quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

VOYAGE




Eu havia ido viajar com alguns conhecidos para um local e, por ser férias, mês de alta temporada, preferimos dividir um local barato. Ao chegar lá o quarto estava completamente mofado e as camas praticamente podres. Além do mais, tal quarto ficava no alto e era preciso subir perto de um pé de limão que atrapalhava a passagem com seus espinhos. Por fim a dona verificou que era impossível hospedar-nos lá e sem encontrar abrigo cabível ao que podíamos pagar, tivemos de voltar para casa.

Ao chegar na frente do local onde moro, fiquei surpreendida, pois ele não era o mesmo. Minha mãe o havia transformado num incrível prédio e já estava na fase do acabamento. Na parte de baixo havia uns andares com fachada abaulada e toda a parte da frente era feita sem parede, mas com duas camadas de vidro bem resistente preto, daqueles que enxerga-se tudo do lado de dentro e nada se enxerga estando do lado de fora. Uma camada do vidro ficava na parte interna e superior da varanda e a outra na parte esterna da mesma, ou seja, ampas as “paredes” de vidros podiam se abrir, mas sem prejudicar a segurança dos moradores. Sem dúvida foi o prédio mais chique e interessante que já vi na minha vida.
 
Ψ

Também sinto que o templo mais chic que podemos ter ou construir em nossa vida está relacionado à nossa vivência familiar, materna ou paterna. A origem de onde herdamos o material que nos permitirá construir o melhor do que aquilo que eles não conseguiram e abandonar o pior que os aprisionou em suas vidas.

O sonhos tem dois movimentos:

O primeiro movimento  foca os impedimentos;

O segundo  foca a referência familiar, sua matriz.

São as duas possibilidades: avançar naquilo que os nossos antepassados não avançaram, romper aquilo que eles não conseguiram romper, nos permitir ser a vanguarda do mundo. Por que neste aspecto ninguém é melhor do que ninguém. Cada um em sua singularidade é capaz de apresentar o melhor, mostrar o quanto está sintonizado com a vida, com a evolução e com a expansão do universo.

Ou...

Repetir o passado, repetir a tendência do passado. entrar no círculço compulsivo da repetição, abrindo mão do que temos de melhor, a vida e a capacidade de criar o novo, de projetar e experimentar a sintonia com o mundo com aquilo que o mundo quer de nós.

O sonho é isso: as dificuldades dos espinhos ou o belo agraciado. Renunciar aos espinhos e aceitar a riqueza do herdado. E o herdado nada mais é do que a vida daqueles de quem somos resultado.

Os espinhos, sabemos que existem, mas não precisamos fazê-los mais espinhentos. Precisamos rompê-los.

E para rompê-los podemos focar no que herdamos, valorizando o que os ancestrais nos legaram e avançando naquilo que damos conta. Sem precisar sofrer se as conquistas não são aquelas que almejamos. Elas podem representar mais do que ofereceremos aos nossos descendentes.

A dinâmica do inconsciente alerta: o passado não é apenas o negativo. Ele é também aquilo que somos. E o futuro será aquilo que conseguirmos realizar.

Será que realizaremos mais do que os nossos ancestrais realizaram?

Neste mundo moderno caótico, as nossas possibilidades são inumeráveis. Um bom caminho é a transparência dos vidros bem protegidos. São transparentes ainda que sejam vidros.


Ψ




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