quarta-feira, 29 de setembro de 2010

"MANDATUM NOVUM DO VOBIS" - LAVA MÃOS I

 
Outra vez sonhei com Jesus. Ele estava diferente, com aparência de ter provavelmente a mesma idade que eu. Seus olhos mais claros que o azul do céu continuavam a me fascinar de maneira impressionante. Eu estava no banheiro de casa lavando minhas mãos quando ele aproximou-se e lavou as dele também. Terminando antes que eu, pegou a toalha e enxugando as mãos compartilhou-a comigo. Eu queria tocar as mãos dele, mas não tive coragem. Durante todo esse processo de lavar as mãos, perguntei-lhe a respeito de algo que houvera estragado, não lembro exatamente que aparelho era, talvez um computador. Não sei por que, mas me sentia um tanto culpada e temerosa de que ele pudesse estar chateado comigo. Sentia-me um tanto sem graça e outro tanto pesarosa. Ele falou sobre a peça do aparelho que havia estragado e perguntei quanto custava. Era um valor muito caro. Fiquei ainda mais pesarosa, pois era como se não pudesse ajudá-lo, independente de eu ter culpa ou não. Nisso ele perguntou se minha intenção era aquela ou se havia uma segunda intenção. Não entendi de que intenção ele falava e fiquei muda tentando entender sua pergunta. Então ele me abraçou. Seu abraço, diferente de tudo o que já experimentei, deixou-me dopada de uma paz e bem-estar inexplicável, algo jamais sentido. Ele voltou a repetir a pergunta. Continuei não entendendo-a e mergulhada nas sensações do abraço ficava muito mais difícil conseguir raciocinar. Como minha única intenção era estar de bem com Ele, respondi que aquela era a única intenção, mas ainda sem saber de que intenção Ele falava. Permanecemos abraçados durante mais algum tempo. Por mim ficaria o resto da eternidade rendida àqueles braços. Depois disso ele se foi e eu acordei. Foi muito difícil conseguir dormir novamente, pois conservava em mim as sensações inexplicáveis daquele abraço.

Quais as mensagens de um sonho como esse?



Os sonhos para mim sempre representaram e ainda representam a Esperança. Esperança? Alguém pode se perguntar. Sim esperança, penso eu.

A vida é um fenômeno muito estranho. Podemos passar por ela acreditando no seu absoluto “Non Sense” ou acreditando num sentido fenomenológico para a sua existência, seja esse sentido, religioso, existencial, filosófico, psicológico.

Os sonhos para mim representam essa esperança como porta aberta para o fenomenal, conexão com o Divino e com um sentido que antecede a existência de cada um de nós. E se permaneço acreditando nisso é por que mesmo que não pareça ainda encontro sentido no “sem sentido” da vida.

Naturalmente não me prendo mais a ideias estéticas, a ideias de poder, ao contrário, quanto mais passam os anos, mais tenho a certeza de que amadurecer e aprofundar a consciência que conquistamos seja a única coisa que valha a pena nesta dimensão, é claro, acrescida do amor, da compaixão e da compreensão de que nossas possibilidades são muito menores do que poderia imaginar na juventude.

Digo isso porque um sonho como este, pela riqueza simbólica que oferece, abre a possibilidade de nos referendar naquilo que é significativo.

A representação simbólica de Jesus, como o pescador de almas que veio para nos salvar na Era de Peixes, Era que neste tempo finda e cede espaço para a era de Aquárius, também transforma o sentido simbólico do Cristo.

Seu simbolismo na era de Peixes, conhecido de todos, acompanhou a humanidade nestes últimos dois mil anos. Mas e agora, na Era de aquárius? Podemos intuir essa representação simbólica de Jesus amplificada, se isso for possível. Mas acredito que podemos saborear um pouco desse significado, dessa representação, que se transformará nestes próximos dois mil anos dessa nova era.

"MANDATUM NOVUM DO VOBIS" - LAVA MÃOS II

   imagem do livro
Tantra o Caminho da Aceitação
 Osho - Ed Cultrix

LAVA PÉS


O sonho pode indicar uma das transformações dessa representação no seu significado coletivo. O tempo não é mais apenas do lava pés.

O lava-pés é um rito litúrgico, realizado na Quinta Feira Santa, na missa da Ceia do Senhor, Jesus ao lavar os pés dos discípulos quer demonstrar seu amor por cada um e mostrar a todos que a humildade e o serviço são o centro de sua mensagem. “Eu vim para servir”.

O lava-pés era muito usado no tempo de Jesus e até mesmo antes do seu nascimento. Era um trabalho feito por escravos, que consistia em lavar os pés dos patrões da casa e de daqueles que chegavam de viagem.

O nome do rito do lava-pés era "Mandatum", tirada da palavra inicial da antífona que acompanhava o rito, cantada em latim: "mandatum novum do vobis..." Dou-vos um novo mandamento. A mudança do paradigma da era anterior para a era de peixes, a mudança das relações de supremacia para o tempo da igualdade e da fraternidade.

O rito do lava-pés é um gesto litúrgico que repete o mesmo gesto de Jesus, é simbolizado como compromisso de estar ao serviço da comunidade, para que todos sejam purificados e salvos.

A celebração do Lava-Pés é a maior explicação para o grande gesto de Jesus que é a Eucaristia, "Assim como Jesus se doa a nós, inteiramente, também somos chamados a nos doar para o irmão".

O LAVA MÃOS

A imagem do Lava-Mãos aflora, na minha compreensão, como um dos símbolos que bem pode indicar o novo tempo, a Era de Aquárius. Depois da humildade e da servidão aflora o tempo do encontro, do partilhamento, da troca, da comunhão. Estamos saindo do nível terreno dos pés para o nível aéreo das mãos, para os domínios das habilidades, do desenvolvimento da coordenação psicomotora especializada, do refinamento dos movimentos. Não mais a atitude arrogante e agressiva, mas o gesto delicado e amoroso, a troca, o compartilhamento, o encontro, a doação. Gestos sob o domínio da consciência.

No sentido pessoal, talvez não tenha percebido que sua segunda intenção não manifesta, mas pensada, era a de tocar o filho do Divino, mas mais do que o toque nas mãos ele lhe da chance de manifestar seu desejo e frente à sua dificuldade ele a abraça, acolhendo a filha, dando-lhe o afeto. O milagre do Afeto, o abraço, símbolo do amor.

Outra variante é a figura do homem santo, que lhe oferece amor quando considerado, dando-lhe sustento e prazer. O animus quando reprimido é aquele que aflora e contamina a feminilidade, mas quando considerado e respeitado se manifesta feminino, de forma sensível e amorosa. Manifesta o seu amor sem medo de rejeição.

Uma possibilidade negativa é a relação que podemos fazer com o lavar as mãos em Pôncio Pilatos, que entrega Jesus à barbárie humana. Haveria em suas atitudes a omissão, o descompromisso? Você vem lavando as mãos, se escondendo, para acontecimentos que lhe exigem um posicionamento? Existe relação entre o lavar as mãos e sua carência? Sua carência vem definindo suas atitudes? Ou seja... Não seja Pôncio!

Naturalmente que o lava pés, realizada na última Santa Ceia, antecipa o lava mãos de Pôncio Pilatos e contrapõe  o gesto de omissão com o de comprometimento. Já na era de aquarius esse lavar as mãos não precisa ser visto como omissão mas como preparo para o encontro, purificação.

ADENDO EM 30.09. - para reflexão:  Pôncio Pilatos assim como Judas serve de instrumento para sacramentar o destino de Cristo, Judas o entrega aos romanos e Pôncio o entrega aos humanos, ambos cumprem o ritual dos que são utilizados como instrumentos para o intento  Divino, pela omissão ou pelo simplismo se tornam instrumento para os designios do Coletivo. Este é um detalhe interessante, pois quando avançamos na maturação da consciencia deixamos de ser massa de manobra para interferir a favor de propósitos mais construtivos e menos suscetíveis às forças polarizadas de oposição no universo.
Sinceramente, ainda hoje tenho duvidas se o pai entrega o filho ao sacrifício ou se ele deixa o filho às forças do mal para focar a existencia do universo sombrio.

Há outras leituras, mas essas me pareceram focos interessantes.

SOBRE AS INTENÇÕES E AMBIVALÊNCIAS

Possivelmente, entre tantos equívocos que as pessoas cometem um dos maiores seja o de acreditar que tudo quanto pensam é produto delas como entidade única e singular. Entre os equívocos, uma das grandes dificuldades é a de identificar intenções subjacente, ou em baixo limiar de consciência, originadas no inconsciente.

Quando o individuo não consegue diferenciar a vivência psíquica do meio e ou em si mesmo, tende a misturar o que é, o que pensa ser, o que idealiza ser e as manifestações de inconsciente que afloram à câmara do pensamento. Nesta situação o sujeito dificilmente diferencia suas intenções reais de segundas intenções, intrínsecas aos acontecimentos e determinantes em suas atitudes e em suas escolhas.

No sonho acima quando o “Senhor” pergunta sobre as suas intenções ele focaliza e indica a necessidade do sujeito de prestar atenção e considerar, no sentido de consciência, as manifestações subjacentes na câmara do pensamento. Porque este é um estágio que nos permite separar o Joio do Trigo, o que somos daquilo que acreditamos ser ou daquilo que o nosso inconsciente indica, originados de conteúdos arquetípicos ou de conteúdos autônomos. Daí a importância do desenvolvimento da atenção, da disciplina, do foco e do encontro de nosso eixo. Se não tivermos a lucidez para identificar a multiplicidade de fenômenos que se desenrolam em nossa consciência, como poderemos ter referência daquilo que somos. Não se pode nesta vida ser simplista, o preço, a ser pago, pode ser muito elevado.


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

DUELO E SACRIFÍCIO


Em terceiro me vi num ambiente com várias pessoas e haveria um duelo de dois homens por causa de um problema entre os filhos de ambos. Estava com grande pesar e um tanto inconformada com aquilo, pois sabia que dentre em breve, um daqueles dois ia morrer e, não aguentando, discursei falando firme e forte sobre o perdão. Eu não gritava, mas era como se houvesse um microfone na minha garganta. Falei que aquilo seria como um suicídio, pois já eram homens maduros intelectualmente para dominarem os sentimentos e se perdoarem. Disse que aquilo poderia gerar consequências negativas para as próximas vidas, inclusive para os próprios filhos, já que estes eram o motivo principal do dilema. Não lembro tudo que falei, mas as palavras fluíam, eu tinha muito domínio verbal e, embora soubesse que era praticamente impossível diminuir ou dissipar a ira daqueles homens, senti-me aliviada por ter feito minha tentativa, por ter dito o que pensava, por ter feito o que julgava meu dever. Achava-os insolente por querer fazer justiça pelos filhos com as próprias mãos, mas compreendia essa insolência por também já tê-la sentido milhares de vezes em situações passadas àquele contexto onírico. Enquanto conversava com um desses homens em particular, quase como numa despedida, meu sentimento era de que seria capaz de morrer para que ambos os homens permanecessem vivos e de bem um com o outro. Eu cheguei a imaginar me colocando na frente de um deles na hora do duelo para sensibilizar os dois corações amargos com a minha morte fatal, mas uma vez que não tinha certeza disso ser o suficiente, decidi que não me arriscaria. Infelizmente eu nada podia fazer além do que fizera ao oferecer meu conselho de perdão.

OBSERVAÇÕES

É interessante notar que a sua dinâmica psíquica vem ao longo deste último ano com mudanças significativas, da desordenação caótica para a ordenação harmônica, e o foco rompe a barreira pessoal para o espaço coletivo, familiar ou social. Você abandona a postura de apatia ou de incapacidade, de reatividade e de medo para a do sujeito que avalia o cenário, o comportamento, com criticidade e apresenta sua visão, seus princípios, sua ética, seu senso.

Se compararmos o presente ao passado, é visível sua ordenação e formação conceitual como consciência. Veja a importância do seu desenvolvimento: o esforço na busca de compreensão e o consequente amadurecimento aumentaram sua resistência mental (a capacidade de responder aos desafios que a vida lhe apresenta na realidade e no universo onírico).

Pessoalmente acredito que é muito mais difícil responder ao desafio onírico do que à realidade em que vivemos, já que o poder de responder na dimensão onírica só se constitui a partir da constituição e formação da consciência. Sem essa consciência ordenada não possuímos resistência mental, ou força de aglutinação necessária para nos situar na dimensão onírica.

E a consciência adquirida abre mais possibilidades para que vivemos como sujeitos, com capacidade de interagir e atuar no universo onírico, caso contrário somos conduzidos ao sabor das ondas no oceano primordial do inconsciente.

DUELO E SACRIFÍCIO II


O SONHO


O sonho parece de confronto. Um sonho de confronto se apresenta como o imponderável, já que o desafio é apresentado, você toma consciência do desafio e apresenta a resposta de acordo com a sua capacidade de resposta, consciência e consistência de propósitos estabelecidos pelo sujeito diante da vida. Alem dos conceitos, projetamos a carga emocional que o acontecimento promove, sentimentos, angústias, ansiedades, caprichos, vaidades, interesses pessoais e coletivos, medos, etc.

No sonho você esta defronte a um duelo. É manifesta a insanidade do comportamento de homes que deveriam se pautar pelo princípio de realidade, mas que se pautam pela força dos caprichos sustentados pela vaidade.

E você reponde de forma decisiva como a mulher que incorporou o senso de realidade, a lógica e as consequências possíveis para um comportamento tão insano (matar ou morrer em nome do orgulho e de vaidades). Essa mulher é a mulher que incorpora o melhor do seu Animus, o melhor de seu lado masculino, ainda que se defronte com um lado masculino insano e vaidoso.

Tentando clarear: Aquela mulher castradora e dominadora é a mulher que tentando aniquilar o lado masculino, se vê invadida e contaminada por um arquétipo que a masculiniza.

Eu costumo dizer que precisamos aprender a lidar é com o lado que não compõe nossa natureza.

A mulher já tem a natureza feminina original, precisa, portanto integrar a essa natureza o conteúdo de Animus, quando ela não faz isso, ela abre espaço para que esse animus contamine sua natureza feminina.

O Homem já tem a natureza masculina original, portanto precisa integrar a essa natureza o conteúdo de anima. Quando não faz, acaba abrindo espaço para que essa anima contamine sua natureza masculina.

Integrar o conteúdo oposto passa primeiro pela ordenação e identificação desse conteúdo e pela incorporação do melhor do conteúdo, transformando suas deformações (que em geral são conteúdos e princípios transitórios decorrentes do tempo e da cultura em que estamos inseridos).

No sonho vemos dois homens insanos, intolerantes, agressivos, inflexíveis e uma mulher que manifesta o melhor do conteúdo de animus, a lógica, o bom senso, a tolerância, o perdão, a compaixão, chamando-os para a consciência e responsabilidades do ato de insanidade.

Voce é confrontada com:

. A falta de lógica do masculino;

. A necessidade de ampliar a aceitação dos limites humanos frente à força do destino;

. A importância de intervir abandonando o conforto da omissão;

. A necessidade de aumentar a resistência mental frente aos impactos devastadores produzidos pela realidade em nosso sistema pessoal;

. A importância de transformar esses conteúdos internos de forma a poder incorpora-los transformados à sua personalidade.

Perceba que no confronto existe o conteúdo coletivo e o pessoal, o coletivo faz referência genérica a sua relação diante do mundo. E o pessoal faz referência à existência de conteúdos internos que anseiam por transformação. E só podemos transformá-los com a força dos princípios, com a generosidade da compaixão, com a humildade dos que abandonam caprichos, orgulhos e vaidades.

O caminho é um bom caminho, ainda que possa ser um looongo caminho.

Ah! O sacrifício, isso faz parte de sua natureza dramática, do mito da heroína, que ainda é capaz de doar sua vida como forma de contribuir para o coletivo se oferecendo como sacrificada. Não se engane! Há limites para o sacrifício, ultrapassar esses limites pode significar tolice, a tolice de acreditar que se sacrificar completa sua tarefa diante da vida. Não completa nem a realiza, apenas determina o seu fim incompleto.

domingo, 26 de setembro de 2010

AETERNUS FAMÍLIA



 
Em segundo estava com minha mãe em Portugal, numa casa que supostamente deveria ser do meu pai. Minha mãe havia feito comida e estávamos prestes a nos alimentar, mas meus dois irmãos por parte de pai não estavam, pois não era período de férias deles. Pensei que a viagem ia ficar perdida uma vez que deveríamos ter ido nas férias deles. Daí lembrei que também não estava nas minhas férias e tentei imaginar se as minhas férias coincidiria com a deles, e se até lá teria condições de refazer a viagem. Não lembro mais nada desse sonho.

Em seu processo interior, iniciado em passado recente, de reconciliação de conteúdos internos, conteúdos de oposição, em dinâmica de conflitos, dissociados (diferentes de autônomos), de polarização para atualização de equilíbrio psíquico, a dinâmica de atualização permanece, atuando a favor de integração e de sua harmonia psíquica. Vejamos:

Não conheço sua história familiar, mas mesmo que não tenha ancestrais portugueses, simbolicamente Portugal é a nossa Terra Ancestral. Na miscigenação brasileira, ou na constituição do povo Brasilis, nossa origem ancestral se mostra geralmente múltipla, com ou sem predominância genética, temos no sangue a historia de três ou mais origens.

Eu por exemplo tenho origens alemã, portuguesa, e africana e possivelmente origem em Povos Originários da Terra Brasilis (indígenas).

No sonho, Portugal pode estar aparecendo como indicativo de origem ancestral ou simbolicamente como origem de terra mãe. Nestes casos o encontro de ordem arquetípica é de origem de inconsciente coletivo associado à constituição familiar e à reunião da família: Pai X Mãe X Filhos.

O alimento é origem de nutrição afetiva. Neste caso a família reunida para se alimentar nutre-se de afeto, ou alimenta sua base afetiva, sua constituição, realizando a conexão do passado com o seu presente e a referencia de que este encontro inevitável com os irmãos te liga do passado ao futuro, entre ferias e trabalho, entre tensões opostas de baixo nível (férias) e alta pressão ( trabalho).

A viagem que geralmente é indicativo de fantasia, neste caso parece-me indicativo de transição, de passagem de estados, da dinâmica de mudanças ou de permanencia de conflito entre uma tendencia de reunião e outra de separação.

Pode haver frustração pelo encontro irrealizado. Não se encontra o acordo tônico na família.

Daí considerá-lo, o sonho, como continuidade do processo de reencontro com seu eixo de origem, a família. O que nos liga à nossas origens aos compromissos que não devemos nos furtar com a evolução da estirpe, que indica o nosso futuro ou a continuidade de nossos descendentes.
A pergunta que aflora: o que impede o verdadeiro encontro, reunião, desta familia? o descompromisso das férias? Sua postura de descomprometimento?
Reflita.


sábado, 25 de setembro de 2010

LEITE SAGRADO SEIOS PROFANOS




Mais sacrifício...
Sonhei primeiro que estava com um homem, mas daí ele reduziu de tamanho e tornou-se um bebê. Deitei e coloquei-o de bruços sobre meu peito. Acariciava seu corpo sendo que estávamos ambos nus. Ele começou a sugar em meus seios e rindo comentei que daquele jeito ia acabar saindo leite.

O sonho indica relações que merecem ser compreendidas. A associação imediata poderia ser a relação entre sua baixa estima e a redução da representação masculina ao estágio do período de amamentação. Naturalmente reduzindo o homem e crescendo o poder da mulher como seio da vida, se assume diante da vida uma relação de maternidade e proteção onde a estima se compensa através da redução do outro.

Tão importante na mulher quanto a natureza de matriz da vida é a capacidade de nutrir a vida no outro através da alimentação no seio sagrado.

Muitos podem ter dificuldades de compreender que essa relação santificada envolva uma natureza erótica. Mesmo para o recém-nascido que obtém conforto e o consequente prazer ao eliminar a dor e o desconforto causado pela fome, o seio se torna objeto de satisfação erótico que determinará e definirá a relação afetiva do sujeito com o mundo.

PEQUENA REFLEXÂO CONCEITUAL

Já disse anteriormente que este momento é crucial da definição da Personalidade Afetiva do individuo.

Penso que deixando de lado classificações tradicionais, podemos até definir dois Biótipos básicos de formação da Personalidade:

O Biótipo Afetivo e o Biótipo Não Afetivo.

• O primeiro aquele que resulta de relações onde o sujeito obtém prazer, saciação e satisfação na relação Oralidade-Seio materno;

• O segundo tipo, aquele que sendo frustrado na conquista do prazer e formado na insaciação estabelece com o mundo uma relação de culpa e de ressentimento e reatividade projetada de forma agressiva e no não estabelecimento de vínculos relacionais afetivos.

O segundo biótipo define a formação das Sociopatias modernas e os desvios sexuais e compulsivos.

O SONHO

Sabemos que existe a tendência familiar de repressão aos conteúdos de origem Arquetípicos de Animus e a consequente presença destes conteúdos se manifestando em forma da definição de personalidade das mulheres como dominadoras e castradoras. Mas agora podemos introduzir um acréscimo a essa visão:

Entenda que a natureza da psiquê é dinâmica com tendência a instabilidade, Uma instabilidade decorrente do processo de impermanência da natureza e de forças de expansão do universo. A estabilidade é resultado do individuo que a conquista passando a determinar a relação entre o seu sistema e o mundo.

Digo isso porque, mesmo que a dinâmica seja: A repressão do animus... A sua manifestação imperativa determinando o domínio da personalidade feminina visível na geração da mulher dominadora e castradora. Mas, como nenhum sistema se mantém permanentemente estável, nos momentos em que ocorram variações e instabilidades nessa dinâmica de contaminação do Animus na personalidade feminina, afloram as tendência naturais do feminino, neste caso a necessidade de proteção, a maternidade, a afeição e essencialmente a relação do feminino com a sua natureza e corporalidade.

No sonho a representação arquetípica do animus é reduzida ao estágio da dependência feminina, ao estágio da relação de Simbiose Filho X Mãe e o sonho surge como compensatório pois reequilibra a contaminação do animus sobre a personalidade da mulher dando-lhe a satisfação de super estima reduzindo o animus ao nível da dependência nutricional.

Por outro lado fica claro que este conteúdo Arquetípico (Animus) necessita se desenvolver, se libertar deste estágio de simbiose, e sua natureza feminina precisa se libertar desta compensação maternal.

Não há como ocorrer desenvolvimento e evolução se o indivíduo (no caso a mulher) não integrar os conteúdos opostos à sua personalidade, deixando de ser refém destes conteúdos e vivendo na necessidade de compensação para saborear um pouco de sua natureza feminina.

Ainda que nesta relação exista um alimento erótico, consigo mesmo. Um alimento que nutre apenas o erotismo narcísico de uma personalidade aprisionada em si-mesmo, nas suas próprias armadilhas.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

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  Justiceira, Castradora e Fálica


Pelo que entendi, independente do meu lado masculino ser submisso ao feminino, a verdade do problema é que minha força masculina está reprimida pela própria masculinidade interior e isso gera o comportamento masculino afeminado. Então, em verdade, sou submissa a força masculina que está disfarçadamente reprimida?

Você tem seus conteúdo masculino sob severa repressão, o que ocasiona uma relação turbulenta entre a sua natureza masculina e a sua natureza feminina. A repressão ao consegue o domínio absoluto da força do vulcão. O vulcão vaza como um dragão em fúria soltando fumaça pelas frestas e lava pelas fissuras, consequentemente a força do masculino se impõe e aparece como uma mulher dominadora e castradora, agressiva, instável emocionalmente, insatisfeita, inquieta. Em síntese: uma Mulher Yang, masculina. A força do masculino prepondera e reduz as manifestações femininas.

Neste caso o feminino é contaminado e não aparece como coração, afeto, delicadeza, suavidade, espírito, intuição, magia. Vai encontrar dificuldades para manifestar sua essência. Deixará de caracterizar a mulher que estará visivelmente masculina, mulher guerreira, competitiva, agressiva, dominadora, controladora, supostamente racional.

“...a verdade do problema é que minha força masculina está reprimida pela própria masculinidade interior e isso gera o comportamento masculino afeminado.”

A força do masculino não está reprimida pela masculinidade. O Masculino, o conteúdo arquetípico é reprimido pela intenção consciente do indivíduo, como sujeito constituído, ego, superego, ou como quiser designar o que você é. Este conteúdo reprimido, fortalecido com a força aplicada para reduzi-lo, encontra brechas para se manifestar, canais onde possa se projetar. Dessa forma acaba contaminando a personalidade do sujeito e se impondo imperativamente. O conteúdo reprimido se manifesta através de desvios, deformado, impondo sua presença e como consequência reduz o espontâneo e a configuração original do sujeito.

“Então, em verdade, sou submissa a força masculina que está disfarçadamente reprimida?”

O Seu feminino estará subjugado pela força do masculino que se credita reprimido ou submisso.

É importante que entenda que a força da repressão que aplica sobre o conteúdo focado, alimenta este conteúdo que quer reduzir, fortalecendo-o. Quando pensas que aniquila o “monstro” você o fortalece.


  Ana Claudia Michells
Foto de Zee Nunes e André Katopodis

Na foto acima, a reprodução da feminilidade na sua essencia; Floral, suavidade, delicadeza, magia onírica, para contrapor a ideia da feminilidade subjugada pela força Yang do senhor da guerra.

Ah! Em geral a mulher castradora-dominadora se mostra uma mulher Fálica. Muito natural que essa mulher Yang, tenha como que um FALUS exposto de tamanho avantajado e uma sexualidade, consequente, à flor da pele. Também no sexo elas se mostram competitivas, ativas, imperativas e assustadoras. Muitos homens adoram e outros mais delicados ficam apavorados, talvez por medo de se tornarem  escravos sexuais, como mulheres possuídas. Mas este é outro assunto.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

IESUS, SACRIFÍCIO E PECADO

O Sacrificio Feminino
 imagem criada para o blog aeternus femininus
Sonhei que via Jesus muito magro brincando carinhosamente com uma criança de uns nove meses de idade no colo: era seu filho. Ao lado dele estava uma mulher de cabelos compridos parecida com as imagens religiosas de Maria Madalena. Ao mesmo tempo em que via a cena, eu me sentia nela. Nisso ela abraçou-o num gesto de quem busca se conformar com o inconformável. Ela já sabia que ele ia morrer dentro em breve, assim como ele também. Entretanto, pareceu-me que ele ia morrer por questões de saúde. Foi um sonho rápido, pois acordei um tanto assustada e chocada logo depois.

O sonho é arquetípico, e inevitavelmente requintado. Suas amplas possibilidades de leitura levam-me à busca de algumas colocações que possam mostrar-lhe a força de seu sentido, ou abrir-lhe possibilidades de reflexão.

A Tríade está formada Pai, filho e espírito santo. Sim, não importa a madalena prostituta, profana, mas a madalena sagrada mãe do filho de Deus. A mulher sagrada que traz no seu interior o Don de matriz da vida, promotora da luz divina, a geração do novo ser, o espírito santo.

E a finitude define um aspecto da visão coletiva da imagem, a morte do pai, o futuro do filho órfão do pai e a realidade da família definida.

Conformar com o inconformável, é aceitar o imprevisível e o imponderável. Primeira lei da vida: a vida é impermanente e se aceito a impermanência não sofro pelo apego, pela posse, pela compulsão, renuncio ao embate com o destino aceitando os desígnios que a vida me propõe.

Aceitar a morte é aceitar o nosso destino trágico de retorno do corpo ao pó, é aprender a não sofrer pelo destino natural, aceitar o inevitável.

Naturalmente se olharmos o passado podemos ver na sua história essa realidade acontecida. Quanto ao passado nada há a se fazer, mas essa realidade pode se anunciar ao futuro, o que poderia indicar em sua vida, a tendência, de repetir o passado.

E nisso pode aparecer um Nó em sua linhagem que merece destaque. Desafios acontecem em duas vertentes, repetimos de forma coletiva conteúdos arquétipos em nosso desenvolvimento. Conteúdos e desafios pelos quais somos obrigados a passar.

Quando recebemos de nossos antepassados, em nossa configuração, a chave de superação desses desafios, eles se tornam estágios transitórios em nossa jornada, que são prontamente superados definindo nossos avanços.

Mas quando nossos antepassados não superam os desafios que deveriam superar, deixamos de herdar as chaves e passamos a herdar apenas o desafio, o que se torna enigma determinante em nossas vidas. Se nãos os superamos repetiremos nossos pais, avós ou bisavós, até a terceira geração.

Daí vem, possivelmente, questão chave desse sonho na sua dimensão pessoal. Dimensão pessoal, coletiva no sentido familiar. Qual a mensagem do sonho para que você não repita a história de seus pais?

Em um dos significados da representação de Cristo em nossas vidas, está a do filho de Deus, o homem, divino espírito, que morre como sacrifício para nos salvar. O primeiro sentido é o do homem que nasce para o Sacrifício, que se dedica e oferece a sua vida para salvar e libertar as pessoas do pecado e do seu destino trágico de pecadores.

No sonho associado à vida de madalena, a imagem nos remete ao lado profano da vida de Jesus, sua relação com a passionalidade, madalena e o filho nascido da relação pecaminosa com a prostituta, com a vida profana. O lado humana e terreno do filho de Deus aquele que também sucumbem aos pecados do corpo, do prazer e das paixões.

Podemos até pensar que a morte do homem cristo está associada à entrega, do espírito santo, aos prazeres do corpo. Ou seja, quando o individuo se entrega ao prazer do corpo ele paga com morte. Está pode ser uma forma disfarçada da repressão na tentativa de, culpabilizando, travar seus caminhos no reino dos prazeres terrenos.

A aceitação da morte do Homem/Pai/Santo como algo inevitável pode ser a indicação de uma mulher que anseia a morte do homem como forma de castrar a força de sua presença na tríade familiar. Neste sentido a possessividade, o poder de controlar do filho define a morte do pai como um ritual de sacrifício natural.

Este lado pode indicar uma tendência de mulheres que pouco se importam com os homens, mas que têm em seu alvo o propósito final, e o homem é apenas o objeto para a realização desses propósitos. Neste caso o Afeto sucumbe à força do controle e à necessidade da posse do filho. O que move essa mulher não é o sentimento, mas a natureza de mulher procriadora voltada para o seu objeto de criação: o filho.

Será ela uma pecadora pelo ato profano e sexual cometido com o filho de Deus (e todos os somos) ou será pecadora pelo sacrifício que impõe ao homem: a morte, depois que esse se entrega ao seu canto de sedução vaginal?

Veja que varias podem ser as possibilidades de mensagem.

Como conteúdo permanece a tendência de sacrifício dos conteúdos masculinos. A força do feminino prevalece sacrificando o masculino o que reforça a ideia central do homem que renasce de forma determinante se fazendo prevalecer e se manifestando de forma dominadora sobre a mulher.

Uma vertente interessante é a solução do dilema, onde o casamento e a procriação quando focados como propósito podem representar o sacrifício do homem, ou a morte do homem como espírito santo ou como mito e a ascendência da mulher que prevalece não como pecadora e profana mas como mãe e santa. O domínio feminino sobrevive ainda que carregado de culpabilidade. Em geral mulheres castradoras e dominadoras se articulam atraves da destruição do homem que as sustentam emocionalmente. É uma forma que elas encontram para prevalecer na competição que estabelecem com seus admiradores.


De qualquer forma, a solução passa pela integração e pela harmonia e nunca pelo embate, promotor de conflitos.
A mensagem?

O que escolher: Poder, Sacrifício e Culpa ou Afeto, Comunhão e Aceitação?

domingo, 19 de setembro de 2010

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Como são os sonhos premonitórios?

É como lhe falei, a natureza Psy é vasta e nós somos apenas uma variante dessa natureza. Uma variante importante, responsável pela manutenção, sobrevivência do nosso sistema e pela constituição da consciência que é experiência evolutiva da matéria e instrumento de aprimoramento da espécie.

Somos aparentemente um corpo, aparentemente já que não o constituímos e cujo funcionamento independe de nos. Mas um corpo inconsciente que propicia o surgimento de uma consciência que somos nós.

Quando pensamos há dois mil anos no passado ou no futuro, pensamos em nossa realidade como seres vivos, mas no tempo do universo dois mil anos estão ali a um segundo atrás ou à frente. O tempo do universo não é um tempo absoluto. Nossa vida é como um suspiro de um milésimo de segundo no vasto relógio do universo. Assim, a psiquê pode não estar à frente, mas apenas “está” e “sabe” o que para nós é ainda mistérios posto que prisioneiros de uma dimensão que se arrasta através do longo dia e da longa noite de movimento do sol, vivida em aparentemente longos anos mas que não passam de milésimos de segundo no tempo do universo.

De forma sintética, premonição é o pensamento ou o sonho, ou a visão, que antecipa o acontecimento futuro.

Quando trabalhamos a intuição, isto é, quando silenciamos a mente tagarela e passamos a nos escutar, passamos a perceber pensamentos que independem de nossa vontade. Eles sempre afloram, se os distinguimos aprendemos que eles são uma fonte permanente que nos adverte para perigos e antecipa acontecimentos em nossa vida.

Nossa natureza e espetacular!

Mas quando nos permitimos apressados, ansiosos, superestimados, deixamos de usufruir dessa capacidade fenomenal da natureza de ir alem do presente no qual estamos inseridos.

A vida se anuncia no seu trajeto. A psiquê percebe e adverte e nós escutamos ou não, compreendemos ou não, vemos ou não. Geralmente as pessoas não se escutam, não vêm e descreem naqueles que o fazem. Na verdade são meia bola, não desenvolvem as habilidades que a vida lhes agracia, não aprimoram a consciência e permanecem inconscientes, cegos para o esplendor da vida.

A visão tradicional da premonição já o diz: predizer, profetizar. O Indivíduo recebe a mensagem, ou viaja ao futuro para ver o acontecimento. São conceitos construídos dentro de paradigmas, já ultrapassados, da ciência que fragmentava o tempo absoluto e o ser humano.

Se pensarmos num tempo absoluto onde estamos inseridos, recebendo imputs de mudanças e realizando intervenções, a premonição pode ser entendida como a capacidade de sintonizar e perceber a dinâmica dos acontecimentos que se sucedem. Não há um passado ou um futuro estanque, mas a possibilidade de transitarmos indo ao futuro da mesma forma que recorremos ao passado.

Porque mesmo sem ser premonitórios, ainda assim meus sonhos vêm a me surpreender muito tempo depois?

Não sei dizer se são os sonhos que te surpreendem ou se a sua consciência que acionada, se liga e lhe adiciona insights.

A compreensão do mundo e da vida é pessoal depende da capacidade individual para percebê-los e do estágio de configuração do momento. Assim, indivíduos podem ter a mesma percepção de um fato e compreensões diversas diretamente proporcional à capacidade que possuem de processar informações, e banco de dados que possuem, o que determinará o resultado final do processamento.

Em geral, quando focamos nossa atenção sobre determinado evento, acionamos um complexo sistema de processamento de dados a partir das informações acumuladas contidas em nós, as experiências vividas, a capacidade de realizar associações de múltiplos eventos, etc. e esse processo pode durar segundos ou horas, dependendo do Hardware de cada um, da capacidade de processamento, ou do grau de integração do individuo.

Um acontecimento como este que cita me chama a atenção para: Você deve estar se escutando mais; Está mais vinculada aos sinais que seu corpo envia; Está mais centrada ou menos dispersa; há diminuição da conturbação mental.

Dessa forma a psique continua processando as informações que busca, como compreensão, emitindo os resultados e você está sendo capaz de percebê-las.

Sua Psyquê ativa lhe supre das informações que busca, enriquece seu universo de associações e de compreensão de suas vivências.

Um exemplo: Crianças com mesmo potencial de inteligência começam a diferenciar o desenvolvimento dependendo do nível de estimulação que são submetidas. Hoje em dia se fala muito na inteligência das crianças como um diferencial em relação ao passado, a inteligência possivelmente é a mesma, mas a profusão de informações com que elas, na atualidade, são submetidas lhes dá maior capacidade de resposta, a facilidade do diálogo lhes favorece a verbalização, e os estímulos despertam de forma geral melhor uso da capacidade mental.

Se desenvolvemos nossa consciência aumentamos nossas possibilidades de compreender melhor o sentido da vida, e aprendemos a usar melhor a nossa estrutura mental e os instrumentos fenomenais que ele nos proporciona. È tudo uma questão de escolha.

Enquanto tolos se permitem trogloditas, assassinos, medíocres e se contentam com o banal a lucidez nos propicia uma existência mais plena.

Parece-me que você está inserida num processo de despertar de um sono. Seja bem vida ao mundo desperto. Existem muitas formas de estar plugado: plugado nos filhos; no casamento; na cozinha; no sexo; do dinheiro; no poder; nas aparências; na política; no domínio; na ciência; na existência; em Deus; em tudo. A escolha é pessoal. Cada ligação nos permite um resultado. Escolha o seu! A existência é sua!
Ou será que estou fantasiando demais essa ligação dos sonhos com a realidade?

Prefiro pensar em fantasias, a atitude de fuga da realidade, aquela em que o individuo compensa suas frustrações construindo mundos imaginários.

Nosso universo já é, por demais, fantástico, precisamos compreender melhor nossa natureza e a natureza do nosso mundo para apreender de forma plena a realidade e termos mais chances de fazer escolhas mais inteligentes para a nossa vida.

O universo é UNO, somos todos uno.

sábado, 18 de setembro de 2010

FEED BACK




Quando diz que alguns sonhos de tensão estilo pesadelo proporciona o desenvolvimento de reações e condições mais maduras para lidarmos com fatos mais complexos do dia-a-dia, isso significa que o nosso inconsciente está em verdade nos alertando e nos fortalecendo para o futuro, pois sabe exatamente o que vai ocorrer no mesmo?

Este parece-me o espírito da coisa.

Em primeiro lugar, colocando o sujeito num cenário onírico que espelha uma realidade possível, dá ao individuo a chance de se preparar para o acontecimento dentro do real , esta dimensão com a qual interagimos, mostrando a Prontidão ou a ausência dela diante de ameaças. Esse tipo de situação também favorece a tomada de consciência para os limites pessoais e a importância de desenvolver respostas mais apropriadas. Além disso, induz um preparo biopsicofísico de resistência, aumentando o limiar de resistência mental do individuo para que, frente ao perigo, não se desmonte, como uma jaca que cai do pé, aumentando suas chances de sobrevivência.

Neste aspecto o sonho antecipa acontecimentos, que serão vivenciado para que o individuo se prepare para adversidades que se anunciam.

Primeiro se trabalha a favor da sobrevivência do organismo dando-lhe condições de resistir e sobreviver a dificuldades que se anunciam no horizonte.

“e nos fortalecendo para o futuro, pois sabe exatamente o que vai ocorrer no mesmo?”

Assim acredito. Só não falo em futuro porque o futuro é construção de realidade. E o sonho é uma construção extradimensional além dos nossos conceitos passado, presente e futuro. Uma construção que envolve outras realidades. Na dimensão onírica o tempo não existe, ou se existe, existe a partir da introdução da consciência que temos como consciência e que, portanto se situa em um “Espaço” e em um “Tempo” de consciência.

Na dimensão onírica o espaço existe como construção dentro de uma realidade singular, em tese uma realidade Bidimensional com regras biofísicas que transcendem nossos conceitos de mundo, realidade e universo.

E este “espaço” está associado a uma realidade específica nesta dimensão, com um “tempo” adequado a esta realidade.

Para compreensão: o tempo pode estar comprimido, assim a psiquê não estaria falando de um acontecimento futuro, mas de um acontecimento que já “É”. Para nós se torna futuro já que vivemos aprisionados no conceito pragmático de “Presente”, princípio de sobrevivência. Assim um “segundo” pode durar uma eternidade e a eternidade pode durar um segundo.

O Espaço pode estar limitado ou alongado. E tudo isso interfere em nossa capacidade de percepção, visual, sonora e proprioceptiva. Assim como interferimos nessa realidade como observadores e pensadores.


Percebo que simbolicamente os meus sonhos são quase premonitórios, mas infelizmente eu só consigo fazer a conexão de sentido depois que os fatos se tornam reais. Vejamos um exemplo:

estou com catapora há cinco dias. Nos primeiros dias vieram-me de imediato dois sonhos em mente:

primeiro o sonho donde apareceu tatuagens espontâneas pelo meu corpo. Nunca gostei de tatuagem, acho horrível e, embora respeite quem gosta e tem, eu não gosto e não tenho. A associação da catapora com aquela imagem do corpo todo tatuado foi imediata. Pessoalmente essa associação interna de catapora e tatuagem parece-me incrível, porém nada obvia para uma possível pré-dedução.

O segundo sonho foi aquele donde me coloco como filha de Omolu, o Orixá das doenças de pele. Hoje, uma vez que meu corpo já não coça mais e as bolhas ardem quando vou sentar ou deitar, lembrei-me do sonho donde um homem estava sendo queimado, pois a minha sensação física é como se estivesse com o corpo cheio de queimaduras.

Constantemente alguma situação real de vida me faz lembrar de algum sonho específico e, embora não tenha muito a ver, fico um tanto surpresa concatenando o quando pode ter a ver de maneira indireta, figurativa. Meus sonhos estão funcionando como uma espécie de dejá vù emocional. Não consigo definir o que vai me acontecer através dos meus sonhos, mas estou sentindo de uma maneira muito concreta o quanto eles possuem uma conexão sem fronteiras com a realidade, sem dimensão de tempo ou espaço. Vou continuar atenta, pois ainda tenho muito para constatar e aprender.

Natural que possamos ser profetas do acontecido.  e essas associações subsequentes podem ser valiosas para que aprende a distinguir a linguagem do seu corpo através dos sonhos. Veja que um sonho implica em várias possibilidades de leitura, por isso as associações são tão importantes. Assim, com maestria, podemos chegar em um foco, o que não implica que outros não sejam também possíveis de serem significativos. E conhecer as várias vertentes aumenta a possibilidade de aproximação da mensagem principal.

Suas observações mostram o porque de associações orgânicas serem importantes. Os sonhos são definitivamente um meio que o corpo se utiliza para nos comunicar sobre o funcionamento do seu sistema. Assim é possível detectar em sonhos sinais prévios de disfunções e de ocorrências somáticas agudas, crônicas, ou apenas a sintomatologica.

Este para mim já se mostra um das razões mais importantes para que aprendamos a prestar mais atenção no nosso corpo e nos sonhos, já que estes sinais podem nos preparar para intervir em dinâmicas somáticas com mais precisão. São alertas vindos do próprio corpo. O corpo comunicando suas alterações ou anunciando transformações e alterações que podemos promover em sua dinâmica.


continua...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

QUESTÕES parte I





Muitas reflexões me surgiram:

Isso seria um sonho compensatório?

É possível, que o sonho tenha conteúdos sendo compensados, mas não me parece um sonho de compensação. Naturalmente o momento lhe empurra para uma relação a dois, sua carência precisa ser preenchida. Há a necessidade de contato de pele, de corpo. O corpo pode estar sedento da entrega à lascívia, há tendência à lubricidade. Mesmo que a força da necessidade da carne esteja latente, creio que o foco transcende a carne e atinge a sua dinâmica de transformação e constituição do ser simbólico.

O corpo é apenas berço entre o Ser simbólico que através dele, o ser como manifestação de um fenômeno que aflora, e o mundo onde este corpo existe. Mas nós somos os mediadores entre o corpo e o mundo. E nos cabe conduzir a bom termo e com inteligência a nossa trajetória enquanto vivos ou nos entregar como massa indiferenciada num universo que anseia diferenciação.

Esse homem representa o desejo de viver o mesmo com um homem externo?

É possível. Você pode se responder.

Mas esse encontro acontece internamente entre conteúdos Opostos, entre a sua natureza feminina e conteúdos do arquétipo Animus. Parece-me mais um estágio que antecede a materialização.

Esse homem é a projeção de meu animus?

Pode ser uma imagem ou representação do arquétipo. Portanto, "uma" e não "a".

Ainda existe em mim a necessidade imatura de ser carregada ou de movimentar-me através de um homem externo, um 'príncipe encantado'?

O sonho mostra que é assim que se conduz. Não chamaria isso de imaturidade. A força de suas origens mostra que esse é um enigma que você precisa superar. Ou simplesmente repete seus antepassados ou os superar avançando para estágios mais evoluídos onde se livra da necessidade de comandar para compensar a submissão interna, onde o feminino pela força da repressão se obriga ao subjugo do masculino.

O avanço você integra o masculino, aproveitando sua força para realizar as suas possibilidades de transformação e de intervenção no mundo.

O “Príncipe Encantado” é uma projeção da representação desse animus. É como se nenhum homem fosse o bastante para você. O bom é aquele que espelhe a sua imagem idealizada. Ou seja, o caminho da insatisfação, do fracasso e da infelicidade nas relações com o sexo oposto.

QUESTÕES parte II





Ou estaria meu animus deixando de ser subjugado pelo lado feminino dominador?

Ele nunca foi subjugado. Não possuímos esse poder. Pode-se tentar reprimir sua manifestação, mas isso promove sua potencialização e o arquétipo se manifestará de forma definitiva e imperativa definindo a condição de insustentabilidade e instabilidade da personalidade. O agregamos os conteúdo transformando e aceitando transformações ou somos subjugados pela força determinista do inconsciente.

Qual a dimensão externa e interna que um sonho desses pode representar?

O conteúdo envolve sua relação consigo mesmo, com seu interior, com sua alma. E envolve a sua relação com o mundo, a partir da harmonia ou desarmonia com o seu espírito.

Por outro lado, surge outro tipo de dúvida:

Até que ponto devemos ser independentes dos desejos, mesmo que as necessidades existam?

Esse pode ser o grande foco. Libertar-se dos desejos é um longo caminho de provações, renuncias e risco de ser engolido por eles. Mas não há caminho sem essa libertação.

Ou você encontra uma forma de satisfação dos desejos e se liberta ou não sacia e vira escravo dessa força. A repressão é o caminho menos indicado, tanto quanto o seu oposto, a satisfação sem limites, pois ela não sacia e aumenta a fome.

A liberdade pode ser trabalhada e conquistada, mas nunca o será através da força e do subjugo dos conteúdos psíquicos.

Você se forja com um indivíduo impecável, Fortalece seus princípios, se referencia na verdade, agrega disciplina, supera fragilidades renunciando aos vícios, fechando as portas para não cair nas tentações. Mas elas continuam a prevalecer.

Quando fortalecemos a coragem, a capacidade de amar, a compaixão, a humildade a vida passa a oferecer opções que anteriormente não se tinha. Parece que somos agraciados para viver os desejos de uma forma mais suave e mais passível de controle e domínio.

Diferentemente, quando abrimos a porta para a luxúria, os desejos se mostram insaciáveis e nos levam aos centros de prazer, à profusão das sensações e aos quintos dos infernos pagos com a venda da alma.

Vá de Retro Satanás!

Quem quiser que coloque a cabeça na reta!

Naturalmente estou sendo drástico. Eu me permiti chegar à porta do inferno e me dou feliz por ter conseguido retornar vivo e íntegro dessa jornada. Mas geralmente, poucos conseguem sobreviver quanto mais sair dessa densidade sem cicatrizes ou destruídos. A questão não é moral ou religiosa. Somos nós diante do mundo sob a força das pulsões internas. Um tipo de postura específico permite a muitos se livrarem da gosma, outros se superestimam e mergulham na noite dos desesperados, uma longa noite onde o retrocesso pode se tornar inviável.

QUESTÕES parteIII





Como uma mulher pode ser independente de um homem e vice-versa, se existe necessidades físicas e biológicas que os liga entre si?

Esta é, provavelmente, aparentemente uma tarefa das mais difíceis. Podemos até nos permitir ser subjugados pelos desejos, mas não temos que ser escravo sexual do “outro” ou de pulsões que contrariam princípios que nos ajudam a nos sustentar na relação com o mundo.

Esta é uma questão chave. Creio que não existe saída que não seja sustentada pela independência, pela conquista da liberdade, pelo fortalecimento da individualidade. Eu disse individualidade e não individualismo.

Quando fortalecemos nosso sistema pessoal, nos diferenciamos do coletivo e temos maiores possibilidades de partilhar e comungar. Quando enfraquecemos a pessoalidade, como náufragos nos debateremos num mar tempestuoso com poucas chances de sobrevivência.

 
Até que ponto definir se estou sendo movida por tais necessidade ou por desejos egoicos, ou ainda por ambos?

Independe de você, esta não é uma questão pessoal, ela nasce no coletivo. Torna-se pessoal na forma como respondemos à força dessa pulsão. Não há como evitar esse encontro decisivo.

O que você chama de desejos egóicos, pode ser umadesignação muito ampla para pouca coisa nela contida.

Existem conteúdos autônomos que sobrevivem penetrando na consciência através dos desejos, dessa formam podem também se associar a fragilidades na configuração da personalidade para se revestirem e conseguirem ultrapassar os filtros que impedem o acesso aos centros de mobilização do corpo, aos centros da Vontade, isto para que, quando conseguem penetrar nesse nível de comando do corpo se abastecerem da energia necessária para se manterem aglutinados.

Muitas vezes, esses conteúdos se fortalecem de tal maneira que se transformam em núcleos de pulsões com poder de acionar o individuo e conduzi-lo.

Portanto nessa esfera não se pode ser simplista e dificilmente conseguimos reduzir a vastidão desse universo inconsciente.

Quando o individuo consegue mapear e se enxergar, aprende a diferenciar da massa indiferenciada (interna e externa), dessa forma também consegue diferenciar o que é daquilo que pensa ser.

Ele consegue diferenciar pensamentos, já que nem todos os pensamentos que ocorrem em nossa câmara de pensamentos são “nossos” pensamentos. Assim ele se protege aumentando suas possibilidades de fazer escolhas que atendam aos seus interesses, vontades e desejos e não atendendo a impulsos que são produzidos para uma dinâmica de contração do seu sistema, contrária à tendência natural de expansão em sintonia com o universo.

O que fazer quando as fantasias proveniente dos desejos egoicos e narcisitas são maiores do que as necessidades reais?

Se você identifica suas necessidades reais abandone SEUS FANTASMAS. Não se leve tanto a sério, caia na real. A realidade é muito mais interessante do que qualquer fantasia que possamos imaginar.

Fantasias são fantasmas que criamos.

São fragmentos de miasmas.

Resíduos, lixo mental.

Que criados bloqueiam os fluxos de energia, nossos movimentos.

E nos afastam do essencial na vida,
já que, nos Obnubilam


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

MASCULINO FEMININO

da peça Eqqus, montagem Inglesa

Carla158

Sonhei que estava nua junto de um homem também nu. Estávamos em pé e ele estava atrás de mim, de forma que nossos corpos estavam encostados um no outro. Andamos de um cômodo para outro sendo que eu estava com meus pés apoiados em cima dos pés dele, ou seja, eu andei com ele ou através dele. No que paramos no outro cômodo ele foi me acariciando e beijando-me de uma forma muito agradável. Eu me sentia muito entregue e tranquila. Creio que também o acariciei e o beijei e esse dar provocou-me os mesmo arrepios do receber. Não lembro muito bem, mas sei que o foco das lembranças está mais no primeiro momento, enquanto ele me proporcionava prazer e eu aprovava o seu comportamento (meu senso de análise crítica não dá trégua). Depois eu já estava vestida numa camisola longa, de seda, cor de pêssego, quando ele pegou-me no colo e carregou-me até o quarto. Não lembro o resto.

OBSERVAÇÕES

Você já referiu-se às mulheres de sua família como mulheres Yang. Relembremos seu feeed back:

“Sim, existe essa preferência e fui criada numa família assim, donde existe a predominância do feminino sobre o masculino, ao menos nos relacionamentos conjugais externos. Minha avó mandava no meu avô, minhas tias em meus tios, minha mãe em meu pai e até minha irmã fala mais alto que meu cunhado. Dizem que o masculino sobrepõe ao feminino, mas isso parece contradizer o que sempre vivenciei em minha família, donde os homens parecem ser os submissos na história. Da minha parte, apesar dessa preferência, sempre existiu uma outra vontade que é àquela ligada a busca ilusória de um homem que tem poder, que pode proteger, enfim, isso já foi bem visível nos sonhos. É como se existisse um desejo de ser comodamente submissa (de ser a frágil) e uma postura de autoridade oculta. Isso parece uma contradição que não sei explicar. O fato do meu animus ser submisso ocasiona esse tipo de preferência por homens mais femininos?”

Esse feminino predominando sobre o masculino no comportamento manifesto não indica a força do feminino, mas a força do masculino sobre o feminino. É isto que chamo de Feminino Yang. O individuo é contaminado pela força do masculino que carrega. Esta força aparece ou pela repressão do masculino que o leva a se manifestar de forma imperativa contaminando a natureza do individuo. Isto ocorre em homens em forma de homens Yin, que manifestam características femininas estereotipadas em seus comportamentos. Diferentemente de homens submissos, que nem sempre indicam homens femininos, já que são inúmeras as variáveis que podem levar um individuo a se permitir submisso diante de mulheres.

A mulher fálica, castradora que aflora na sociedade cada vez com mais força vem para entrar no mundo dos homens se utilizando da forma masculina de interagir com a realidade e tendem a ser mais dominadoras, tirânicas, castradoras e distanciadas que os homens. Naturalmente aquelas que não têm essa disposição de postura vivem conflitos, n ao porque não tenham a capacidade de responder imperativamente, mas porque são confrontadas com essa forma máscula e se querem abandonar a forma feminina de ser. Não são castradoras explicitas, mas disfarçadas.

A tendência evolutiva indica que o caminho não é o escolhido pela mulher castradora nem aquele escolhido pelo homem submisso aos seus desejos, mas um caminho onde se pratique o respeito, no sentido latu da palavra.

O SONHO

Tradicionalmente, se vê na nudez a tendência de vaidade e a necessidade do sujeito se expor ao coletivo, uma tendência exibicionista. Mesmo que estes conteúdos estejam chamando atenção para si, minha tendência é enveredar por outra vertente.

Geralmente, pela proximidade, se mistura vaidade com narcisismo, ainda que aparentemente o narcisismo nasça da vaidade, ou que a vaidade supostamente nasça do narcisismo, eu diferencio essas naturezas como significativamente distantes.

Por isso, mesmo que essa nudez onírica apareça contaminada por vaidade, prefiro pensá-la como uma manifestação narcísica, que caracteriza um momento especial, ainda em um estágio primário, de construção de sua singularidade como Individualidade, como um individuo maduro.

Mesmo que você tenha a intenção de não repetir as características de domínio das mulheres da família você as repete de forma disfarçada. Esse conteúdo anímico masculino, como um “encosto” te conduz nos seus movimentos e você mantém essa relação através da erotização, (fonte de energia).


Como no passado foi visível uma necessidade de reconciliação com o seu masculino, o conflito era mais presente, o cenário mais confuso, agora o sonho pode indicar que a configuração de sua natureza se refaz. Ou seja, a dinâmica de reconciliação permite que a natureza se exponha e você passa a ter a possibilidade de avançar alem do conflito do passado. Agora vivendo o estágio da repetição das mulheres terá a chance de superá-las não se colocando como submissa â força desse homem interno, mas incorporando esse masculino ao seu feminino de forma a transformar a configuração do passado num estágio mais pleno união dos opostos, integrando-os no seu processo.



Continua...

domingo, 12 de setembro de 2010

MATER, MATRIZ DA SINGULARIDADE

    Eugéne Delacroix - A Liberdade Guia do Povo ,
1830 - Paris, Musée du Louvre
Carla

Em segunda instância eu estava com minha mãe dormindo num local desconhecido quando acordei e percebi que algo estava estranho. Nisso apareceu um louco e minha mãe acordou. Com medo reconheci que era o sujeito procurado pela polícia, pois ele andava matando todos os cachorros que encontrava na rua e retalhando-os com uma faca. Fiquei encolhida com medo. Ele bateu com um pau na minha cabeça e fez o mesmo na minha mãe. Pensei que fossemos morrer. Nisso minha mãe deu-me força e disse que ia ficar tudo bem, pegou um outro pau maior ainda e começou a bater nele. Fortalecida com a atitude da minha mãe, eu que ficara encolhida temendo a nossa morte, peguei outro pau e comecei a ajudá-la. Ele desmaiava e voltava a acordar como que possuído por forças malignas. Acordei assustada.

Esse sonho também apresenta um contraste com os anteriores: minha mãe tomando a postura de agir, de buscar defesa, me oferecer proteção e apoio. Ela seria minha mãe interna, ou melhor, meu lado mãe?

Em postagem anterior “Observações Fenomenológicas”, se não me engano, que merece ser relembrada, alertava para a importância da atitude pró-ativa nos sonhos. Aquele momento, melhor, aquele “Instante” em que o indivíduo supera as amarras, os grilhões, e não se permite mais ser humilhado, pela ousadia, pelas chibatas da Força que subjuga, e que se impõe por permissão e por medo.

Eu pessoalmente me fio na importância e referencia da dignidade, da honra para fazer nascer a coragem que nos eleva a um estágio mais avançado de consciência.

Se sonho anterior manifestei a tendência de sua superação, neste sonho a dinâmica se mostra, e de forma importante a partir da representação da sua mãe.

Veja que isso pode ser muito interessante: Enquanto você, sem o saber, projetava suas mágoas e ressentimentos na sua imagem de mãe em decorrência dela não atender suas expectativas, a imagem incorporada dessa mãe era ausente. Você seguia como vítima e filha abandonada. Produzindo no seu interior uma desconstrução de sua personalidade e individualidade. Você se induzia o fracasso, se boicotando. Sua recompensa, como num ciclo, viciado. Era a justificativa que lhe bastava para culpabilizar mãe e irmã, apenas colhia mais ressentimento, angústia e baixa estima.

Já lhe indiquei isso. Um ritual de imolação. A sua forma de se sacrificar. “Se derrota, mas lhes impinjo a culpa”.

E à medida que realiza sua reflexão, abandona a desconstrução e trabalha o renascimento.

O sonho é isso: a mãe aparece como deve aparecer: Como Mãe. A mãe que lhe gestou, que lhe deu a vida, que a alimentou com o leite sagrado, cuidou, educou, corrigiu, e protegeu. Mãe divina, matriz da vida, símbolo sagrado do universo. E é essa a mãe que lhe mostra a reação, com a coragem que se deve ter, sem o medo que aprisiona, e que inicia o processo da resposta afastando o mal.

Enquanto pensava que digitava a palavra coragem, digitei coração. O afeto, o amor.

O sonho poderia ser compensação da mãe abandônica, poderia, mas não acredito que o seja. É sonho de confronto? Não creio! É mais envolve a sintonia entre o conteúdo arquetípico e sua dinâmica, sua forma de sintonizar suas forças, e a psiquê, através do arquétipo, se integra e lhe protege.

É sábio fortalecermos nossos pontos de poder, é pouco sábio minar nossos centros de poder. Fortalecer os centros de Poder significa Aglutinação Psíquica, e essa aglutinação conseguimos com a ação dos arquétipos, mas para isso precisamos nos alinhar com o nosso interior, renunciar ao fractal, ao inconsistente, disciplinar a conduta, se apoia na verdade, abandonar os velhos hábitos ineficazes do passado.

Como Mulher você traz o destino marcado de geratriz da humanidade. Destino Sagrado, nem sempre compreendido. E graças à generosidade do universo, carregamos esse espírito de luz dentro de nós, muitos são os que o aniquilam, muitos descobre a fonte da Mãe Divina.

Enquanto a luz não vem, que venha a mulher guerreira, estágio anterior do desenvolvimento. Aquele em que enfrenta os desafios, a injustiça, a maldade, que luta pelos direitos, não porque assim se coloca em risco, mas para aprender a se afastar dos perigos.

Posteriormente, descobrirás que esta etapa precisa também ser superada, mas aí é outro estágio na evolução

Sem dúvida eis um aspecto positivo, herdado de sua Mater.

Ah! uma dica especial:

Vá até sua mãe,
lhe dê um abraço, 
e conte-lhe que ela salvou voce de uma situação de perigo no sonho,
 e agradeça-a afetuosamente.
Não fale muito, é coisa de gestos e silêncio,
 para ser entendido.
Vai ser emocionante!

Faça isso por você!

sábado, 11 de setembro de 2010

EROTISMO EDIPIANO I



Carla157
Essa noite lembro muito vagamente de duas situações: primeiro eu estava com meu pai. Já citei outrora de ter sonho estilo erótico com meu pai, ou a figura paterna de mim mesma. Sempre esses sonhos são perturbadores, claro. É o tipo de envolvimento pecaminoso que eu quero sem querer, por causa das criticidades interiores, mas me sinto forçada de uma forma desagradável e, ao mesmo tempo, instigante. Creio ser meu próprio lado paterno, pois a figura masculina vai além da representação física do pai real que tinha: é como se fosse uma outra pessoa com a aparência física paterna. Existe um ar de perversão e de subjugação desagradável.

Entretanto, essa noite o contexto foi diferente: eu estava completamente entregue e o fazia com aceitação do meu desejo, embora não fosse favorável ao jeito pervertido e abusado desse homem. Eu me dispus sem resistência alguma a estar com esse homem e, por incrível que pareça, a reação dele também foi diferente de todos os sonhos até então, pois ele não forçou nada comigo, ele apenas beijou-me, acariciou-me e foi embora, para meu alívio e desgosto ao mesmo tempo. Senti-me respeitada e compreendida de uma maneira praticamente milagrosa. Em tais sonhos geralmente me sinto forçada ao que fisicamente desejo, mas racionalmente não me permito, tanto por ele estar na pele paterna quanto pela postura de sordidez que me encoleriza. Não conservei direito as sensações do sonho, mas sei que ele foi incrível pela mudança aparentemente drástica de ambos os comportamentos.

Natural que cenários de relações e envolvimentos íntimos com familiares mais próximos possam causar incômodos e desconforto se mostrando essencialmente perturbadores, pelo menos em quem se referencia em princípios familiares, religiosos e morais. e que vivências edipianas, decorrentes de históricos mal resolvidos promovam instabilidade e polarizações ambivalentes, levando o emocional a oscilar entre desejos e repressão, morbidez, perversão e prazer.

Diferentemente de quem não possui princípios, ou afetividade, que consolide as relações, já que estes biótipos humanos sofrem profundos processos de desarranjo e desvios, resultando deformações no desenvolvimento do caráter, manifestações e comportamentos bizarros numa escala involutiva de volta aos primórdios da primitiva condição humana de trogloditas.

Naturalmente se a configuração se desarranja, a estrutura se refugia no seu espelho de origem, o primitivismo.

Neste momento, na atual circunstância e de acordo com sua dinâmica psíquica, parece-me que o sonho é esclarecedor e sinaliza mudanças significativas em sua dinâmica psíquica, portanto não se assuste mais do que o cenário merece.Vejamos:

Em sonhos, anteriormente relatados, detectamos uma forte presença de repressão sexual no seu comportamento. Foi possível perceber o excesso de criticidade, a dificuldade de se expor, o desejo e o medo, o exagero crítico, a agressividade, a revolta, o ressentimento, traços de inveja, a competitividade, todos como manifestações exageradas e determinantes na sua forma de conduzir sua vida.

Frente à dificuldade e à severidade que lhe aprisiona a psique tenderia a produzir no interior um cenário oposto, polarizando e compensando a severidade da repressão, lhe introduzindo dentro de cenários que pudessem reduzi-la ao nível de um ser humano comum, inclusive confrontando-a com desejos e atos pouco confessáveis.

 
continua...