domingo, 28 de fevereiro de 2010

PATER NOSTRO

  

CH32
Essa noite sonhei com meu pai e tenho nítida certeza disso, mas não lembro do sonho em si. Entretanto, lembrar dele e pensar no sonho anterior aqui relatado, fez-me refletir o seguinte: minha parte animus enquanto inconscientemente uma projeção advinda da figura paterna, mantem-se presa as características que achava do meu pai (mesmo que só agora esteja me conscientizando a assumindo isso a mim mesma): alguém sensível, carente, indefeso,calado (por se julgar incompreendido), submisso (e consequentemente um tanto covarde), cheio de autopiedade, se sentindo constantemente desgastado e sem forças quando era impelido a se defender. é util tentar reavaliar o lado paterno que em mim ficou? isso me ajudaria a fortalecer-me para não ter essas caracteristicas negativas citadas acima? como de fato conseguir dar equilibrio e estabilidade a minha personalidade?
Vamos  refletir, a imagem abaixo é apenas para mostrar a ponta do iceberg da complexidade do tema. Você tem origem em:



Ou seja, seu conteúdo masculino arquetípico é constituído da dominância do masculino de Pai e do conteúdo masculino contido na origem materna.
Na união as dominâncias herdadas se revelam e redefinem o novo sujeito na constituição biológica, mas na dimensão psíquica esses conteúdos iniciam um movimento de integração que pode durar todo o processo de  maturação ao longo das etapas de desenvolvimento do individuo e dependendo da forma como lida consigo mesmo ele poderá não conseguir essa primeira fase de integração, e consequentemente não atingirá a segunda etapa que é a integração de masculino e feminino num momento único de unificação dos opostos.
O Pai é Símbolo da geração, da posse, da dominação, do valor, da autoridade. Neste sentido é pode representar uma figura inibidora; castradora. Como representação de autoridade pode simbolizar o Chefe, Patrão, Mestre, Deus. Como pai pode representar  a dominância superior que produz  dependência, subjuga, limita, priva, comanda, determina. Ele é a consciência lógica, racional, diante das pulsões instintivas e dos desejos manifestos do inconsciente. É a tradição conservadora, diante da impermanência.
A formação do animus tem origem arquetípica mas recebe intervenções do cenário de formação e desenvolvimento do individuo que pode ser determinação na configuração do arquétipo. Alem disso conteúdos incorporados autônomos podem se revestir e se mascarar de representações simbólicas e imagens. Intervindo na consciência, transvestido como conteúdo arquetípico sem sê-lo.
é util tentar reavaliar o lado paterno que em mim ficou? isso me ajudaria a fortalecer-me para não ter essas caracteristicas negativas citadas acima? como de fato conseguir dar equilibrio e estabilidade a minha personalidade?
 È mais do que útil, é essencial. Você não é apenas filha de uma mãe mas também de um pai. Ele é parte de sua constituição e de sua gênese. Independente do que ele representou como pai, como homem, como indivíduo, ele está definitivamente na sua constituição e nos enigmas que terás que solucionar no seu processo de maturação. Não há como negar a força de sua representação em sua vida. Você o repetirá, e terá que superar o que ele não superou ou então pagará o preço repetindo-o. Você trabalhará na identificação dele em você, dele contido em ti, e a partir do que identificar romper o que ele não superou e incorporar os aspectos positivos de sua natureza.


No livro "Viva Eu Viva Tu, Viva o Rabo do Tatu" Roberto Freire nos brinda com uma pérola escrita por um jovem poeta, à época com 18 anos e estudante de psicologia - David Calderoni -1976 :

 "hoje encontrei com meu pai
E dói pensar
O quanto ainda sou filho.
É preciso matar meu pai
Teu, nossos pais.
Mas sobretudo é preciso
Sabê-los morrer
Para não cometer suicídio."

 ...

sábado, 27 de fevereiro de 2010

FEED BACK 5

  


"Eu sei que me auto-manipulo de forma inconsciente e, quando tomo consciência disso, fico chocada comigo mesma, com as minhas próprias artimanhas internas de fuga do confronto com o mundo externo. Já percebi que sou capaz de me convencer de algo que não quero para não ter que assumir e deixar claro para as pessoas a minha oposta convicção e vontade pessoal. Eu mantenho interiormente a sensação de que, se for encarar o mundo externo, ou seja, pessoas e situações, vou acabar perdendo a “briga” e daí, por autodefesa, sempre fui omissa concordando com o que não concordo. Essa sempre foi a maneira de não criar intrigas e inimizades. Sempre tive a teoria maquiavélica de ser mais forte dando a entender que meu inimigo estava no poder e no comando de tudo e, enquanto isso, sendo falsa, eu dominava o término da situação/enfrentamento fazendo o outro de bobo. Eu dizia a mim mesma que essa era a melhor atitude e me boicotava para não enfrentar meus medos de combate, ou seja, em me fazendo de esperta, acabava sendo a grande boba da historia. Desde pouco tempo, com essa constante análise dos sonhos, eu entendi que é mais importante criar uma inimizade e me defender, do que ser hipócrita a ponto de me enganar, mentir ao outro e viver na constante sujeição defensiva inconsciente de meus medos. Sempre tive medo de confrontar e magoar o “outro”, mas também sempre senti que arcar sozinha com as magoas provocadas por esse outro me seria injusto. Cabe-me uma necessidade: não me ofender perante a opinião alheia a meu respeito, sabendo expressar minha opinião para me esclarecer e conseguir assim enfrentar os argumentos alheios. Esse enfrentamento sempre me teve aspecto desgastante exatamente por não me julgar forte o bastante para ele. Longe de estar com vontade de convencer qualquer pessoa sobre minha opinião, mas preciso fortalecer-me a ponto de me defender, não enquanto dona da razão, mas sim enquanto alguém que, como qualquer individuo humano, merece respeito e liberdade para ser o que é, agrade aos outros ou não. Conforme me disse anteriormente, sinto sim que núcleos autônomos atuam sobre mim e me comandam. Eles reduzem totalmente meu poder pessoal e minha autoestima. Sinto que sempre vivi no constante “autoengano”, pois assim sempre encontrei a realidade que me parecia mais favorável. Tenho consciência disso tudo, mas cadê a coragem de largar mão desse agradável conforto de uma realidade favorável? Tudo isso me parece tão complexo! Será que tem “cura”?"

Minha Cara, se não tiver, nós estamos condenados ao calor dos infernos. Quero dizer-lhe: se não formos nós a assumirmos a responsabilidade de nossas escolhas nos restará apenas sermos a consequência de nossa inconsequência e em decorrência disso sofrermos ao sabor da instabilidade no oceano das pulsões atormentadoras. 
A vida é uma possibilidade permanente de renovação, transformação e renascimento. Só não é passivel de muidança os que já estão tão estragados, ou refratários, que suas vidas já estão definidas no enrijecimento.
Você toma consciência de que, na vida, as escolhas “simplistas” podem nos custar muito caro. Geralmente paga-se um preço muito alto por caminhos aparentemente mais “fáceis”. E caminhos que se aparentam facilidade, inicialmente, podem se mostrar péssimas escolhas no desenrolar dos acontecimentos.
Não! Não existem caminhos fáceis nesta jornada. E é melhor de cara enfrentar as dificuldades ao invés de adiar decisões difíceis para momentos pressupostamente melhores.
Na dinâmica da vida, há um “Time” que não se pode perder, principalmente por que as estações mudam, os ciclos se fecham, portais se mostram e desaparecem, janelas se abrem e se fecham num flash fotográfico.
Veja só, eu, por exemplo, estou nesse blog impulsionado para uma ação coletiva com tempo marcado para ser encerrado. Há possibilidades dessa janela manter-se aberta, depois do propósito realizado saberei o que escolher, mas os desígnios já estão traçados. E depois que as coisas se fecham, novos são os momentos, outras as possibilidades.
Se você ainda não tem a coragem o suficiente para empreender as mudanças que se fazem necessário, se prepare para elas, e esse preparo não é realizando grandes mudanças mas transformando aquilo que neste momento você se acha forte o suficiente para realizar. Melhor!  Avance um pouco mais, arrisque um pouco mais do que o possível, assim terás pelo menos a certeza de não estar se enganando com justificativas neuradas, o que a levaria inevitavelmente à paralisia.
                                                                       Bye

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

DOMINATRIX

 Tasso Lanza - 1981 - Desenhos


CH31
Olá...
Tive o seguinte sonho:
Eu estava com um homem e nos beijávamos num clima muito intenso quando uma outra mulher apareceu e começou a fazer chantagens emocionais para ele e a postura dele foi afastar-se de mim e começar a chorar. Achei a reação dele muito imatura, mas minha sensação não foi de crítica e sim de compaixão, de modo que me aproximei dele para tentar consolá-lo. Ao acordar fiquei me perguntando se eu e ele não seriamos duas faces interiores de mim mesma perante as imposições e chantagens emocionais dos outros. De um lado estaria minha parte feminina cheia de equilíbrio, compaixão e serenidade, do outro o meu lado masculino inseguro que tende a se desesperar e entrar em melancolia ao mesmo tempo em que faz disso uma fuga (inconscientemente sugerida por medo e indecisão) para não tomar uma atitude mais definida e firme perante as situações da vida conforme necessário para resolvê-las de vez. Devo ter sonhado mais, porém fiquei só com essa vaga e curta lembrança. O que me diz?

Sim!  Ele é símbolo e representação do seu lado masculino. Na psicologia analítica de C.G. Jung, ele nos fala sobre a alma masculina que existe na mulher e denomina como um arquétipo.
Para Jung arquétipo é a parte herdada da psique; padrões de estruturação do desempenho psicológico ligados ao instinto, uma entidade hipotética irrepresentável em si mesma e evidente somente através de suas manifestações. Animus é a figura de homem que atua na psique de uma mulher. É uma imagem psíquica, uma configuração que emana de uma estrutura arquetípica básica. Semelhante às formas fundamentais que subjazem aos aspectos “femininos” do homem, e aos aspectos “masculinos” da mulher, são considerados como OPOSTOS. Como componentes psíquicos  são subliminares à consciência e funcionam  a partir do inconsciente; daí serem benéficos à consciência, mas podem colocá-la em risco através da POSSESSÃO. Operam influindo sobre o princípio psíquico dominante de um homem ou uma mulher e não simplesmente, como se sugere, como a contraparte psicológica contrassexual de masculinidade ou feminilidade.
Em (CW6) Jung resumiu anima/animus como “imagens da alma”, chamou-as como “não-eu”. Ser não- para um homem corresponde com muita probabilidade, a algo feminino, está fora de si-próprio, pertencendo à sua alma ou ao seu espírito. É um fator que acontece a um individuo um elemento apriorístico de disposições, reações, impulso (no homem), de compromissos, crenças, inspirações (na mulher), e para ambos, algo que induz o indivíduo a toma conhecimento do que é espontâneo e significativo na vida psíquica. Por trás do Animus, alegava, Jung, jaz “o arquétipo de significado; exatamente da mesma forma que anima é o arquétipo da própria vida”(CW 91, parár.66). Uma mulher sujeita à autoridade do animus ou do LOGOS é controladora, obstinada, cruel, dominadora. Torna-se unilateral, e acaba sendo absorvida por um pensamento de segunda classe, carrega bandeiras sob a égide de convicções que não levam em conta os relacionamentos.
Na dimensão social podíamos detectar a propensão feminina de se permitir como objeto de disputa dos homens, ou na fantasia de ser libertada por um príncipe encantado, ou ser “encontrada”, identificada e distinguida no meio de todos por este Príncipe. No presente, as conquistas e transformações sociais as mulheres passam por esse processo de harmonizar idealizações, projeções de animus e identificação dos aspectos determinantes que definem sua dinâmica, escolhas e movimentos.

Apresentei alguns conceitos básicos da Psicologia de Jung, que para mim é referência já que o estudo ao longo dos anos e desde 1975. Digo referência já ele avançou em relação à leitura Freudiana, e muitos estudiosos já não repetem  Jung, ainda que o mantenham como referência. Assim me considero, Pós Junguiano, no sentido de continuar pesquisando a partir da porta de conhecimento que Ele abriu.
 Mas vejamos seu sonho: Você avança no entendimento. Mas podemos considerar mais alguns detalhes:
São três as presenças. Você, a figura feminina, e a figura masculina. Com certeza esse conteúdo é sensível, delicado e frágil e está sob o domínio de uma figura feminina castradora e dominadora. Em sonhos anteriores já vimos dinâmica em reconciliação entre você e seu conteúdos arquetípico masculino. A aproximação se repete por erotização (movimento de energia, pulsão, atração) indicando intimidade e fortalecimento da relação de opostos, ou de conteúdos originários de inconsciente. Neste sonho aparece a imagem de conteúdo feminino dominador e castrador, que evidencia o comportamento frágil sob dominação, submissão, do conteúdo masculino, mostrando-o como conteúdo Negativo Adquirido da imagem de animus. 
Eu poderia focar meu olhar, na sua compaixão e/ou fragilidade do masculino, mas me sinto dirigido para a força dessa mulher que o subjuga com manipulação e “chantagem”. Essa mesma mulher castradora muito presente te dominou como conteúdo autônomo e determinou o que você vem sendo na sua relação com a figura masculina, na sua relação com o mundo, com sua sexualidade (interrompendo seus jogos amorosos e de trocas afetivas e carícias),  e em relação à forma como você se relaciona consigo mesma.
Alguma semelhança com seres vivos não é mera coincidência. 
REFLITA!     

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

TORMENTO

O Pesadelo -  Johann Heinrich Füssli -1781
The Institute Of Arts - Detroit

Charlot 30

Que noite horrível! Tive uma seqüência de pesadelos e, pelo pouco que consigo lembrar, tenho quatro contextos péssimos para relatar. Vou enumerá-los:

1. Sonhei que estava numa arquibancada de madeira e, no meio de um conflito policial que surgiu do nada, um homem começou a atirar balas explosivas na minha direção. Eu as tirava jogando longe antes de explodirem, mas foi até que uma incendiou-se antes de conseguir tirá-la. Daí eu fui obrigada a fugir agarrada na vertical por uma tela que havia por trás. O local parecia uma quadra de esportes, mas não tenho certeza. Passei por várias janelas experimentando em qual conseguia passar e, numa delas, a qual mal cabia minha cabeça, eu consegui fugir sem nem mesmo entender como conseguira tamanha proeza. Não sei se pulei ou se desci escalando a parede, pois o lugar da janela era muito alto. Perambulei a rua preocupada por não ter donde me esconder. Busquei refúgio numa casa me oferecendo para trabalhar. Não sei que casa era aquela, mas parecia um convento ou algum local religioso que abrigava mulheres por algum motivo. Uma das mulheres me acolheu e me mostrou o local que era imenso (com vários quartos, salas e jardins internos). Achei bonito e agradável o local, o qual tinha acabamento e decoração num estilo barroco conservador. Tudo parecia bom demais, porém eu continuava com muito medo e, embora me vendo posteriormente disfarçada com peruca e uma horrível roupa masculina meio esfarrapada, sabia que ia ser procurada pelo homem mal e desconhecido.

2. Eu escutava barulhos em casa e fiquei com medo pensando que era ladrão. Não estava com medo de roubo, mas de algo ruim me acontecer. Entretanto, saiu do banheiro o espírito de uma criança. Inicialmente continuei com o mesmo medo, mas depois percebi que, mesmo não a conhecendo, ela me era familiar e querida. Interrogando-a, fiquei sabendo que se chamava Isabel (ou Izabele, não lembro direito) e que, embora não pudesse me contar donde ou desde quando me conhecia, garantiu que gostava muito de mim e senti isso verdadeiramente ao abraçá-la. Ela disse morar no espaço junto de uma legião infantil que muito bem me queria. Nisso ela começou a cantar e, nos meus braços, foi se transformando num bebê. Vale lembrar que, conforme já relatado, não é a primeira vez que tenho um sonho de regressão física de uma criança se tornar um bebê.

3. Eu estava numa praça escura quando alguns homens e mulheres que pareciam drogados vieram em minha direção e me cercaram. Eu dava socos neles, mas era como se eles nem sentissem. Daí eles me prenderam numa espécie de jaula, cobriram com um pano preto e me levaram, mas depois alguém com muito custo concordou e conseguiu me soltar. Eu saí voando (e todos pareciam surpreendidos de eu voar) de um lugar que parecia uma creche ou abrigo de crianças. O estranho é que as crianças pareciam estar com medo de mim ou, então, não gostar da minha presença. Eu podia ver e sentir isso pelo rosto delas enquanto voava me retirando do local. Obviamente esse sonho é um contraste com o anterior pelo fato de haver crianças amigas e, posteriormente, outras aparentemente inimigas.

4. Para finalizar com chave de fel, sonhei que estava dormindo com muito sono como se estivesse dopada, mas precisava levantar, reagir, identificar se o meio estava ameaçador. No que levantei e fui para a cozinha, minha mãe, irmã e cunhado estavam montando um complô para me transformar noutra pessoa e me forçar a ser e usar o que eu não queria. Ao me ver minha mãe deu um dinheiro para meu cunhado comprar um desodorante para mim, mas ele disse que não ia ter tempo e ela se encarregou da tarefa. Comecei a chorar, mas o fazia completamente constrangida, dizendo muito irritada que não queria que minha mãe e nem ninguém comprasse desodorante para mim, porém, ninguém queria respeitar meus gostos pessoais. Era em vão meu desespero, pois eles queriam fazer de tudo para impor-me exatamente o que eu menos gostasse. Pareciam agir por maldade. Embora num contexto totalmente diferente, essa sensação de estar completamente indefesa perante essas três pessoas sempre me causou pânicos reais que, de tempos em tempos, vive me atormentando em sonhos de briga ou de submissão como esse. Enquanto discutiam sobre o desodorante que me comprariam, eu via energias malévolas em forma de bolhas que saiam do meu cunhado e adentravam invisivelmente no peito da minha mãe fazendo-a tossir. Eu comuniquei-a disso, mas ela não ligou a mínima. Minha ira era tanta que, se pudesse, explodiria o mundo naquele momento.

TORMENTO 2

 
De tanto pesadelo formulo a pergunta: o que me leva a ter esses sonhos negativos de submissão, raiva, tristeza, fuga, medo e sensação de tortura por acaso seria o fato de sentir tudo isso na vida real, mas num contexto inconsciente ou não assumido? Ou seria consciente e assumido, mas com sentimento de impotência à superação? Tais sonhos, embora não sejam iguais a outros tidos anteriormente, me parecem muito repetitivos em quesito emocional e, particularmente, parecem me pressionar sobre meus próprios conflitos interiores. É por aí ou estou enganada?

Penso que posso compreender seu senso de “humour” sarcástico, e ao que me parece: sua impaciência. Mas existem momentos que podem verdadeiramente ser exaustivos.
Não! Você não está enganada. O momento indica sonhos de confronto, que não estão apenas te confrontando, mas lhe colocando em uma posição de desconforto e a obrigando a reavaliar, rever, seus conceitos, suas atitudes e sua forma de se relacionar com o mundo. Ou seja: “Você está num mato sem cachorro. Se correr o Bicho vai te pegar... Se ficar... o bicho vai te comer.”.
É importante diferenciar certos detalhes e características do fenômeno onírico: As emoções são suas; são suas a forma como responde à ameaças; como responde ao confronto, ao desconforto em que esta sendo colocada; São seus os sentimentos que se manifestam no sonho; É sua a postura e as atitudes que apresenta diante do desenrolar dos acontecimentos. O Sonho é seu. Ele é resultante da tentativa que seu inconsciente realiza para regular suas funções orgânicas e psíquicas. A parte orgânica que independe de sua ação, os mecanismos cerebrais regulam, e lhe indicam sinais de mudanças necessárias em suas atitudes, comportamentos e escolhas. A parte referente ao seu poder de intervenção nos mecanismos e configurações de respostas realizadas através da vontade, ele lhe sinaliza para que você possa reestruturar e transformar.
Se você realiza uma ação de repressão, se você se engessa, não é o corpo ou o inconsciente que te torturam, e você que se tortura. ? Captou? Se você é severa, exigente e perfeccionista, é você quem se cobra quem se exige.
E a Psyquê possui mecanismos cíclicos, como tudo o é, neste universo ordenado. Nós estabelecemos nosso patamar de vivências. Se superamos nossos desafios, novos desafios se apresentam em novos estágios. Se não os superamos, os velhos desafios se reapresentam e os confrontos se repetem. É fatal se não superarmos nossas dificuldades, nossos erros, ficamos como enredados nos fios invisíveis que nos colocam no eterno mito do refazer.
Quando consideramos a ordenação do universo, sabemos que novas configurações podem ser criadas nesse processo de ordenação, mas isso não impede que a tendência do universo seja se referendar no que já existe. E em geral somos atraídos para realidades já vividas se não superarmos nossos desafios. Quando o sujeito se assusta ele está na eterna repetição, ou porque repete padrões de escolha, de conduta, de priorização, de respostas, de estética.
Para deixarmos de repetir padrões que nos levem à mesmice, precisamos nos surpreender. Não precisamos encantar ou surpreender o “outro” mas a nós mesmos. Nós só dependemos de nós para sermos plenos.
Se eles não respeitam seus desejos, suas vontades, Os responsáveis são eles ou é você?
Na cozinha, minha mãe, irmã e cunhado estavam montando um complô para me transformar noutra pessoa e me forçar a ser e usar o que eu não queria.
Eu poderia pensar em núcleos autônomos que atuam e te comandam. Mas o que eles fazem é reduzir seu poder pessoal, sua auto estima. Te reduzem ao insignificante, te anulam. Mas não é isso o que você se faz? Você fortaleceu esses núcleos, possivelmente na busca de encontrar uma realidade mais favorável. Deixou de se posicionar, se permitiu omissa, relevou os acontecimentos, suas escolhas e construiu a realidade em que vive. Ele é um produto pessoal da sua tentativa de solucionar um desafio com “simplismo”.

Em síntese: 1º - Disfarce e fugas não funcionam quando tentamos nos disfarçar de nós mesmos ou fugir (me esconder de mim). Como posso me esconder de mim? Na loucura, na descompensação; 2º A criança que existe em você, busca proteção e tem medos e regride. Ela precisa ser mais bem protegida, fortalecida, ela é aquilo que você possui e mais puro, mais autêntico, mais natural, sua essência; 3º Praça, busca de ordenação arquetípica, atualização de equilíbrio e proteção. Voar, voar, escapar pelo ar. Porque as crianças têm medo de ti? 4º Respeito não se ganha, se conquista com a maturação. É preciso se fazer respeitar. Assim podemos evitar nossos tormentos ou superar nossos piores demônios. Bye

domingo, 21 de fevereiro de 2010

LABORATÓRIO

    Obra do Artista  Plástico - Mario Zavagli 

Carlotinha29
Tudo o que escreveu tem muita coerencia e sinto ser verdade. Pena que na prática seja tão difícil superar as limitações e vencer bloqueios. Mas estou na busca disso. Essa noite foi tumultuada. Eu virava de um lado e de outro e minha cabeça parecia muito cheia. Acho que assisti muito carnaval na televisão e eu parecia continuar vendo as escolas de samba passarem dentro da minha cabeça como se fosse uma cena fixa a se repetir constantemente. Também estava muito calor e isso me incomodou muito. Depois de acordar em certo momento da noite, tomar água e voltar a dormir, meus sonhos se deslancharam e foram muitos, mas como sempre, as lembranças são poucas. Recordo que eu estava reunida para fazer uma pesquisa, estudo, ou algo do gênero, mas nosso assunto era sobre remédios e uma das mulheres falava sobre bater um comprimido X no liquidificador, o qual era imbatível para dores, inflamações, tendinite, contusões musculares, lesões arteriais, etc. Ela dizia que apenas um comprimido batido na formula do liquidificador valia por várias cartelas de outros comprimidos ou injeções receitados por médicos em geral. Fiquei interessada no assunto, mas ela pareceu fazer segredo e, percebendo isso, não insisti em querer saber como era a suposta ‘porção’. Antes de tudo vale dizer que eu me sentia e me via mais nova, talvez com uns treze anos. No que saímos eu entrei no carro ao lado do banco do motorista e, no que uma das mulheres começou a dirigir o veículo, eu que tentava escrever algo com o papel apoiado no vidro da janela, numa das viradas, vi todo meu material cair para debaixo do banco lateral. Enquanto tentava recolher o que dava para ser recolhido resmunguei ‘porque isso sempre acontece comigo?’ Na vida real isso nunca me aconteceu e, como na maioria dos sonhos, tais pessoas parecem conhecidas apenas dentro do ambiente onírico.
Depois estávamos no banheiro de uma grande universidade (parecia um colégio interno, mas em verdade não sei que lugar era aquele,
pois só lembro de estar no banheiro). Eu não sentia frio, mas notei que estava vestida com uma grossa blusa de lã e todos estavam bem agasalhados. Achei estranho e fiquei me perguntando em que lugar do mundo eu de fato devia estar. Eu não queria utilizar o banheiro e esperava na saída do mesmo pelas demais acompanhantes. No que saímos do local, por certo passamos por uma porta diferente, pois avistei algo que me encantou. Da porta de saída seguia uma rampa no meio de uma vastidão de verde bem claro. Do lado da rampa havia um riacho fino com água corrente. O chão estava coberto de musgos e as árvores visivelmente velhas e de troncos retorcidos eram baixas e belíssimas. No que subíamos pela rampa eu, depois de já ter elogiado o local, elogiei também as árvores e, passando do lado de uma delas, bastante maravilhada, observei que havia uma amoreira espécie de trepadeira na árvore e mostrei o tamanho de suas folhas gigantes que deveriam medir cerca de um metro. Como eu subia de mãos dadas a duas crianças (não tenho certeza se eram de fato crianças), um dos homens do grupo perguntou se eu queria para fazer chá. Na verdade eu não queria, mas ele foi tão prestativo que, antes de eu responder, ele pegou uma folha para mim. Comentei que chá de folha de amora era bom para abaixar a pressão arterial e ele respondeu que era preciso ter cuidado para se medicar assim. Pensei em explicar que eu já tinha pressão baixa e não precisava de chá para tal finalidade, mas que tomava vários tipos de chás por gostar do sabor das ervas. Porém não foi possível explicar, pois ele estava subindo mais rápido e distanciou-se naturalmente chegando primeiro numa espécie de ampla casa rodeada de varandas. Sei que o sonho prosseguiu, mas as lembranças pararam por aqui.

LABORATÓRIO 2


  


carlotinha29
Bem, se eu pudesse lhe perguntaria: Quais lembranças lhe vêm à mente quando tinha 13 anos? Parece-me básico. Se pergunte, deixe sua Psyquê realizar o processamento e aguarde as memórias e associações. A mim, parece-me reprogramação mental a partir de algum momento, ou acontecimento chave ocorrido naquela idade. Por que reprogramação?  A psyquê realiza permanentemente um processo de atualização. Ela é dinâmica e a partir dos acontecimentos cotidianos do individuo, mudanças, intervenções, o desenvolvimento e formação de novas atitudes e respostas, a ampliação do repertório de respostas, a forma como o individuo se renova ao responder às exigências do meio, definem e redefinem um novo perfil de respostas para o individuo, oferecidos pela estrutura psíquica.
Veja, um exemplo para favorecer a compreensão: Se uma pessoa tem medo de barata, ao se deparar com este tipo de inseto, seu corpo pode ter um repertório de respostas defensivas prontas para serem usadas:
·         Colocar a mão na cabeça e sair correndo e gritando;
·         Subir no primeiro móvel por perto;
·         Fechar os olhos e gritar desesperada e batendo os pés no chão;
·         Entrar em pânico;
·         Etc.
Para isso o corpo precisa acionar seus mecanismos de resposta e alarme: liberação de adrenalina, aceleração de batimentos cardíacos, ativação e aceleração da resposta respiratória, etc. Se isso não ocorrer o individuo simplesmente entra em pânico e fica paralisado, o que pode ser traumático para o organismo. Uma resposta desesperada pode ser melhor do que nenhuma ação (às vezes a melhor resposta é a Não Ação, o estímulo não altera a função mental ou orgânica, o individuo mantém o corpo em equilíbrio).
Uma reprogramação mental que se faz nos processos de atualização modifica esse comportamento a partir de uma mudança de prontidão mental e de fortalecimento do sistema neurológico. Aumenta-se o limiar de resistência ao estímulo, aumenta-se o repertório de respostas possíveis ao estímulo. Neste caso, o estímulo perde o poder e a força, que projetamos nele, para reagir ao acontecimento. Uma bomba é muita encrenca para matar um inseto. Quando o indivíduo busca manter sob “controle” o mundo, constrói uma imaginária e ilusória relação, com o mundo, de controle e de estabilidade,  e ao se defrontar com um estímulo incontrolável, mesmo um simples inseto (pode voar e pousar no sujeito, no seu rosto, entrar na sua boca, se enfiar para se esconder dentro da roupa, etc.). Neste momento o sujeito perde o controle do meio e de si mesmo, projetando sua descompensação, seus medos e fantasias.
Mas se no dia a dia o sujeito aprende a responder ao meio a partir da avaliação dos cenários em que esta inserido, e não se utiliza de um repertório classificado para se relacionar com o mundo, ele desenvolve habilidades para avaliar, diagnosticar e responder da melhor forma ao que o cenário lhe exige. Isto eu chamo de viver o presente. A psyquê tenta manter o organismo o mais preparado possível para se proteger e por isso ele fica tão disponível a se atualizar, se refazer, se reprogramar.

Quando percebo esse processo no seu sonho? Quando o sonho lhe propõe a experiência de laboratório, pesquisa, desenvolvimento, avaliação, experimentos, ordenação, configuração, dados, processamento, observação, formação e desenvolvimento de um mental criterioso. Mesmo fora do laboratório você amplifica sua capacidade como observadora (o campo e as velhas árvores).
Há também reavaliação e mudanças de paradigmas, ampliação dos conceitos de intervenções e respostas corporais. Você parece uma jovem descobrindo o mundo, e não mais o jovem velho que pensa que “sabe tudo”.
O verde e largo espaço, o riacho e as velhas árvores, todos nesta situação, parecem-me imagens primordiais resgatadas para a dinâmica de restauração do equilíbrio psíquico, mental e físico. Mas lembre-se: o remédio pode ser bom mas quando a necessidade de medicação, tomar remédio sem necessidade é medicar-se incorretamente. Você precisa articular seu poder de intervir, superar a passividade, deixar ir acontecendo e sendo levado, superar essa justificativa, dizer NÃO! Colocar limites. Sem medo de desagradar e de perder o amor do “outro”. Caso contrário, você continuará tomando um remédio sem precisão, um remédio amargo, carregado de solicitude,,, mas amargurado.

MASCULINO


Carlot 30
Ah, Também lembro de sonhar que fazia uma reportagem entrevistando um homem na praia e todos olhavam para mim. Eu fiz a primeira pergunta e o homem começou a falar, não lembro sobre o quê, e ele falava tanto que me dispersei da reportagem olhando para os demais homens do local imaginando qual seria o próximo. Depois de um bom tempo sem nem prestar atenção no que o sujeito falava, o qual me desgostara por completo, fiz sinal de tempo para o homem da câmera e ele encerrou a gravação cortando a fala do homem, o qual ficou sem entender o que acontecera. Não sei se antes ou depois de tudo isso eu estava numa cidade diferente, mas parecia conhecê-la como se nela morasse. Eu peguei dinheiro com minha mãe para tomar ônibus e fui dar umas voltas em algumas lojas do centro. Eu continuava me vendo e me sentindo bem mais jovem. Aliás, eu nem parecia ser eu mesma em todos esses sonhos. Em verdade eu queria ir à casa de uma conhecida, mas não tinha o endereço dela e, sem ter como descobrir, fui apenas dar umas voltas. Estranhamente fui atraída para uma enorme loja de calçados, mas que vendia praticamente de tudo como se fosse um supermercado. Eu subi a escadaria e comecei a ver os cadernos, livros, cds, etc. me perguntando porquê tinha entrado naquela loja se não estava interessada de comprar absolutamente nada. Nisso escutei alguém me chamar e, por coincidência, era a amiga cujo endereço eu não tinha. Achei o acaso incrível e fiquei calada, pois se dissesse ela ia achar que eu descobrira seu local de trabalho. Somente então descobri que ela fora contratada por outra amiga cujo pai era dono daquela enorme loja, provavelmente uma das maiores da cidade. Pensei que poderia arrumar emprego ali também, mas logo em seguida não gostei da idéia.
Na seqüência essa minha amiga colocou
um montinho de palha numa das prateleiras e, disfarçando, disse para eu pegar a palha e segui-la. Sem entender para quê aquilo, eu fiz o que ela falou e pegando a palha segui-a até a rua. A outra amiga, filha do dono da loja, também saiu e ficamos do outro lado da rua, no que parecia ser um ponto de ônibus, conversando coisas que, por certo, eram sem importância, mas não lembro da conversa em si. Percebi que, pela amizade, o trabalho das duas não era rigoroso, pois elas podiam estar lá atendendo ou não na hora que quisessem. Talvez a palha fosse apenas uma espécie de sinalização, mas não cheguei a perguntar, pois ao sair da loja, joguei-a no jardim e ficou por isso mesmo. Depois saímos às três para ir a algum outro lugar que parecia uma feira de artesanato ou um mini-shopping, mas não lembro o resto, só lembro de estar preocupada uma vez que havia anoitecido e eu precisava avisar minha mãe que ainda ia demorar um tempo imprevisto para voltar. Pelo visto eu não tinha como avisá-la e isso me deixou atormentada, já que eu continuei preocupada tanto com minha mãe quanto por pensar que voltar sozinha para casa à noite era perigoso. Isso é o que lembro dessa noite.
 Será que tudo é apenas um amontoado de confusão mental ou possui algum significado?  

Não! Não é confusão! Sonhos podem parecer intransponíveis, mas os limites são nossos para compreendê-los. De maneira alguma o sonho relatado é um amontoado de confusão mental, como pensas. Ele tem uma sequência e passa uma ideia de um encontro que você tinha a intenção de realizar.
O fragmento inicial parece-me interessante, pois a imagem é de uma figura masculina que tem um discurso, e fala, fala, fala, fala, fala, fala, fala, fala, fala até você se cansar e dispensá-lo. Sua atenção não está voltada para a escuta que se fazia necessária, mas para o momento seguinte, para o próximo falante. Você não gosta, e se irrita, despreza, interrompe, finaliza. Provavelmente porque ele é a sua negação. Você não Fala o que precisa ser dito. E ele fala demais. É interessante porque essa é a habilidade que precisa ser desenvolvida e você vai encontrar no principio masculino, no princípio de realidade, na lógica, a força necessária para te impulsionar no movimento de resposta ao que a realidade lhe exige. Sintonize essa sua força Yang, para fazer seu movimento. É verdade que a fala exige certa agressividade, exige energia, coordenação, atenção, concentração, raciocínio lógico, abstrato, verbal, espacial, memória, domínio do presente para administrar o que pode ser dito e o que não deve ser dito, conteúdo (consequentemente muita leitura), etc. E tudo isso associado te permite o domínio do cenário, do tema, e do seu instrumental (corpo) para realizá-lo. Energia Yang. Em principio as mulheres são mais desenvolvidas no verbal, possuem mais fluidez verbal, falam mais. E essa é uma característica que você não aprova, já que a travou com sua criticidade. Mas possivelmente no seu intento masculino, no seu ANIMUS (sua alma masculina) você poderá encontrar essa força.
Para isso você precisará prestar atenção em si, no seu diálogo interno, se escutar para realizar a sua fala, para soltar sua voz.
“O verbo se fez carne e habitou entre nós”. O verbo é a palavra de Deus, é movimento ou vida da divindade. Todas as línguas residem no verbo, na palavra.
A palavra simboliza a manifestação da inteligência na linguagem. Ela é a verdade e a luz do ser.
Excluindo o fragmento inicial, a 2ª parte inicia-se no seu movimento de pegar um ônibus e acaba na mesma intenção de volta para casa. Você sai de casa e volta para casa. A imagem é bacana. É bom sair, mas melhor é voltar para  casa, sua vida, seu corpo, tomar posse do seu rumo, ir e vir. Você saí com intento, um propósito, sabe o que quer mas não sabe ONDE. Faltam-lhe informações. Você tem um propósito, mas não sabe como realizá-lo. E a vida lhe mostra que mesmo que não saibamos como, quando iniciamos nosso movimento, ela o realiza. Este é o milagre. Mas é necessário atenção aos rumos que você escolher, para deixar de ser "perdida".
 Dois detalhes: neste sonho parece-me que há repetição da imagem da loja grande de amiga em sonho do ano passado; Também ocorreu a imagem da palha, em sonho passado, a palha pega fogo. Não me foi possível voltar para rever sonhos.
Palha pode representar a cobertura, ou o poder inflamável, “dar uma palha” é dar uma canja, trabalhar um pouco, fumo ruim, fumo paia, fumo de xuxu, que não liga. De qualquer forma parece o contrário já que a palha podia ser o sinal para a saída do trabalho. Eu continuo sentindo que a sua severidade e a sua rigidez estão sendo confrontadas. Severidade de julgamento, medo de cobrança, dificuldade com a figura de autoridade, tensão, preocupação, angústia. Seu nível de tensão parece ainda significativamente elevado. Tem um uma questão aberta, um estar desconectado, sem foco, sem objetividade no seu intento. Ele existe mas precisa ser mais focado, objetivado.
            Bye.



sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

RISPIDEZ


  


Carlotinha 28
Essa noite tive um sonho que me deixou intrigada... Eu estava com minha irmã. Tudo parecia bem quando eu explodi em meus sentimentos e disse um monte de coisas para ela de uma maneira que só vivencio em sonhos mesmo. Não havia um assunto especifico sendo conversado, mas lembro de uma parte em que eu falava sobre a maneira dela fazer comida e dizia que não gostava do fato dela usar muitos produtos industrializados. Também sei que eu dizia isso de uma maneira muito grosseira e carregada de velhos sentimentos negativos. Eu não estava tecendo uma colcha de crítica, mas sim deixando muito claro todos os aspectos dela que me incomodavam e dos quais fazia eu desinteressar-me de sua pessoa. O interessante é que, fora do sonho, acho que nunca teria uma postura assim, até porque raramente tenho oportunidade de comer o que minha irmã cozinha e, por menos que eu goste, o mundo todo utiliza facilmente uma enorme variedade de produtos industrializados e, por bem ou mal, somos todos (inclusive eu) influenciados a esse consumo. Na continuação do sonho minha irmã ficou calada, ou seja, não se defendeu e nem reagiu. Foi como se ela assumisse minha postura de passividade e eu assumisse a postura dela de ser ativa e falar o que pensa e sente sem tolhimentos. Acabei ficando péssima pensando que não deveria ter dito nada (exatamente como minha irmã fica por ser impulsiva), mas ao mesmo tempo sabia que ser franca era positivo, pois não tinha que fazer de conta que gostava de coisas e situações provindas dela que de fato me desagradam. Pensei naquela frase ‘não atire pérolas aos porcos’, mas ela não se encaixava ao contexto, pois nitidamente minha irmã não apenas havia compreendido o que eu falara como se mostrava magoada com minhas palavras. Nessa inversão de papeis eu compreendi que ela sentiu-se exatamente como eu me sinto, ou seja, percebi que eu guardo magoa de muitas pessoas mesmo sem assumir para mim mesma que fico magoada com as pessoas que vivem falando comigo (ou sobre meu jeito de ser) de um modo grosseiro. Percebi que ela transpareceu tristeza pelo que eu dissera, mas assim como eu, tentou não demonstrar os seus sentimentos. Talvez sua mágoa demonstrasse o fato dela não estar pronta para a minha franqueza, mas a verdade é que, dentro do sonho, ela usou de uma passividade que eu não esperava. Fiquei realmente me sentindo mal por ter dito tanta coisa de forma tão pesada. No sonho eu parecia estar tendo a postura certa de deixar tudo a claro jogando as ‘cartas dobre a mesa’, mas ao mesmo tempo eu fiquei magoada comigo mesmo por ter sentido que magoara alguém. Mesmo tendo sido apenas um sonho, ele reflete muito de uma postura de sinceridade e espontaneidade que procuro ter e que, depois de tal sonho, mesmo que eu conseguisse ter tal postura com facilidade, demonstra que é preciso ter cautela e equilíbrio perante as palavras e diante de uma postura ativa de se comportar perante as desavenças ou antipatias das outras pessoas, sejam parentes próximos ou amigos distantes.
Porque no sonho eu assumi as características impulsivas de minha irmã de dizer o que pensa e sente de forma áspera e ela assumiu minha postura de nada retrucar e ressentir-se quieta?

RISPIDEZ 2

  
Carlot 28

Carlota eu gosto de ver sua reflexão, suas descobertas, este é o caminho... compreender, transformar, amadurecer. O caminho é árduo mas profundamente realizador e gratificante. Você esta certa é preciso ter cautela e equilíbrio perante as palavras e...cautela na postura ativa. As palavras podem ser profundamente, ferinas, ofensivas e violentas em situações que envolvem competição, diferenças e conflitos, elas em geral acabam sendo devastadoras. Toda a força agressiva é projetada no outro em forma de sons, e sons com formatos para destruir, dilacerar o “outro”. Eu percebo a agressividade como um produto defensivo, reativo e cumulativo, isto é, quanto mais você se utiliza desse mecanismo para relacionar-se, deste meio de defesa e ataque, desta maneira de se expressar-se, mais agressividade você será capaz de mobilizar. É como uma conquista, a cada vez maior será o poder de mobilizar essa força destrutiva. Mais força agressiva será acumulada e maior será sua capacidade, seu poder explosivo, sua tirania.
Ou seja, Caia fora desta fria. Não é por aí. A sociedade competitiva nos exige certa capacidade de mobilizar esse poder agressivo. O trânsito, por exemplo: se você não tiver essa disposição, o trânsito se fará assustador, você nem conseguirá circular dirigindo. Mas nem por isso você poderá sair por aí passando por cima dos outros, reagindo com seu cavalo de força, caso contrário acabará matando pessoas inocentes. A agressividade é uma força, um poder que precisa ser disciplinado a nosso favor, dominado e controlado dentro de certos limites do razoável e do aceitável.
No seu caso; Você reprime de maneira a se fazer passar por “boazinha”, e tem medo dessa força superar seu poder de controle. Ora, não há como engessar um vulcão. Uma hora a força reprimida, aprisionada é liberada e pode se manifestar de forma mais destrutiva. É preciso aprender a dosar esse veneno. Se for excessivo ele mata.  Somos recém-saídos das cavernas e ainda vivemos num mundo absolutamente selvagem, apesar de todo o verniz social conquistado.
Como dosar essa força? Primeiramente não a deixando se acumular; não promovendo “imputs” QUE PROMOVA O SEU CRESCIMENTO, que a  multiplique dentro de nós, canalizando-a para ações positivas e construtivas. Transformando e projetando esse poder de forma a promover e gerar retorno positivo.
Isto é um exercício excepcional. Quando você se diferencia do outro no seu processo de maturação, deixa de ser reativa ao que o “outro” faz. O “outro” deixa de mobilizar, a partir de suas ações, sua capacidade reativa, Ele não mais a atinge. Mas... se você estiver indiferenciada o espirro do outro fará cócegas no seu nariz, o drama alheio será devastador, o desequilíbrio do “outro” a sugará e a desequilibrará. Por isso o trabalho de aceitação do outro como ele é, é pré-requisito na diferenciação.
Eu acredito em “não ser omisso”. Em não permitir que o outro me bata na cara. Para quem se permite apanhar não sei dizer o que isso pode representar, cada realidade é uma. Muitos apanham e desenvolvem doenças fatais, muitos renunciam à vida se anulando, muitos viram santos, cada caso é um. A minha opção é não permitir que o outro “Me Bata”, isso não quer dizer que eu necessite bater, aprendi a manter o outro à uma certa distância para administrar minha força, e tenho trabalhado intensamente a compaixão que sinto pelo outro. A omissão promove a culpa no “outro” e resíduos reativos no sujeito. É fundamental avaliar a situação e responder ao que a realidade lhe exige. Para mim o caminho é o diálogo. Sempre o diálogo. Não permitir acumulo de ressentimentos e mágoas, amor próprio ofendido, orgulhos caprichos, vaidades essas misérias humanas que nos corroem como vermes.

O seu Sonho é claro, sua natureza é semelhante à natureza de sua irmã, sua irmã é você, e você sua irmã. Enquanto ela explode para fora, você explode para dentro. Ela faz mal ao “outro” destrói o “outro”, e você se destrói esperando que o outro se transforme. O bonzinho é tão mal quanto o mal, porque ele permite que o outro o destrua, ele se permite destruído para destruir o outro. O caminho pode ser não sendo ela e nem sendo o que você se tornou. Existe uma outra forma, um outro caminho, a firmeza, a autenticidade e isso não nasce como uma magia, é o resultado da transformação que processamos em nós. Manifeste-se. Experimente-se. Administre. Exercite-se.
O sonho é compensador mostrando-lhe suas semelhanças, e seus conflitos, sua capacidade de se colocar no lugar dela, seu julgamento e suas críticas, sua repressão seus desejos e suas identidades. Se ambas se assemelham, paradoxalmente se identificam, o crescimento não está no oposto mas na busca de transformação. Aprender a lidar com essa força e transformá-la a seu favor. 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

EU ELA NÓS I

  

Carlotinha 27

Olá... Tenho sonhado muito e, exatamente por isso, estou tendo dificuldade de lembrar o que sonho. Nessa noite eu sonhei muito com coisas de comer. Lembro que estava numa espécie de restaurante muito chique, ao que me parece, com um pessoal de uma excursão. Eu apenas comi enquanto todo o resto do pessoal (a maioria eram homens) não só comia como entrava na bebida. Num certo momento eles saíram do local e começaram a irem bêbados para a rua, na frente dos carros, enfim, pareciam almas penadas fazendo uma confusão no trânsito. Pensei em ajudar, mas eu era apenas uma para correr atrás de um bando de bêbados. Enquanto isso a organizadora que ia pagar todas as contas começou a recolher os cartões de consumo e fiquei arrependida de não ter comido uma sobremesa. Creio que eu não sabia com certeza que tudo ia ser pago e, uma vez sem condições de arcar uma grande despesa, já que tudo daquele lugar era muito caro, só fui constatar que eu poderia ter aproveitado mais da diversidade alimentícia quando já era um pouco tarde para tal. Pensei de pedir-lhe para me esperar pegar um doce, mas ela já ia ser a próxima da fila a ser atendida e fui obrigada a contentar-me com meu descontentamento. Pensava no quanto os outros haviam gastado com bebidas e, feito tola, eu não comera nem um pedaço de torta para rebater a refeição de sal.

Parece-me que neste sonho aparecem algumas características de seu comportamento ou dificuldades pessoais. Existe um limite onde você funciona dentro de “sua realidade” e um desejo reprimido para saciar seus desejos. Quando você toma pé da situação, não interfere com o vigor necessário e sofre as consequências de sua falta de ação. A falta de ação, aquilo que te bloqueia e reprime pode estar associada a ORGULHO, muitas vezes confundido com amor próprio, vergonha, timidez.
Considero o orgulho, amor próprio exagerado, como uma manifestação de um complexo autônomo que inflaciona sua auto estima, ou a compensa.
Veja: Se existe um complexo de inferioridade, que define a autoestima para menos, a psique se compensa inflacionando, ou produzindo mecanismos compensadores que reequilibram suas funções antes que o desequilíbrio promova uma devastação, uma descompensação. Uma das possibilidades é a formação de complexos autônomos que se fortalecem, como núcleos autônomos, passando a ter poder de interferir compensando estes estados de instabilidade e de frustração dos desejos que promovam conturbação. 
Muitas vezes estes mecanismos foram desenvolvidos por antepassados e potencialmente herdados, sendo ativados como mecanismos de defesa, a partir das relações estabelecidas pelo individuo  pelas exigências de realidade. Ou seja: se você teve pais orgulhosos, ou que não superaram este desafio, você herda a potencialidade de resposta, e se o cenário te pressiona você responde com seu arsenal codificado geneticamente, com suas possibilidades herdadas.
Reaparecem suas dificuldades de movimento, ação, dentro do seu cenário de realidade. O que define você ficar travada? Você não consegue ROMPER os limites que se impõe.
Eu conheço pessoas pró ativas que gritariam:
PAREM TUDO!
PAREM OS RELÓGIOS!
ME ESPEREM!
ESTOU COM FOME!
QUERO BOLO!  QUERO DOCE! QUERO MAMÁ!
OM CO TÔ!
MAMÃE ME SALVA! 
Este último eu coloquei para realçar o nível dramático da situação. Quero focar a sua dificuldade em romper a repressão que você se impõe. Seja para manter a imagem de pessoa adulta, amadurecida, perfeita, OU para esconder a sua criança, seus desejos. E aí acaba pagando o preço da frustração.
E ainda corre o risco de passar a imagem de oportunista, e o pior, de acabar se aceitando como aproveitadora. O reclame é que você não aproveitou a realidade favorável, perdeu a chance. Por quê? Estava focada no Outro? Estava dentro dos seus limites. Mas quando percebe a oportunidade o orgulho te impede de anunciar: ÊPA! Eu quero! Eu não podia comprar, mas se é amostra grátis eu quero! 0800? Eu quero! Vou ligar!
Você esconde dos outros sua realidade, não assume sua condição? É hora de mudar. Qual o problema de ser o que você é? De assumir sua condição, sua realidade? Desta forma você fortalece estes mecanismos que te afastam da realidade e fica suscetível à forças e pulsões poderosas do inconsciente. Nós podemos ser bem equilibrados, bem postados independente de nossa condição social. Mas independente da condição de classe social, a forma como lidamos com nossos limites definem nossa relação com o mundo e com a realidade, em todos os níveis: mental, afetivo, emocional, relacional, familiar. Portanto: O sonho parece dizer-te: rompa seus orgulhos e mostre seus desejos, suas carências. Antes que a repressão te leve para desvios do biótipo: Oportunista.Trabalha o conceito a humildade. Não ser simplória, mas parar de esconder na sombra dos orgulhos.

EU ELA NÓS II


 

  
Carlotinha 27
Depois disso eu estava num outro ambiente que não sei dizer se era um restaurante ou uma festa, mas sei que também tinha muitas comidas variadas e sobremesas, das quais eu já sabia que podia comer de tudo livremente, mesmo que algumas variedades houvessem de ser marcadas em meu cartão de consumo e despesa. O local era iluminado à meia-luz e estava achando-o um pouco escuro, tanto é que errei de mesa num determinado momento em que fui servir-me de algo. Lembro que depois eu fui servida com salada de frutas e creme de leite. No que fui buscar uma colher e voltei alguém houvera pegado minha porção e, irritada com a desorganização de tudo, fui servir-me pessoalmente na mesa donde eram organizadas as porções. Sei que o sonho estendeu-se enquanto eu permanecia nesse ambiente, mas não lembro quase nada. Parece-me que eu comia sozinha sem muito me entrosar com as pessoas, pois, de certa forma, eu não estava muito agradada daquele ambiente. No que me parece uma outra etapa do mesmo sonho, mas provavelmente num outro local, eu fui sentar-me na mesa com umas outras pessoas e um garçom foi trazendo um monte de quitandas enormes e entregando para a jovem que estava sentada do outro lado da mesa, a minha frente. Fiquei olhando o enorme pudim, a enorme rosca, etc. Como tudo estava sendo entregue diretamente a ela e o que ela fazia era colocar as entregas na mesa de modo desinteressado, eu perguntei-lhe se ia comer tudo aquilo e ela respondeu que não. Perguntei se ela ia levar para a viagem e ela também respondeu que não. Somente então perguntei se podia me servir das quitandas e ela respondeu que sim. Nisso outras pessoas se aproximaram e sentaram-se do meu lado. Eu não sabia se podia dar da quitanda que comia para tais pessoas e, embora preocupada de oferecê-las, não o fiz por vê-las comendo outras coisas. Havia muitas variedades de coisas de comer e todos pareciam estar comendo algo. Enquanto comia eu retirei os pedaços da quitanda que, não sei por qual motivo, havia colocado no colo, e coloquei sobre a mesa deixando explicito que a pessoa que estava do meu lado poderia pegar da minha porção se não lhe fosse permitido pegar da quitanda original. Logo em seqüência eu coloquei a cabeça no ombro dessa pessoa que se sentara do meu lado e falei algo que não me lembro. Não sei quem eram todas aquelas pessoas que já não eram as bêbadas que haviam ‘enchido a cara’ no primeiro sonho. Não sei se eu era intima delas, mas, ao mesmo tempo em que eu parecia estar à vontade com elas, eu também parecia estar vendo-as pela primeira vez.

Este segundo momento eu tomo consciência depois de ter escrito as observações iniciais. Esta sequência parece-me mais compensadora na satisfação de seus desejos orais, mas mais focada em sua dificuldade de estabelecer vínculos sociais.
Em princípio poderia fixar-me na Dinâmica Pessoal Psíquica: Indícios de desorganização, sombras, conflitos. Tudo dentro de certo “padrão” aceitável. Mas Há movimentos, busca e interação, integração. Contudo chama a atenção a fixação oral, a fixação no alimento, sinais de carência, ou composições gestálticas em aberto na configuração de personalidade. Isto é, sinais e imaturação afetiva, vinculação não resolvida em laços de afeto (possivelmente familiares devido a referencia oral).
Consideremos: O alimento é o sustento da vida, primordial na manutenção da vida. Mas o alimento não é só o objeto concreto, ele nos vincula com o mundo e estabelece o tipo de relação que teremos com este mundo, o tipo de troca que realizaremos com o meio. Mas aí surge o avanço, o sinal de mudança na dinâmica psíquica, a proximidade com a figura masculina, a troca ( superação do Ego-ismo infante).  O sinal de transformação e metamorfose do símbolo na aproximação afetiva: “eu coloquei a cabeça no ombro dessa pessoa que se sentara do meu lado e falei”. ...E FALEI! Parece pouco. Não o é. É mudança da dinâmica interna. A energia pessoal se volta para partilhar e para se aproximar. Aumento da segurança, da força pessoal. Do Poder e do Intento pessoal.

EU ELA NÓS III



Carlotinha 27
Depois disso eu estava noutro local e, estranhamente, havia uns copos cheios de alguma bebida (parecia café com leite) que estavam amarrados em linhas e uma mulher puxava essas linhas. Quando ela me disse para cuidar dos copos já era tarde e, um deles, aquele que ela tentava desembaraçar a linha para puxar, havia caído e quebradoFui limpar a sujeira do liquido misturado com os cacos e comecei a reclamar não lembro sobre o quê. Nisso ela me disse algumas coisas e só lembro da seguinte frase: ‘o que é seu está guardado. Espera que sua vez de ser extremamente feliz vai chegar’É bom deixar claro que eu vivo dizendo isso a mim mesma como um autoconsolo. Embora a fala dessa mulher pudesse ser interpretada de muitas formas, pela sua maneira de dizer eu percebi que ela estava sutilmente me dando uma ‘cantada’ como quem diz ‘não se preocupa com o que você não tem, pois se quiser eu me dou a você’. Achei a situação interessante e pensei que, mesmo não tendo interesse sexual ou atração física por uma mulher, seria divertido ser cortejada, desejada e cativada por umaPensei no quanto de situações inusitadas eu poderia viver saindo da regra fixa de um relacionamento homem-mulher. Não estava pensando no obvio das questões sexuais, mas sim em expansão de afetividade, em aprofundamento de sabedoria exclusivamente feminina, de sair do meu próprio padrão normal-natural de mulher e me sentir simplesmente um ser humano. Eu me senti atraída não pela mulher em si, mas por tudo o que o universo feminino poderia proporcionar-me além do meu próprio feminismo. Eu me senti além de uma divisão entre masculino e feminino, ou seja, eu me senti entre divisões infinitas de seres individuais e únicos que constituem sua sexualidade e personalidade própria. Parece que minha conversa com essa mulher se estendeu, mas não lembro o resto.
Noutra parte do sonho eu já estava com várias outras mulheres em um local que não sei definir o que era. Uma delas estava dançando e quando olhava para mim seus olhos brilhavam de forma quase sobrenatural. Era como se ela dançasse para todos, mas o fizesse especialmente para mim. Eu me sentia honrada com aquilo mesmo sem saber o que de tão especial eu tinha perante o universo feminino. Não era a mesma mulher do sonho do copo e, assim como em todos os sonhos, ela também parecia desconhecida e, ao mesmo tempo, conhecida. Sei que sonhei com mais um monte de coisas, mas as lembranças são muito confusas. O que tudo isso pode representar?

ela me disse algumas coisas e só lembro da seguinte frase: ‘o que é seu está guardado. Espera que sua vez de ser extremamente feliz vai chegar’É bom deixar claro que eu vivo dizendo isso a mim mesma como um autoconsolo. Vamos considerar: “ELA ME DISSE”,  “ela lhe disse”,  mas se você se diz isso em vigília, ela te repete. Se ela não é outra que não você. Quem te fala na vigília é você ou é ela? Ou no sonho ela é você? Ela te fala na vigília e no sonho, ou você se fala na vigília e no sonho? Se ela é você, e ela o é, ela é apenas um conteúdo autônomo, arquétipo, ou ela é apenas a representação de sua idealização, ou a personificação de seu desejo. Mas também pode ser sua alma feminina arquetípica que se manifesta no seu rearranjo.
De qualquer forma, o sonho é você, conteúdo autônomos ou psíquicos, de gênese ou produzidos por você. Mas eu penso: vejo no sonho, a mensagem é clara, como compensação ou não, "Sua hora de ser feliz chegará". Eu considero essa hora como o momento de configuração pessoal em que encontramos o conforto do equilíbrio na realização do pessoal. Agora o que você considera como felicidade? Se for encontrar uma paixão e viver como uma princesa feliz para sempre, então... cuidado! alerta! Porque sua felicidade pode ser a busca da pulsão emocional, a conturbação, a passionalidade.
Seu interior dá sinais de se abrir para experiências, buscas, vida, encontros. Mas não enfie a mão em cumbuca. A inteligência emocional não é mergulhar no desconhecido mas saber evitar quando o mergulhar é ardiloso.
Em principio fico com você quando não percebe envolvimento sexual nessas relações com o feminino, sinceramente considero pouco significante qualquer relação ou associação neste sentido. Mas vejo, como primordial importância, a reconciliação com sua natureza feminina. Já vimos em sonhos anteriores a dinâmica voltada para a reconciliação com o masculino e agora vemos sinais de reconciliação com sua natureza feminina. Sinais de que há reconstrução das linhas de sua conexão consigo, refazendo estima e conexão afetiva com o mundo.
Cacos a gente limpa, junta ou elimina-se. Bom mesmo é poder juntar os cacos de nossa vida para reconstruí-la em bases mais sólidas.
Ah! Passeí pelo www.aeternusfemininus.blogspot.com ele é voltado para essa eterna feminilidade.
Bye 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O PSICANALISTA NO DIVÃ 2




 
Hoje, no café da manhã  entre os temas conversados à mesa, falávamos dos sonhos do carnaval e um detalhe na leitura do sonho do Psicanalista me veio como reflexão para ser acrescido à leitura. Sonhos são assim, sempre podem ser enriquecedores na sua compreensão, leitura e entenddimento dos mecanismos da psiquê.

O Sonho do Psicanalista, se mostra especial por um detalhe: Eu possuo informações adicionais da história de vida do individuo e conheço alguns detalhes de sua trajetória nos últimos anos. No acompanhamento analítico é assim que se passa, o interprete tem informações pessoais do sonhador e avança na leitura considerando estes dados, ou pelo menos faz associações que favorecem a decifração, ou mantêm o olhar nas informações conhecidas para evitar intervenções desnecessárias ou fuga do foco do sonho. 

Apressados, críticos ou desconfiados podem acreditar que um leitor de sonhos não comprometido com a verdade, impreciso, sem o conhecimento necessário ou mal intencionado, pode se utilizar das informações, que possui, para basear sua leitura ou interpretação, correndo o risco de apresentar uma visão contaminada, equivocada, frágil ou tendenciosa.   Isto pode ocorrer, principalmente considerando variáveis tão importantes como descompromisso com a verdade, falta de conhecimento e imprecisão. Aí meu caro, ou minha cara, tudo é possível.

Em realidades que envolvem seriedade, compromisso com critérios e a busca de comprensão, respeito pelo "outro" entre outros requisitos, a probalidade disso ocorrer é mínima.

UM SONHO FALA POR SI MESMO.

E eu acrescento, pode parecer estranho, ele não carece de interpretação. ELE É. Precisa ser visto. Nós interpretamos porque estamos em busca de compreensão, decifração sem contaminação, e conexão com o universo. O sonho já oferece todas a informações necessárias para ser comprendido, desde a linguagem mais sofistica  à mais restrita em conteúdo e informações, independente de condições intelectuais. Sua linguagem é universal, é constituida principalmente de configurações em imagens e as imagens falam mais do que qualquer outro instrumento de comunicação.

No caso do sonho a que me refiro as informações me reafirmam o que o sonho ja fala. Eu posso enriquecer a mensagem com associações que reafirmam seu conteúdo. E as informações pessoais servirão para respaldar  o entendimento. Pode-se  pensar no contraditório: as informações definem a leitura. Mas as imagens são tão absurdamente claras que qualquer que fosse o sonhador a leitura não poderia ser alterada. Naturalmente um outro sonhador teria outros acontecimentos e outras variáveis definindo sua realidade ou o seu passado, mas esses são aspectos que aparecem específicos apenas para o individuo e só fazem sentido a ele. O conteúdo coletivo transpõe a singularidade do pessoal, se sobrepõe ao individual para trazer o indivíduo ao eixo do mundo, ao eixo de sua vida.

Os dados e as informações pessoais são facilitadores e favorecem à especificidade, mas na sua ausência, a força do coletivo não tira a profundidade necessária. Pode-se de forma geral ocorrer mais dúvidas, mais interrogações, e isto porque o alvo ainda é o pessoal e sua especificidade, mas neste caso o individuo saberá fazer as associações necessárias e entender melhor as mensagens.

Faço essas reflexões para aqueles que estão em busca de melhor compreender os mecanismos que precisam ser considerados na leitura de um sonho, para que não se fixem na definição da leitura a partir dos acontecimentos conhecidos do sonhador.