segunda-feira, 27 de setembro de 2010

DUELO E SACRIFÍCIO


Em terceiro me vi num ambiente com várias pessoas e haveria um duelo de dois homens por causa de um problema entre os filhos de ambos. Estava com grande pesar e um tanto inconformada com aquilo, pois sabia que dentre em breve, um daqueles dois ia morrer e, não aguentando, discursei falando firme e forte sobre o perdão. Eu não gritava, mas era como se houvesse um microfone na minha garganta. Falei que aquilo seria como um suicídio, pois já eram homens maduros intelectualmente para dominarem os sentimentos e se perdoarem. Disse que aquilo poderia gerar consequências negativas para as próximas vidas, inclusive para os próprios filhos, já que estes eram o motivo principal do dilema. Não lembro tudo que falei, mas as palavras fluíam, eu tinha muito domínio verbal e, embora soubesse que era praticamente impossível diminuir ou dissipar a ira daqueles homens, senti-me aliviada por ter feito minha tentativa, por ter dito o que pensava, por ter feito o que julgava meu dever. Achava-os insolente por querer fazer justiça pelos filhos com as próprias mãos, mas compreendia essa insolência por também já tê-la sentido milhares de vezes em situações passadas àquele contexto onírico. Enquanto conversava com um desses homens em particular, quase como numa despedida, meu sentimento era de que seria capaz de morrer para que ambos os homens permanecessem vivos e de bem um com o outro. Eu cheguei a imaginar me colocando na frente de um deles na hora do duelo para sensibilizar os dois corações amargos com a minha morte fatal, mas uma vez que não tinha certeza disso ser o suficiente, decidi que não me arriscaria. Infelizmente eu nada podia fazer além do que fizera ao oferecer meu conselho de perdão.

OBSERVAÇÕES

É interessante notar que a sua dinâmica psíquica vem ao longo deste último ano com mudanças significativas, da desordenação caótica para a ordenação harmônica, e o foco rompe a barreira pessoal para o espaço coletivo, familiar ou social. Você abandona a postura de apatia ou de incapacidade, de reatividade e de medo para a do sujeito que avalia o cenário, o comportamento, com criticidade e apresenta sua visão, seus princípios, sua ética, seu senso.

Se compararmos o presente ao passado, é visível sua ordenação e formação conceitual como consciência. Veja a importância do seu desenvolvimento: o esforço na busca de compreensão e o consequente amadurecimento aumentaram sua resistência mental (a capacidade de responder aos desafios que a vida lhe apresenta na realidade e no universo onírico).

Pessoalmente acredito que é muito mais difícil responder ao desafio onírico do que à realidade em que vivemos, já que o poder de responder na dimensão onírica só se constitui a partir da constituição e formação da consciência. Sem essa consciência ordenada não possuímos resistência mental, ou força de aglutinação necessária para nos situar na dimensão onírica.

E a consciência adquirida abre mais possibilidades para que vivemos como sujeitos, com capacidade de interagir e atuar no universo onírico, caso contrário somos conduzidos ao sabor das ondas no oceano primordial do inconsciente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário