Sonhei que estava numa festa com uma jovem que deveria ter por volta de uns dez anos. Parecíamos ser a melhor amiga uma da outra. Nisso vi uma conhecida de longa data (que na vida real foi minha professora), mas ela passava por mim como se não me notasse. Resolvi eu mesma ir cumprimentá-la. Cheguei perto e perguntei se ela não ia me abraçar, pois eu queria um abraço. Nos abraçamos, ela foi cordial e saudosista. Depois ela fez-me algumas perguntas, traçou alguns comentários e me chamou dizendo que queria me mostrar algo. Disse para minha amiga me esperar e saí abraçada com essa conhecida. Nesse meio tempo escutei-a comentar que criança era uma tristeza e me indaguei se ela estava se referindo a minha amiga. Sem entender o comentário não dei importância. Depois de tanto tempo sem nos vermos, era para eu senti-la como uma estranha, mas eu estava bem à vontade, sentindo-me intima de nossa velha amizade. Acompanhei-a até uma casota retirada do local da festa. Na frente da mesma haviam três homens e pensei que deveriam ser seguranças do local, mas me questionei porque aquele local precisaria de tal tipo de proteção. Ao chegar mais perto notei que eles bebiam e fumavam charuto. Se eram vigilantes disfarçados em homens comuns (sem uniforme) não deveriam estar bebendo, pois bêbados não iam fazer a menor diferença no local.
Ao passar por eles percebi que os três homens estavam incorporados com exus e acenei a mão em cumprimento. Apesar das minhas indagações, até então tudo estava tranquilo. Fiquei a me perguntar se as pessoas sabiam do fato deles estarem incorporados, mas minha atenção foi desviada quando a conhecida pegou a bolsa e começou a procurar algo. Novamente ela disse que criança era uma tristeza e não entendi onde ela queria chegar dizendo aquilo. A qual criança ela se referia e por qual motivo dizia aquilo? Fiquei calada esperando que ela justificasse seu comentário, mas ela não prolongou o assunto. Em seguida ela pegou uma linha de pesca, trancou a porta com a chave e começou a amarrar a fechadura com a linha. Tive a plena sensação de que ela ia me matar e fiquei desesperada. Estariam os três exus vigiando o local contra ou a favor de algo anormal ocorrer nele? Porque pessoas (isso incluía os exus) pelas quais eu tinha tanta consideração estariam querendo me matar? Era eu a criança referida? O que estava de fato acontecendo? Mil perguntas passavam pela minha cabeça desesperada. De repente a conhecida sumiu e fiquei ali trancada. A minha sensação era de estar enterrada viva. Entretanto, enquanto chutava a porta com toda força, tive a certeza de que eu ia conseguir sair dali, mesmo que não soubesse como. Foi com alívio que acordei. Foi um sonho estranho e não compreendo que significado poderia ter. O que acha?
O sonho sinaliza mudanças e uma recorrência marcante, alem do triângulo de poder dos três homens incorporados:
1. A mudança envolve sua conquista e o conflito repetido entre a polaridade da autonomia e a força polarizada da submissão.
A conquista – você não permite, inicialmente, que a prevalência de conteúdos que terminam sua tendência à baixa estima determine sua resposta diante da expectativa frustrada de não reconhecimento. Antes de entrar na nóia, a partir da suposição da rejeição alheia, você se apresenta e supera a crítica severa que faz de si mesmo. Este é o comportamento saudável. Eu reconheço a pessoa e ela não me reconhece, eu me apresento, sem fantasias de rejeição pelo outro.
Quando abrimos espaços para que conteúdos se utilizem de nossas fragilidades para se manifestarem, eles se alimentam energeticamente aumentando sua sobrevida, desta forma se fortalecem na psique abrindo espaços para promoverem mais desequilíbrios. Eles crescem pois quando focados recebem fluxos de energia.
Nós sabemos que esses conteúdos ainda não foram dissolvidos, e a psique, no sonho, lhe favorece esta distinção entre conteúdos pessoais e autônomos e lhe permite no confronto buscar respostas mais saudáveis. E você se supera apresentando novas respostas mais saudáveis. Isso favorece a formação de referencias internas de comportamento, de formação de atitudes, de respostas diante da realidade.
2. Há dificuldades pessoais em colocar limites. Você ainda se deixa levar, se permite ser conduzido, o que pode representar perigo iminente. É necessário cautela. A carência ou a disponibilidade em excesso pode representar renúncia à autonomia ou perigo à individualidade constituída.
3. “escutei-a comentar que criança era uma tristeza” Quando sempre se dá mais valor ao que o outro faz, o banal se transforma em essencial e o insignificante te envolve como coisa importante. Quando se é conduzido o outro define as prioridades que serão importantes para nós. Há submissão em evidência. Você se torna presa do imponderável.
4. A fantasia é terra de ninguém. Quando nos tornamos presas das fantasias, os fantasmas e as assombrações, a ilusão, o mundo do impossível se mostra tangível, possível, e ameaçam o equilíbrio conquistado. Produzir fantasias e criar ilusões é dar vida a fantasmas, criar exércitos de inimigos que tentam se sobrepor à força do real, guerreando contra seu criador.
5. Mais importante do que a possibilidade de escapar do aprisionamento é não se permitir perder a liberdade.
6. Você fica suscetível à influencia alheia quando abre mão de definir seus caminhos.
Quando o suposto aliado não atende suas expectativas confortáveis ele se torna ameaçador e favorece o seu desequilíbrio, seus medos, suas angustias.
MENSAGEM
“me chamou dizendo que queria me mostrar algo.” O que ela queria lhe mostrar? Que você é criança? Que se coloca em situação de risco em decorrência de necessidade em ser aceita? Bem, há em você uma observadora impaciente, que define os acontecimentos em sua vida a partir de um pré-diagnóstico precipitado. Há conflito frente à
Exu é o orixá do movimento, irreverente, brincalhão e a forma como é representado como um falo humano ereto, simbolizando a fertilidade. De caráter irascível, ele se satisfaz em provocar disputas e calamidades àquelas pessoas que estão em falta com ele. E assim é Exu, o orixá que faz: O erro virar acerto e o acerto virar erro. É astucioso, vaidoso. Evidência de conflito, disputa.
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