quarta-feira, 29 de setembro de 2010

"MANDATUM NOVUM DO VOBIS" - LAVA MÃOS II

   imagem do livro
Tantra o Caminho da Aceitação
 Osho - Ed Cultrix

LAVA PÉS


O sonho pode indicar uma das transformações dessa representação no seu significado coletivo. O tempo não é mais apenas do lava pés.

O lava-pés é um rito litúrgico, realizado na Quinta Feira Santa, na missa da Ceia do Senhor, Jesus ao lavar os pés dos discípulos quer demonstrar seu amor por cada um e mostrar a todos que a humildade e o serviço são o centro de sua mensagem. “Eu vim para servir”.

O lava-pés era muito usado no tempo de Jesus e até mesmo antes do seu nascimento. Era um trabalho feito por escravos, que consistia em lavar os pés dos patrões da casa e de daqueles que chegavam de viagem.

O nome do rito do lava-pés era "Mandatum", tirada da palavra inicial da antífona que acompanhava o rito, cantada em latim: "mandatum novum do vobis..." Dou-vos um novo mandamento. A mudança do paradigma da era anterior para a era de peixes, a mudança das relações de supremacia para o tempo da igualdade e da fraternidade.

O rito do lava-pés é um gesto litúrgico que repete o mesmo gesto de Jesus, é simbolizado como compromisso de estar ao serviço da comunidade, para que todos sejam purificados e salvos.

A celebração do Lava-Pés é a maior explicação para o grande gesto de Jesus que é a Eucaristia, "Assim como Jesus se doa a nós, inteiramente, também somos chamados a nos doar para o irmão".

O LAVA MÃOS

A imagem do Lava-Mãos aflora, na minha compreensão, como um dos símbolos que bem pode indicar o novo tempo, a Era de Aquárius. Depois da humildade e da servidão aflora o tempo do encontro, do partilhamento, da troca, da comunhão. Estamos saindo do nível terreno dos pés para o nível aéreo das mãos, para os domínios das habilidades, do desenvolvimento da coordenação psicomotora especializada, do refinamento dos movimentos. Não mais a atitude arrogante e agressiva, mas o gesto delicado e amoroso, a troca, o compartilhamento, o encontro, a doação. Gestos sob o domínio da consciência.

No sentido pessoal, talvez não tenha percebido que sua segunda intenção não manifesta, mas pensada, era a de tocar o filho do Divino, mas mais do que o toque nas mãos ele lhe da chance de manifestar seu desejo e frente à sua dificuldade ele a abraça, acolhendo a filha, dando-lhe o afeto. O milagre do Afeto, o abraço, símbolo do amor.

Outra variante é a figura do homem santo, que lhe oferece amor quando considerado, dando-lhe sustento e prazer. O animus quando reprimido é aquele que aflora e contamina a feminilidade, mas quando considerado e respeitado se manifesta feminino, de forma sensível e amorosa. Manifesta o seu amor sem medo de rejeição.

Uma possibilidade negativa é a relação que podemos fazer com o lavar as mãos em Pôncio Pilatos, que entrega Jesus à barbárie humana. Haveria em suas atitudes a omissão, o descompromisso? Você vem lavando as mãos, se escondendo, para acontecimentos que lhe exigem um posicionamento? Existe relação entre o lavar as mãos e sua carência? Sua carência vem definindo suas atitudes? Ou seja... Não seja Pôncio!

Naturalmente que o lava pés, realizada na última Santa Ceia, antecipa o lava mãos de Pôncio Pilatos e contrapõe  o gesto de omissão com o de comprometimento. Já na era de aquarius esse lavar as mãos não precisa ser visto como omissão mas como preparo para o encontro, purificação.

ADENDO EM 30.09. - para reflexão:  Pôncio Pilatos assim como Judas serve de instrumento para sacramentar o destino de Cristo, Judas o entrega aos romanos e Pôncio o entrega aos humanos, ambos cumprem o ritual dos que são utilizados como instrumentos para o intento  Divino, pela omissão ou pelo simplismo se tornam instrumento para os designios do Coletivo. Este é um detalhe interessante, pois quando avançamos na maturação da consciencia deixamos de ser massa de manobra para interferir a favor de propósitos mais construtivos e menos suscetíveis às forças polarizadas de oposição no universo.
Sinceramente, ainda hoje tenho duvidas se o pai entrega o filho ao sacrifício ou se ele deixa o filho às forças do mal para focar a existencia do universo sombrio.

Há outras leituras, mas essas me pareceram focos interessantes.

SOBRE AS INTENÇÕES E AMBIVALÊNCIAS

Possivelmente, entre tantos equívocos que as pessoas cometem um dos maiores seja o de acreditar que tudo quanto pensam é produto delas como entidade única e singular. Entre os equívocos, uma das grandes dificuldades é a de identificar intenções subjacente, ou em baixo limiar de consciência, originadas no inconsciente.

Quando o individuo não consegue diferenciar a vivência psíquica do meio e ou em si mesmo, tende a misturar o que é, o que pensa ser, o que idealiza ser e as manifestações de inconsciente que afloram à câmara do pensamento. Nesta situação o sujeito dificilmente diferencia suas intenções reais de segundas intenções, intrínsecas aos acontecimentos e determinantes em suas atitudes e em suas escolhas.

No sonho acima quando o “Senhor” pergunta sobre as suas intenções ele focaliza e indica a necessidade do sujeito de prestar atenção e considerar, no sentido de consciência, as manifestações subjacentes na câmara do pensamento. Porque este é um estágio que nos permite separar o Joio do Trigo, o que somos daquilo que acreditamos ser ou daquilo que o nosso inconsciente indica, originados de conteúdos arquetípicos ou de conteúdos autônomos. Daí a importância do desenvolvimento da atenção, da disciplina, do foco e do encontro de nosso eixo. Se não tivermos a lucidez para identificar a multiplicidade de fenômenos que se desenrolam em nossa consciência, como poderemos ter referência daquilo que somos. Não se pode nesta vida ser simplista, o preço, a ser pago, pode ser muito elevado.


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