se descobre perdido, sem rumo. Paradoxalmente, neste momento começa a jornada de retorno à casa. O bom filho a casa torna. Precisamos encontrar o caminho de volta para casa. Voltar para a nossa CASA. É o resgate do pessoal, da referência pessoal. Já não mais como a casa da criança dependente, mas a casa do adulto que encontrou parte do seu destino, sua individualidade, sua pessoalidade.



No sonho 56, Sonhos e Confrontos, aparece o seguinte: “Foi então que apareceu um homem malvado e me disse que na vida eu não conseguia nada porque era daquele jeito: me jogava e não me permitia cair, pois ficava presa a superfície, ao passado, ao medo, às mágoas. Fiquei muito mal ao escutar ele dizendo aquilo e tentei fazer força emocional para desvencilhar-me de tudo.”

Não sei se a referência do aviso é o acima ou se houve outro aviso. Mas pode ter a ver com o risco que precisa correr, de se lançar na sua jornada pessoal. O cabloco neste caso entre outras significações possíveis tem a ver com conteúdos de inconsciente que estão tentando focar sua atenção no seu compromisso de realizar as mudanças que se fazem necessárias, na sua vida, para que possa realizar plenamente sua maturação.

terça-feira, 11 de maio de 2010

O OLHAR NO MAR

 
CH63


Dois sonhos dessa noite:
No primeiro sonho eu estava com minha mãe na sacada de um apartamento que dava vista para o mar. Entretanto a maré estava muito alta de forma que houvera coberto toda à parte de areia e as ondas estavam quebrando direto nas pedras que ficavam ao contorno da praia, depois da facha de areia. Eu queria entrar na praia e minha mãe perguntou por que eu não colocava o biquíni e ia para lá. Disse que não e expliquei que era muito perigoso entrar com aquela maré alta, pois se a onda forte me arrastasse para trás, eu não ia me ralar na areia e sim me chocar fatalmente contra as pedras. Inclusive estava achando um absurdo às pessoas entrarem no mar daquele jeito, principalmente os idosos. Não sei ao certo, mas parece que meu pai era um dos idosos que houvera entrado no mar e preocupada fiquei atenta como se eu fosse um salva vidas a olhar a cena com total distância.

O mar é representação e símbolo das águas primordiais e do inconsciente. Você defronte ao seu inconsciente observando e vivendo a cautela necessária para lidar e se aprofundar nestas águas. Cautela, cuidado, noção e senso do perigo frente ao momento delicado da maré alta. È necessário certa distância para observarmos a nós mesmos, quanto mais mantemos essa distância mais imparciais nos permitimos ser, menos misturados podemos olhar o nosso “mar”.

O pai? olhe abaixo a sequência do sonho (64).  A maré alta pode ser indicativo de conteúdos de inconsciente a aflorar, movimento na dinâmica do inconsciente por influência de Lua ou outro evento fora do  controle pessoal.

Observemos...

RELAÇÕES INCESTUOSAS


CH 64


No segundo sonho

havia um casal de negros deitados nus sobre uma cama a contracenar um momento pós-intimidade. Inicialmente eu pensei no quanto deveria ser difícil ficar nu perante um parceiro irreal e todo o resto do pessoal que organizava a gravação da cena. Eu não sabia se a dificuldade maior seria em não ter vergonha da exposição ou em não se excitar diante daquela atuação de tanta intimidade. Ela estava deitada sobre ele e tinha a cabeça apoiada em sua barriga. Ele estava encostado num travesseiro de forma que ficava levemente inclinado a olhar para ela. Nisso ela comentou algo demonstrando grande preocupação e ele tentou tranqüilizá-la. Ambos tinham um sério problema a resolver sobre a própria união que pareceu comprometida ou até mesmo proibida. Nesse momento achei a cena artificial. Era como se não condissesse tratar daquele assunto naquele momento. Senti a cena falha como se faltasse alguma coisa ou como se algo estivesse errado, mas não sei ao certo explicar o quê. Também não sei o que eu fazia ali a ver aquela cena.

O primeiro sonho parece recorrência de outro antigo já analisado, mas o segundo eu não sei qual a motivação e mensagem sugerida pelo meu inconsciente.

NOTA sobre o sonho anterior: Estava vendo televisão e ao ver a propaganda do próximo capítulo da novela das oito o meu sonho clareou-se de forma que lembrei de um detalhe que talvez seja importante. No ultimo sonho que escrevi sobre um casal que contracenava nus, os atores eram Taís Araújo e César Melo. Na atual novela das oito da Rede Globo, ele atua fazendo o a papel de Ronaldo e ela vive a personagem Helena, sendo que ele é padrasto dela na história. Meu sonho inverteu os papeis, já que na novela a Helena se apaixona pelo filho de seu ex-marido. Por mais problemático que fosse a necessidade de revelar tal união dela com o padrasto, resolvendo de vez o conflito que esta geraria, senti que o amor dos dois era sincero, do mesmo modo como a novela transmite o envolvimento de Helena e seu atual companheiro, filho de seu ex-marido. Creio que foi essa inversão de parceiros e de relacionamento que me soou mal dentro do sonho, talvez como se a cena estivesse sendo gravada errada. Entretanto acho muito interessante minha mente ter montado esse tipo de cena. Se eu tivesse algum padrasto ficaria preocupada, mas isso nem é o meu caso. Por que fui sonhar com isso?

“Tá tudo certo...mas tá esquisito” esta frase antiga, primórdios das pichações urbanas, manifestação de anônimos que ainda eram instigantes e inteligentes, pode retratar o seu momento emocional dentro do sonho. Tinha alguma coisa de errado. Pensei em princípio que poderia ser a representação, o papel, a falta da autenticidade, mas a sua nota posterior parece esclarecer e colocar em pauta conteúdos que envolvem a sua relação Edipiana, ou melhor, “Electraniana”, entre você e seu Pai drasto. Volto a lhe dizer: neste cenário em que estamos existem limites que se mostram intransponíveis e que deixo a seu encargo. Para mim não é claro o bastante a sua relação com o seu pai, a vivida na infância, na adolescência ou no seu presente. Eu pré-sinto que existe algo nebuloso nesta relação que não se mostra. Poderia ser pela forte presença da mãe, mas parece-me uma relação que não se realiza, que não acontece, e o pai aflora como uma sombra na sua vida.

No sonho anterior seu pai aparece, entrando, no mar. O sonho introduz conteúdos de origem paterna contidos no inconsciente, e neste você assiste a uma performance de relação “incestuosa” ou de traição entre o marido da mãe e a filha da mãe. Tá tudo certo mas está esquisito. Faça um retrospecto na sua história, revisite essa relação Filha x Pai.

Resta esperar outros indicativos ou movimentos da dinâmica da psiquê.

O que estaria fazendo ali? Assistindo o que o inconsciente quer que veja.

sábado, 8 de maio de 2010

SONHO CURATIVO

Uma Sala Azul

CH 62
Essa noite sonhei que estava num lugar com uma colônia de locais religiosos e havia atendimentos diversos de curas. No primeiro local que entrei estava difícil encontrar banco vazio e logo depois que consegui me sentar, peguei um cobertor e deitei. Me deu muito sono. Nisso minha mãe passou perguntando onde eu deixara a minha blusa de frio e mostrei-lhe indicando apenas com o dedo donde colocara. O local exigia silêncio. Ela estava sem coberta e por certo queria vestir minha blusa. O local era grande e espaçoso, mas havia poucos bancos e não sei como deitamos nos mesmos. Era como se eles houvessem se transformado em camas. Estava bastante frio lá dentro por causa do ar condicionado. Depois de ficar um tempo relaxando ali deitada, fomos liberados e assim como todos, eu me levantei e saí por uma porta lateral. Ao atravessar a rua com minha mãe notei o logotipo ‘Centro Espírita Bezerra de Menezes’ escrito em letras maiúsculas na parte superior daquela parede lateral. A rua era asfaltada e mais parecia uma ladeira.

Eu subi a íngreme ladeira e adentrei num outro local de penumbra azul cuja porta era fechada por uma assistente logo após a passagem das pessoas. Eu não entrei sozinha, mas com outras três ou quatro pessoas que também estavam entrando. Prestativa outra assistente pediu-me para aguardar na fila e então notei que minha mãe já houvera entrado antes e estava lá na frente, quase passando para outra sala de atendimento. Não sei dizer por que ou como ela entrou primeiro se, até então, estávamos juntas. Tal local era bastante místico. Havia várias medalhinhas com estrelas e demais símbolos metálicos pendurados em tiras verdes circulares. Nisso levei a mão ao pescoço e eu também tinha uma fitinha verde com um pingente que era uma estrela de cinco pontas dentro de um circulo. Enquanto constatava aquele adereço no meu pescoço (para mim uma coincidência inexplicável), minha mãe que, nesse momento mais parecia uma pessoa estranha, tentou adivinhar a medida da circunferência de algo que não lembro o que era. Ela chamou uma das assistentes e pediu para medir o objeto redondo, dizendo que de vista ela dava vinte centímetros. A jovem mediu com a régua e depois buscou um catálogo com aquela medida da circunferência aberta em três vezes. Os resultados batiam e a circunferência tinha vinte e sete centímetros. Então a jovem comentou que tudo ali terminava com o número sete.

Eu parecia bem à vontade. Não sei dizer até que ponto aqueles locais me eram desconhecidos. Talvez eu já os conhecesse e estivesse tendo a impressão de que estavam muito diferentes, quase irreconhecíveis. Tinha local de palestras e oficinas de arte em igrejas semelhantes às católicas e crentes. Aquela colônia parecia manter um respeito harmônico independente de crenças. Eu trabalhava em algum daqueles locais e inclusive era conhecida como Eugênia (não tenho muita certeza desse nome). Eu achava estranho, quase tinha vontade de dizer-lhes que meu nome era outro, mas não acreditava que todas as pessoas houvessem esquecido e errado meu nome, além do que, também me sentia possuidora do nome Eugênia de tanto assim me chamarem. Na vida real não conheço ninguém com esse nome e nem sei o porquê dele no sonho. Depois eu lembro vagamente de estar numa sala de recreação infantil, mas não sei o que aconteceu por lá. Por fim pareceu-me estar num local rural, pois houve um momento em que tive de abrir uma porteira para passar. De resto tudo é muito vago e não consigo lembrar. Que significado tal sonho pode ter?


SONHO CURATIVO - LEITURA


  Ilustração do livro Medicina da Alma
energia Yin polaridade negativa ,PASSIVA,cor azul -
energia Yang, POSITIVA, cor vermelha 


Ao longo desta caminhada me manifestei acerca de sonhos que considerei como significativos no estabelecimento de um diálogo entre nossos inconscientes através de nossas consciências, intermediados pela tecnologia que aproxima os distantes. E independente das grandes dificuldades implícitas à condição deste “encontro”, venho pressentindo a consistência deste diálogo instigante, como um cego que pressente a arte quando a apalpa e a “sente” no inominável, e a vê pela carícia, pelo toque sutil das mãos, pelo calor do   objeto no corpo ou pelo calor do corpo no objeto, pelo afeto e pelo amor da generosidade.

O sonho:

Condições ambientais podem definir configurações oníricas, imagens e sons, sensações, ambientes, cenários e acontecimentos. Assim o frio noturno pode ter definido o frio no sonho e a predominância da cor azul nos ambientes pelos quais passou, bem como o contexto de cura favorável à intervenções mediúnicas.

Por isso não há como dizer se a condição ambiente favoreceu o acontecimento ou se os acontecimentos foram alterados por conta do momento que vivia.

A deficiência da energia Yang com níveis adequados da energia Yin indica a síndrome do frio tipo Xu (deficiência) de YANG.
O ‘Centro Espírita Bezerra de Menezes’, pode ser indicativo de intervenção mediúnica. Há a possibilidade de ter recebido dentro destas condições uma intervenção de conteúdos espirituais originários de outros níveis ou dimensões, considerando a possibilidade do sonho como canal de conexão intradimensional, ou de níveis mais profundos do inconsciente, o espírito santo, o espírito do tempo, que se conecta em nós, que reside em nós. De qualquer forma, considero a possibilidade de intervenções (duas) regularizadoras, atualizadoras ou corretivas na sua dinâmica corporal e psíquica. Intercalados por estágio de mudança de nível. A subida da ladeira é essa ascensão, essa mudança de nível de consciência, mudança de estágio, de estado, de condição física ou mental.

A estrela de cinco pontas, para baixo simboliza o mal, a magia negra, e para cima é símbolo de manifestação da luz, do centro místico, do foco ativo de um universo em expansão. Representa o Ser regenerado, radiante como a luz mesmo que rodeado, em meio, às trevas do mundo profano. Símbolo da perfeição representa o microcosmo humano. “estreitamente ligada ao céu, a estrela evoca os mistérios do sono e da noite; para resplandecer com o seu brilho pessoal, o SER deve situar-se nos grandes ritmos cósmicos e harmonizar-se com eles. Rodeada do circulo está envolvida pelo céu e pelo sentido unificado do equilíbrio, considerando a possibilidade mandálica da forma que aflora para reequilibrar os conteúdos em desordem.

Cinco é símbolo de perfeição, bem como vinte representa o Deus solar, símbolo do arquétipo do homem perfeito, e o Sete simboliza o ciclo completo, a dinâmica perfeita, entre outras representações. Verdadeiramente, tudo termina com o Sete, ele fecha os ciclos, para que se possa abrir os renascimentos. E o verde é mediador entre o calor e o frio, o caminho do meio a imagem da vida e do destino.

Eugênia: “Significa bem nascida, nobre e indica uma pessoa atenta aos detalhes e exigente consigo mesma e com os outros, só se relaciona bem com pessoas do mesmo nível cultural e social que o seu.”. O quê, convenhamos, tem tudo a ver com você.

Se considerarmos a composição do nome, EU + GEN + IA podemos pensar no Broto do EU, ou em uma EU+GENIO+SA, mas isso é apenas especulação e curiosidade.

Por fim o local recreativo diminui a tensão e compensa o desequilíbrio tanto quanto o meio rural que é o retorno ao elemento de sua origem, portanto reequilibrador e referência para a sua reentrada nesta nossa dimensão de realidade.

Ah! Talvez seja hora de uma manta aconchegante para aquecer o corpo da friagem da madrugada.

BYE

sexta-feira, 7 de maio de 2010

ÁGUAS UTERINAS






CH 60

Mais sonhos:

Primeiro eu estava com minha mãe num clube de águas quentes e passávamos de uma piscina para outra (as piscinas eram emendadas). O sol estava quente e disse que teríamos de ficar na sombra, uma vez que estávamos sem chapéu e sem óculos de sol. Nisso adentramos numa piscina que era coberta e na seqüência eu não tive como passar para a próxima piscina, pois estava escuro e eu não conseguia enxergar direito. Uma menina passou rápido perto de mim e disse que a próxima piscina estava vazia e constatei que de fato ninguém a utilizava. Tentei visualizar se o vazio que a menina falara era sem água, mas não conseguia enxergar. Pensei que talvez a mesma não estivesse sendo utilizada por conter água fria ou por ser muito funda. Preferi não arriscar.

Bem... Parece-me transição, mudanças. Nadar na vida, nas águas primordiais. Poder-se-ia pensar em estado de regressão ou regressivo. Não creio. Relação com a vida com forte presença da mãe, seja por simbiose ou por proteção. Piscinas, águas primordiais, conteúdo sombrio desconhecido, avanço, busca de referências, cautela, avançar, arriscar, ficar, cautela, cuidados.

Em sonhos anteriores piscinas apareceram, mas nesse você está dentro.

Como iniciei falando, parece-me transição entre estados de Ser, de consciência e nestes momentos tateamos por que a consciência exige. Uma menina passa rápido, impulsos, foco de atenção, mobilização de seus filtros de referências externos, mas seu estado de consciência já não vai na onda, avalia o cenário para se posicionar.

Eis mudanças de atitude decorrentes de novas posturas assumidas frente à realidade. O sujeito se prepara para realizar mudanças de estado, de cenário. Ou a psiquê se atualiza, se adéqua, preparando as condições para que o sujeito realize suas transformações.

Bye