quarta-feira, 22 de setembro de 2010

IESUS, SACRIFÍCIO E PECADO

O Sacrificio Feminino
 imagem criada para o blog aeternus femininus
Sonhei que via Jesus muito magro brincando carinhosamente com uma criança de uns nove meses de idade no colo: era seu filho. Ao lado dele estava uma mulher de cabelos compridos parecida com as imagens religiosas de Maria Madalena. Ao mesmo tempo em que via a cena, eu me sentia nela. Nisso ela abraçou-o num gesto de quem busca se conformar com o inconformável. Ela já sabia que ele ia morrer dentro em breve, assim como ele também. Entretanto, pareceu-me que ele ia morrer por questões de saúde. Foi um sonho rápido, pois acordei um tanto assustada e chocada logo depois.

O sonho é arquetípico, e inevitavelmente requintado. Suas amplas possibilidades de leitura levam-me à busca de algumas colocações que possam mostrar-lhe a força de seu sentido, ou abrir-lhe possibilidades de reflexão.

A Tríade está formada Pai, filho e espírito santo. Sim, não importa a madalena prostituta, profana, mas a madalena sagrada mãe do filho de Deus. A mulher sagrada que traz no seu interior o Don de matriz da vida, promotora da luz divina, a geração do novo ser, o espírito santo.

E a finitude define um aspecto da visão coletiva da imagem, a morte do pai, o futuro do filho órfão do pai e a realidade da família definida.

Conformar com o inconformável, é aceitar o imprevisível e o imponderável. Primeira lei da vida: a vida é impermanente e se aceito a impermanência não sofro pelo apego, pela posse, pela compulsão, renuncio ao embate com o destino aceitando os desígnios que a vida me propõe.

Aceitar a morte é aceitar o nosso destino trágico de retorno do corpo ao pó, é aprender a não sofrer pelo destino natural, aceitar o inevitável.

Naturalmente se olharmos o passado podemos ver na sua história essa realidade acontecida. Quanto ao passado nada há a se fazer, mas essa realidade pode se anunciar ao futuro, o que poderia indicar em sua vida, a tendência, de repetir o passado.

E nisso pode aparecer um Nó em sua linhagem que merece destaque. Desafios acontecem em duas vertentes, repetimos de forma coletiva conteúdos arquétipos em nosso desenvolvimento. Conteúdos e desafios pelos quais somos obrigados a passar.

Quando recebemos de nossos antepassados, em nossa configuração, a chave de superação desses desafios, eles se tornam estágios transitórios em nossa jornada, que são prontamente superados definindo nossos avanços.

Mas quando nossos antepassados não superam os desafios que deveriam superar, deixamos de herdar as chaves e passamos a herdar apenas o desafio, o que se torna enigma determinante em nossas vidas. Se nãos os superamos repetiremos nossos pais, avós ou bisavós, até a terceira geração.

Daí vem, possivelmente, questão chave desse sonho na sua dimensão pessoal. Dimensão pessoal, coletiva no sentido familiar. Qual a mensagem do sonho para que você não repita a história de seus pais?

Em um dos significados da representação de Cristo em nossas vidas, está a do filho de Deus, o homem, divino espírito, que morre como sacrifício para nos salvar. O primeiro sentido é o do homem que nasce para o Sacrifício, que se dedica e oferece a sua vida para salvar e libertar as pessoas do pecado e do seu destino trágico de pecadores.

No sonho associado à vida de madalena, a imagem nos remete ao lado profano da vida de Jesus, sua relação com a passionalidade, madalena e o filho nascido da relação pecaminosa com a prostituta, com a vida profana. O lado humana e terreno do filho de Deus aquele que também sucumbem aos pecados do corpo, do prazer e das paixões.

Podemos até pensar que a morte do homem cristo está associada à entrega, do espírito santo, aos prazeres do corpo. Ou seja, quando o individuo se entrega ao prazer do corpo ele paga com morte. Está pode ser uma forma disfarçada da repressão na tentativa de, culpabilizando, travar seus caminhos no reino dos prazeres terrenos.

A aceitação da morte do Homem/Pai/Santo como algo inevitável pode ser a indicação de uma mulher que anseia a morte do homem como forma de castrar a força de sua presença na tríade familiar. Neste sentido a possessividade, o poder de controlar do filho define a morte do pai como um ritual de sacrifício natural.

Este lado pode indicar uma tendência de mulheres que pouco se importam com os homens, mas que têm em seu alvo o propósito final, e o homem é apenas o objeto para a realização desses propósitos. Neste caso o Afeto sucumbe à força do controle e à necessidade da posse do filho. O que move essa mulher não é o sentimento, mas a natureza de mulher procriadora voltada para o seu objeto de criação: o filho.

Será ela uma pecadora pelo ato profano e sexual cometido com o filho de Deus (e todos os somos) ou será pecadora pelo sacrifício que impõe ao homem: a morte, depois que esse se entrega ao seu canto de sedução vaginal?

Veja que varias podem ser as possibilidades de mensagem.

Como conteúdo permanece a tendência de sacrifício dos conteúdos masculinos. A força do feminino prevalece sacrificando o masculino o que reforça a ideia central do homem que renasce de forma determinante se fazendo prevalecer e se manifestando de forma dominadora sobre a mulher.

Uma vertente interessante é a solução do dilema, onde o casamento e a procriação quando focados como propósito podem representar o sacrifício do homem, ou a morte do homem como espírito santo ou como mito e a ascendência da mulher que prevalece não como pecadora e profana mas como mãe e santa. O domínio feminino sobrevive ainda que carregado de culpabilidade. Em geral mulheres castradoras e dominadoras se articulam atraves da destruição do homem que as sustentam emocionalmente. É uma forma que elas encontram para prevalecer na competição que estabelecem com seus admiradores.


De qualquer forma, a solução passa pela integração e pela harmonia e nunca pelo embate, promotor de conflitos.
A mensagem?

O que escolher: Poder, Sacrifício e Culpa ou Afeto, Comunhão e Aceitação?

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