domingo, 13 de dezembro de 2009

ANTÔNIA 2

Ilustraçãodo Livro "Medicina da Alma"

nao costumo ter sono profundo, mas acho que quando tenho esses pesadelos realmente devo estar dormindo pesado. nao sei se tenho apneia, mas creio que não. ´nao acordo assustada. algumas vezes costumo acordar suada. também nao sinto falta de ar. costumo acordar varias vezes por noite e durmo cerca de nove horas. as vezes sou ansiosa, mas no normal sou calma. dependendo da situacao sou controladora, mas muitas vezes prefiro ser passiva para nao ficar nervosa ou brigar atoa. nao sou de ter medo, mas acho que tenho medo de nao ter controle do corpo quando durmo e estar consciente dessa incapacidade de movimento ou de retorno ao mesmo. e muito ruim sonhar que acorda sem de fato acordar. é como se a mente estivesse enganando a propria mente. quando acordo de verdade é um alivio muito grande e tem vezes que fico desencorajada de voltar a dormir com medo de ficar presa no sono. já aconteceu de eu ter consciencia do que estava se passando na casa. certa vez eu sabia que ia chegar uma visita, queria acordar pois estava sozinha em casa e nao consegui acordar. escutei a campainha tocar e desesperada nao conseguia acordar. quando por fim acordei eu pensei que tudo houvesse sido apenas um sonho, mas depois a pessoa confirmou que houvera ido na minha casa e nao havia ninguem. isso também acontece quando tenho que acordar em determinado horário. daí eu sonho que está na hora de acordar, mas nao consigo despertar. muitas vezes eu preciso relaxar, nao forçar o despertar e daí consigo acordar naturalmente. mas nao entendo o que realmente se passa. é tudo sonho? seria algum tipo de desprendimento? nao entendo dessas coisas de viagem astral e tenho receios disso. medo de morrer creio que nao tenho, mas nao posso afirmar isso com muita conviccao. sou professora e nao me considero perfeccionista ou severa. nao uso remedio e nao tenho segredos me incomodando.


Agradeço-lhe as respostas, elas enriquecem o entendimento. Poderia responder-lhe dentro de parâmetros gerais mais minha preferência é investigar para que encontremos o entendimento de sua vivência. Você tem duas possibilidades: Causa Orgânica e funcional e natureza psíquica. Naturalmente se excluirmos possibilidades orgânicas, funcionais ou neurológicas, poderemos concentrar o foco na natureza psíquica o que pode favorecer o entendimento e a saída para essa vivência angustiante. Caso contrário, só através de exames numa clínica especializada do Sono.

De imediato é importante que você aceite que mesmo em vigília o controle que temos sobre o corpo é relativo e pequeno, considerando o funcionamento dos sistemas e dos órgãos que nos constituem. Nós interferimos no funcionamento corporal através das consequências de nossos atos e não pela intervenção da intenção. No sono este controle inexiste, está entregue ao próprio corpo, que define ritmos, ciclos, frequência, tempo. A vontade, que faz parte do contexto da consciência, e é mobilizada por ela, precisa ser desenvolvida e de inicio pouco pode interferir. Apenas com treinamento podemos aumentar a consciência e o poder de intervir no estado onírico. Mas independente da baixa tensão que não favorece a consciência, sua localização naquele tempo e naquele espaço, e pouco menos a memória, ela é real.

Um exemplo recente:
Duas noites atrás, eu em sono profundo, sonhando, vejo o que me pareceu uma mulher batendo asas como se voasse. Eu me concentro no fato e escuto as batidas de asas como se fossem absolutamente reais, me viro para ver a cena e num flash escuto as asas batendo e aí percebo que os sons são externos, ligo meu despertar, imediatamente acordo, silêncio... escuto o bater de asas, localizo a origem dos sons, me levanto, subo uma escada que leva ao sótão e vejo uma grande Mariposa, do tamanho de uma mão, se debatendo no vidro de uma janela, lá fora uma lua minguante às 3:30 hs da madrugada, levantei a janela e a bichinha sumiu na noite.

Estou relatando este fato recente pois parece-me o oposto de sua vivência, em milésimos de segundos, a partir da localização dos sons externos eu acionei o estado de vigília e o mecanismo funcionou. Meu filtro auditivo, seletivo, diminuiu e os sons me despertaram, a partir de meu intento.

Neste momento me lembro de uma cachorra que gostava muito. Depois que sua mãe morreu, ela se sentia muito triste no terreno e solitária na noite, e toda madrugada ela latia compulsivamente, até que eu me levantava ia até a janela, dava um assovio, ela parava e ia descansar, não mais latia no fim da noite. Este fato para mim foi de importância pois mudou a minha dinâmica de sono. Eu escutava os latidos, me recusava a levantar e mergulhava no sono para depois realizar o ritual de acordar e assoviar. Com o tempo passei a ser imediato no despertar. Depois disso continuo tendo sono profundo, mas minha atenção no sono se transformou e me desperto com sons mínimos.

Ah! Outro detalhe é a memória onírica. Como o corpo desativa certos mecanismos psíquicos, em geral para se atualizar, se reconfigurar (mecanismos de adaptação e de regulação corporal), todas as funções são reduzidas a baixa atividade, baixo consumo de energia, para repouso e regulação orgânica, Como um processo de hibernação em tempo acelerado. É a hora em que o corpo se refaz do esforço da vigília. Assim a memória também é praticamente desativada. Para tentar ajudar a compreensão uso de uma comparação; É como se na vigília construímos imagens para registro com até 2mega Pixeis e no sono trabalhamos com imagens de 5kbs, Com o tempo as imagens do estado de vigília vão sendo reduzidas e chegam à sutiliza das imagens oníricas quando acionadas ou ampliadas. E uma forma do cérebro não recarregar suas funções de registro. No sono os mecanismos de defesa continuam atuando já que estamos praticamente desarmados e sem defesa, não completamente já que como a visão é utilizada para atualização psíquica com os sonhos, a sensibilidade tátil, proprioceptiva, de equilíbrio térmico, olfativa e principalmente auditiva continuam ativadas mesmo que com filtros mais fortes.

Se você viu “O Poderoso chefão”, lembra quando o produtor de Hollywood se desperta com a sensação de umidade na cama e descobre que a cabeça do seu cavalo tinha sido deixada na cama? O que quero lhe dizer é que os mecanismos instintivos continuam a funcionar em baixa atividade como defesa e sobrevivência. E esta parece-me a porta para o retorno ao estado de vigília. Seu universo sensorial. Mais do que a consciência mental, a consciência corpórea (Atenção auditiva, tatil, olfativa e proprioceptiva) é a porta para o retorno à vigília.

Aqui podemos avançar “pensando seu fenômeno”. Uma primeira associação me passa: seu corpo dorme mais do que sua consciência e ele possui um tempo menos acelerado para responder do que ela. Sua consciência desperta, mas seu corpo continua “dormindo” em estado de relaxamento profundo. Neste caso a chave você já demonstrou que tem: muitas vezes eu preciso relaxar, nao forçar o despertar e daí consigo acordar naturalmente. Você acorda, ligada e o corpo continua dormindo, e você desesperada, aprisionada no seu corpo. Uma possibilidade é de que seu corpo esteja em estado de exaustão, entra em repouso e você acorda antes da recomposição orgânica, antes do corpo; Seu corpo pode ter ritmos e ciclos mais lentos; Sua mente pode ser hiperativa e a máquina não acompanha a sua velocidade mental; Você pode exigir do corpo um ritmo que ele é quem dita, como ele não muda você não aceita.

certa vez eu sabia que ia chegar uma visita, queria acordar pois estava sozinha em casa e nao consegui acordar. escutei a campainha tocar e desesperada nao conseguia acordar.

Veja que pode ter sentido a reflexão, a capainha toca e você a escuta enquanto dorme, A consciência acorda mas o corpo não desperta e você não recupera o domínio do corpo.

Neste caso você precisa reaprender a ler seu corpo para respeitar os sinais que ele lhe envia. Uma Variante, em caso de não haver hábito, é a indicação para que você passe a realizar exercícios (caminhada, Body Walk) para aumentar o ritmo de suas respostas corporais, despertando o corpo na vigília, aumentando o seu limiar de resistência física.

Em relação à saída do corpo (viagem astral) pessoalmente não creio. Apesar de certa semelhança de estado de consciência ativada. Mas parece-me que em caso de viagem astral o cordão de prata é retraído quando ocorre intenção de recuo, susto, ansiedade, estímulos externos e retorna com tanta rapidez que a tendência é evitar esses retornos acelerados para evitar traumas, e como é um processo natural de desprendimento as saídas são trabalhadas de forma consciente.

Havia lhe levantado mais alguns itens, em busca de informações, espero que esta reflexão possa lhe ajudar no entendimento do processo, se quiser avançar na investigação, vou vasculhar meus livros para ver se encontro informações. Mande-me noticias de suas observações quem sabe assim aprendemos com sua vivência e com isso que para mim é dessincronização. Se não foi útil, perdoe-me a ignorância.

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